domingo, 6 de janeiro de 2019

Coleta Seletiva de Lixo – Necessidade ou Faz de Conta?


   

   Lixo, sempre ele na pauta. Mas afinal qual a origem da palavra lixo?
Lixo vem do latim – “lix” = cinza, lixívia pois nos tempos antigos a maior parte do “lixo” dos tempos antigos era proveniente da fuligem e cinzas provenientes das fogueiras utilizadas no aquecimento e no preparo das comidas.
     Com o passar dos séculos e incremento da Revolução Industrial a produção do lixo aumentou também exponencialmente e de forma assustadora.
     Mas afinal o que pode ser considerado lixo? Lixo normalmente é algo inservível ou imprestável, mas esses conceitos podem não ser tão concretos dependendo do ponto de vista. Até a poucas décadas atrás, tudo que não servia mais ao seu propósito inicial era considerado lixo e jogado fora.  Hoje com o advento da reutilização e reciclagem o conceito de lixo mudou para resíduo sólido e a finalidade desse resíduo passou a ter uma importância muito diferente.
     Os Resíduos Sólidos segundo a Lei 12.305/2010 são classificados conforme seus graus de contaminação e degradação. Dessa forma a grande maioria dos “lixos” pode e deve ser depositado em locais adequados e reutilizado ou reciclado. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) muitas doenças, a maioria delas, podem ter origem na contaminação do ser humano por “lixos” de todo tipo.


     O mau hábito do ser humano de se desfazer do que não lhe serve mais criou um hábito ainda mais detestável, que é o de deixar lixo por todos os lugares por onde passa. Aterros sanitários e lixões lotados já não comportam mais a perpetuação de descarte de resíduos de forma irresponsável. Apesar de legislações bem específicas e bem elaboradas, o Brasil continua historicamente a desrespeitar tudo que já existe em termos legais para respeitar o ambiente onde vivemos.  O mais recente exemplo foi dado a pouco mais de 3 anos, quando o então Governo Federal por ação completamente inescrupulosa da Presidente em exercício, extinguiu a data limite para que os municípios obedecessem a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
     A PNRS determinava inicialmente que até agosto de 2014 todos os municípios deveriam ter implementado suas políticas municipais de coleta, tratamento e destinação final dos lixos em geral.  Com a conivência de um Governo Federal ruim, até hoje apenas um pouco mais da metade dos 5.570 municípios brasileiros implementou suas políticas regionais para resolver o problema do lixo. Deixo aqui bem claro que muitas outras cidades de outros países também continuam a depositar lixo de qualquer maneira em qualquer lugar. Mas em contrapartida existem países que com políticas públicas técnicas bem elaboradas estão no caminho certo, chegando a até comprar lixo para reprocessa-lo e transformá-lo em nova matéria prima.


     A Coleta Seletiva dos Resíduos Sólidos tornou-se imperativa! Não é mais possível aceitar governos municipais lenientes e criminosos que não cumprem a legislação apenas porque não existe uma data limite para que as normativas sejam cumpridas. O lixo acumula-se em todo canto e não é mais aceitável a “convivência” com os rejeitos que produzimos sem critério. Mudanças nas formas de fabricar produtos e embalagens devem acontecer urgentemente. Essas embalagens, na sua maioria descartáveis, são as maiores fontes de lixo no planeta. A reutilização de embalagens acabou sendo sepultada pela comodidade e preguiça. Até a poucos anos bebidas como cervejas, refrigerantes e até vinhos e destilados em geral eram reutilizados. Hoje são todas jogadas no lixo.


     Fica então a pergunta: Por que não existe coleta seletiva de lixo na nossa cidade? E nas cidades vizinhas? Por que não se transforma esse “lixo” em dinheiro?  Por que a empresa contratada para recolher o lixo da nossa cidade não faz a Coleta Seletiva? Nada se fala mais sobre a Logística Reversa. Afinal, você amigo leitor, sabe o que isso significa? Pois bem, Logística Reversa nada mais é do que responsabilizar o fabricante/vendedor de um produto, receber de volta a embalagem e/ou produto inservível e dar a essa embalagem ou produto a destinação final adequada, seja reutilizando-a ou reciclando-a. Esse simples ato eliminaria a quase totalidade do lixo não orgânico produzido.


     A responsabilidade sobre a Coleta Seletiva de lixo nos municípios poderia ser compartilhada com as indústrias e transformada em uma fonte de recursos e aumentar a oferta de postos de trabalho. Dessa forma muitas pessoas que hoje exercem o desgastante e insalubre trabalho de “catadores” poderiam exercer funções mais dignas e com melhor remuneração. Mas infelizmente nenhuma cidade da nossa região ainda cumpre a Lei deixando de oferecer opções ambientalmente saudáveis a moradores e trabalhadores. Caminhos existem, leis também. Falta apenas vontade política. Enquanto isso vivemos num mundo de faz de conta onde a população apatetada perpetua suas agressões ambientais achando que esse problema é de responsabilidade exclusiva dos governantes. Exija um mundo melhor. Seja cidadão. Faça o certo.
    

    
    


terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Plástico – Aliado ou Vilão ?


    
Lixo recolhido em duas horas numa faixa de praia de 50 metros-Itajuba-Barra Velha-SC
     Depende: Para a Natureza é vilão. E para o ser humano?
Difícil pergunta a ser respondida. Volto ao tema motivado por uma sequência de ações que estão acontecendo por todo o planeta, em relação ao agora tão discutido: Sua Senhoria, o Plástico!!

     A poucos dias, a União Europeia (U. E.) anunciou que até 2021 quer banir e proibir a fabricação e comércio de produtos descartáveis produzidos com plástico. Nesse leque de produtos estão copos, pratinhos, talheres, canudos e embalagens em geral. É realmente uma atitude corajosa que com certeza irá produzir grandes mudanças de hábitos dos cidadãos daquele continente. Segundo a U. E.  esses produtos não reutilizáveis correspondem a 80% de todo o lixo encontrado nas praias. Também segundo a U. E. os países do bloco europeu gastam aproximadamente EUR 260 milhões (euros) por ano em razão da poluição das praias.


     A ONG norte americana Ocean Conservancy, numa recente pesquisa, mostra que existe mais de 150 milhões de toneladas de plástico estão flutuando por todos os oceanos pelo mundo. Nessa conta não estão incluídas as outras centenas de milhares de toneladas de plástico que já afundaram e estão depositados no fundo dos oceanos. Assustador é mesmo descobrir que após alguns anos de pesquisas realizadas pela ONG WWF, foi constatado que 90 % das aves marinhas tem fragmentos de plástico no estômago. Esse plástico todo é ingerido pelas aves quando devoram peixes já contaminados com o plástico ou acabam ingerindo o plástico flutuante no instante em que atacam os peixes e ingerem pequenas partículas adjacentes.
     Três quartos de todo o lixo existente sobre o planeta é composto de plástico, seja ele marinho ou terrestre. Isso acontece pela absoluta falta de capacidade que o plástico apresenta em se decompor. Enquanto outros tipos de lixo são absorvidos ou dissolvidos naturalmente, o plástico somente diminui de tamanho, tornando-se muitas vezes quase invisível a olho nu. Resumindo: O plástico não desaparece. Ele apenas passa desapercebido.

Quantidade de lixo plástico encontrado dentro de uma tartaruga
     Alguns países começam a tomar atitudes pró-ativas na tentativa de reduzir esse gravíssimo problema. Nos Estados Unidos diversos estados já proíbem o uso de sacolas plásticas ou canudos descartáveis. Na China as sacolas plásticas também já estão com a sua distribuição gratuita proibida. No Chile as sacolas plásticas também foram proibidas, bem como em algumas províncias do Canadá como Quebec e Montreal. Na África, mas especificamente no Quênia e África do Sul, a legislação é ainda mais dura, onde a produção e comercialização  de sacolinhas plásticas prevê multas de até U$ 40.000,00 (dólares) e em muitos casos quem não respeita a legislação pode sofrer penas de prisão de até 10 anos.
     O Brasil ainda engatinha na questão de determinar legislações específicas para redução de lixo plástico descartável. Em 2007 até foi apresentado um Projeto de Lei-612-A, que determinava a proibição do uso de sacolas plásticas produzidas com derivados de petróleo. Mas lamentavelmente, por pressões movidas pelas indústrias o PL 612-A não vingou e até hoje continuamos a poluir de forma irremediável nossos rios, lagos e oceano. Dessa forma se vê claramente que se não houver um engajamento total das indústrias, governos e populações, a temática da poluição dos mares e oceanos será pauta sempre atual e recorrente.

Micro-lixo plástico na orla de Santa Catarina
     Que o plástico é um produto extremamente versátil e útil, ninguém tem dúvida. Basta ver que apenas nesta Coluna do Jornal Folha Parati, já foi tema em diversas vezes. O que não acontece é o uso da tecnologia já existente, para a substituição de descartáveis plásticos por outro tipo de material biodegradável. Só para se ter ideia, os nossos tão conhecidos canudinhos não são tão modernos e atuais. Existem registros que no Egito antigo e na Suméria, já existiam canudos para beber cerveja. Feitos de bambu ou mesmo de ouro, eram usados por nobres para evitar ingerir resíduos da cerveja que ficavam depositados no fundo dos copos.
     O que assusta mesmo é saber que o ser humano está consumido plástico de uma forma silenciosa e desapercebida. Animais como vacas, porcos, aves e outros acabam ingerindo pequenas partículas que são absorvidas pelos organismos desses animais. Na sequência o humano ingere a carne que já está contaminada por micro-partículas plásticas e também acaba sendo contaminado. Carne, peixe e até mesmo a água que bebemos já possuem contaminação por plásticos.

Baleia encontrada morta na Indonésia
     Centenas de produtos que vão de pratos a cotonetes, ou de canudinhos a garrafas de refrigerantes podem e já tiveram outros materiais na sua composição.  Cartuchos plásticos utilizados para embalar desde arroz e feijão a açúcar e farinha acabaram sendo incorporados ao cotidiano de tal forma que esquecemos que após o seu uso eles são sumariamente descartados no lixo. Muitos acabam terminando dentro dos rios e mares, finalmente sendo ingeridos ou se prendem a aves, peixes e até a baleias e tubarões. A grande quantidade de cetáceos de grande porte que morrem diagnosticados por anemia só aumenta nas nossas praias. O plástico após sua ingestão não é decomposto pelos sistemas digestivos desses animais e produz a sensação de enchimento do estômago. Com isso não procuram mais alimento e morrem de inanição.
     Cabe apenas ao ser humano quebrar essa perversa cadeia de maus hábitos. Faça a sua parte. Consuma com consciência. A natureza agradece e você terá com certeza uma vida mais sudável.



Reurbanização, Certificações e Licenciamentos.

     
Orla da Praia Central de Barra Velha-SC em obras novamente
    Vivemos tempos modernos. Cada dia que passa aparecem novidades e novas metodologias tanto na área ambiental quanto na logística, administração e gestão pública. O que fica sem resposta concreta é se todas as ferramentas e conhecimentos à disposição estão sendo corretamente formatados e utilizados pelos administradores municipais.
     Não adianta ter muito conhecimento e este não ser aplicado de forma correta. Tomemos por exemplo a reurbanização. Em diversos municípios do litoral norte catarinense estão em andamento ou pelo menos já em estudos e planejamentos, projetos de reurbanização. De que forma serão, como acontecerão, quem será beneficiado, qual a duração e durabilidade das obras em andamento, são ainda apenas perguntas sem respostas. Projetos são fáceis de serem executados. Já programas de longo prazo, que sejam verdadeiramente efetivos, duradouros, que atendam as principais necessidades dos munícipes, mas principalmente que sejam transparentes e úteis, são bem mais raros de serem encontrados.


     A poucos meses o município de Balneário Piçarras abraçou o Programa Blue Flag (Bandeira Azul). É uma Certificação Internacional que deixa transparente a forma como uma praia, um município ou um conjunto de locais físicos, está sendo cuidada e mantida. Para receber essa Certificação os gestores municipais se comprometem em cumprir diversos protocolos de ajustes nas áreas se qualidade da água balneável, segurança, acessibilidade, equipamentos urbanos, serviços e gestão ambiental. Após a assinatura do protocolo de intenções, o município tem um prazo determinado para implementar o que foi acordado e com isso receber a tão desejada Bandeira Azul. Apenas 15 locais ou municípios brasileiros receberão a desejada Bandeira Azul na temporada de 2018/2019! (9 em Santa Catarina)

Balneário Piçarras adequando-se para receber a Certificação Bandeira Azul
     Que fique bem claro que a Certificação Bandeira Azul de Qualidade é anual. A cada novo ano ou temporada o município que deseja manter esse credenciamento positivo deve manter ou incorporar novas melhorias para que possa ser divulgado internacionalmente. Não cumpriu as exigências, perde a Certificação, simples assim! Essa é a diferença entre um Programa (longo prazo) e um Projeto (curto prazo). Projetos na maioria das vezes morrem após pouco tempo e poucos são idealizados como Programas.
     A maioria dos projetos em execução ou ainda em planejamento são temporários. Encaixam-se dentro do período cronológico de uma gestão municipal (4 anos). Quando mudam os gestores, são abandonados ou completamente desfigurados, na maioria das vezes apenas por questões pessoais ou políticas. Dessa forma gasta-se muito recurso público para primeiro construir e depois, destruir e reconstruir tudo diferente, apenas para inflar egos próprios e politicagens desnecessárias. Um recente exemplo: Reurbanização da orla do centro da cidade em Barra Velha.

Transtornos e gasto de recursos públicos em duplicidade.
     A pouco mais de 4 anos havia sido feito um projeto revitalizando esta orla. Agora a poucos dias começou o desmantelamento do que foi feito e novo projeto de revitalização está em andamento. Fica a pergunta: Será que o que está sendo construído agora será mantido por quanto tempo? Por que tudo que foi anteriormente projetado agora não é mais útil? Alguém já se perguntou se as obras estão sendo embasadas no Plano Diretor? Será se essas obras estão de acordo com o PMDU (Plano Municipal de Desenvolvimento Urbano? Será se as leis de ocupação do solo e da defesa Civil (Áreas de Risco) estão sendo levadas em consideração? Alguém já pensou que fazer essa reurbanização duas (02) vezes, custará duas (02) vezes mais aos cofres públicos (impostos pagos pelos munícipes)? Agora o mais importante: As alegadas necessidades da obra foram debatidas e compartilhadas com os munícipes de forma que todos pudessem opinar e tomar ciência do que será executado?

Obra refeita em pouco mais de dois anos.
      Fazer obras públicas que exijam certificações, licenciamentos, taxas e demais emolumentos, precisam ser imperativamente Programas de Longo Prazo. Precisam ser duráveis, corretas, coerentes e que atendam aos munícipes e visitantes por muitos anos de forma a não desperdiçar preciosos recursos financeiros. Só para citar essa obra em andamento em Barra Velha, soubemos que os então coqueiros plantados a preço de ouro a poucos anos, foram arrancados e serão substituídos por palmeiras. Palmeiras, coqueiros, tanto faz! Nenhuma dessas árvores é adequada ao local onde foram e serão replantadas. Servem apenas como decoração cosmética e nenhuma funcionalidade.

Orla de Balneário Piçarras-SC
      O desejo de cada munícipe de cada cidade é que seu local de moradia e lazer seja agradável, limpo e funcional, proporcionando boa qualidade de vida. O Programa Bandeira Azul ( www.bandeiraazul.org.br) é uma grande conquista para um município. Mas da mesma forma que é difícil sua conquista, também o é sua manutenção. Sinceramente torcemos para que Bal. Piçarras continue trilhando o caminho da boa gestão ambiental, e que não seja apenas maquiagem como se vê em diversos outros municípios vizinhos. Que Barra Velha, Penha, Araquari, Barra do Sul e demais inspirem-se nesse bom exemplo e comecem a trilhar o caminho da boa gestão urbana e ecológica. Até lá veremos apenas projetos imediatistas e pouco duráveis que servem apenas para desperdiçar recursos e inflar egos de administradores públicos momentâneos.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Licenciamento Ambiental Legalidade e Bom Senso no Cuidado Com o Meio-Ambiente


     
Área em recuperação situada a poucos metros de enorme loteamento sendo implantado com supressão de vegetação nativa
         Muito se fala sobre Licenciamento Ambiental. Virou moda e está na boca do povo debater a temática da legalidade em empreendimentos pois existe legislação pertinente sobre o tema. Hoje nenhuma edificação ou empreendimento imobiliário acontece sem que as normativas incluentes ou excludentes tenham alguma consideração antes de sua realização.
     Mas afinal o que é Licenciamento Ambiental? O Licenciamento Ambiental está previsto na Lei Federal 6938/1981 onde lê-se: a construção, instalação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental”.
Mas o Licenciamento Ambiental propriamente dito está especificado numa resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) onde no artigo 237 define como licenciamento ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.”

Incongruência! Placa pedindo atenção com a fauna enquanto um trator devasta a mata nativa
       Você acha que é só isso? Nada! Tem muito mais! Esse é apenas o artigo 1 sobre o tema. Ainda tem artigos sobre Licença Ambiental, Estudos Ambientais, Impacto Ambiental, Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI), Licença de Operação (LO), etc, etc.... e muitos mais artigos e normativas que deveriam em tese proteger o Meio Ambiente através dos órgãos ambientais municipais, estaduais e federal.  É aí que começa a suspeição! Excesso de leis, artigos e normas que poucos entendem e menos ainda conhecem. Os desvios interpretativos sempre acabam beneficiando algum interesse contrário ao bem-estar ambiental.
     Exemplificando: Quando um empreendedor quer implementar e investir seus recursos num loteamento qualquer, é claro que juntamente com as brechas legais irá solicitar licenças e licenciamento ambiental que contemplem suas vontades. Que fique claro que sempre quem sai perdendo é o Meio-Ambiente. As mais estapafúrdias desculpas e solicitações são anexadas a um processo empreendedor imobiliário ou industrial para que esse processo seja declarado legal e pertinente pelo órgão ambiental competente. Compensações ambientais, créditos de carbono, recuperação ambiental do entorno, criação de parques e praças entre outras promessas são as justificativas e compromissos ambientais assumidos de forma a garantir o investimento aplicado. Mas no fundo, nenhuma medida compensatória vai recompor ou recuperar o que foi destruído.

Trator derrubando Mata Atlântica em área de preservação ambiental na cidade de Barra Velha-SC
     E que fique bem claro: Licença Ambiental concedida não é uma carta em branco onde na forma da lei o tal empreendedor possa fazer qualquer coisa na área licenciada. Bem, ao menos isso é a teoria pois na prática o que vemos em quase todo empreendimento é o atropelamento e descumprimento de promessas, regras e leis vigentes.
     Dentro da Resolução 237 do CONAMA está também previsto que deve ser realizada Audiência Pública quando do empreendimento ser de grande impacto ou monta. O que regularmente é também desrespeitado são os Planos Diretores Municipais no que tange aos Licenciamentos e Licenças expedidas, nesse caso chegando a alterações do Plano Diretor de forma a beneficiar os investidores e empreendedores do ramo.
     Quem quer lucrar de forma desmedida sempre verá o Ambientalismo e Legislações Protetivas Ambientais como obstáculos a serem superados ou simplesmente ignorados. Mas a verdade não é bem assim. Os movimentos ambientais sérios buscam um equilíbrio entre as devastações ambientais e o desenvolvimento sustentável. Isso não interessa a quem quer ter lucros elevados e rápidos e então cria-se o conflito. O cuidado ambiental tem como prerrogativa a qualidade de vida e o respeito e interação de ser humano e natureza.

Foz do Rio Itajuba. Obra com enorme impacto ambiental que não respeitou normativas legais.
     Outro ponto a esclarecer é que na maioria das vezes o Estudo de Impacto Ambiental Local ou Regional é quase sempre esquecido. Vemos as consequências desses desrespeitos às leis e ao bom senso quando somos afetados pelos efeitos colaterais posteriores a implementação do empreendimento. Alterações no perfil e geografia costeira produzem retirada de material de praias e estuários, ocasionando erosões significativas. Retirada de matas, mangues e demais ecossistemas para construção de loteamentos leva a alterações irreversíveis na oferta de água dos rios bem como qualidade do ar. Extinção de fauna e flora são os impactos mais imediatos. Mas isso deixa de ser importante quando a palavra de ordem é construir loteamentos,casas e edifícios em locais inapropriados.
Segundo estudos do WWF (World Wild Found) cerca de 10.000 (dez mil) espécies vegetais ou animais são extintas a cada ano sobre nosso planeta. Estima-se que de 40 anos para cá, mais de 784 animais já foram extintos pelo homem no mundo. Os dados ainda revelam que outras 65 só sobrevivem em cativeiro e, portanto, estão ameaçadas. Se continuarmos a nos enganar com falsas legislações que apenas contemplem o ganho financeiro e a posse, em poucos anos iremos contemplar a natureza apenas em museus, laboratórios e estufas. Pense nisso. A natureza não é um bem infinito!!
    
Reserva de Mata Atlântica sendo derrubado para implantação de condomínio residencial-Barra Velha-SC


terça-feira, 25 de setembro de 2018

Eleições e o Meio-Ambiente


    

    
   Em pouco menos de um mês todo o Brasil estará novamente passando por um processo eleitoral. Isso se repete a cada 2 anos dependendo se o pleito abrange apenas o âmbito municipal, regional ou toda a esfera federal.
     Dessa vez o Brasil escolherá seus representantes mais amplos, digamos com maior envergadura no território nacional, já que escolheremos desde os deputados estaduais até a presidência da república. Mas fica sempre um questionamento; O que movem as paixões pela escolha desse ou daquele candidato a cargo eletivo?
     Nas campanhas eleitorais dos candidatos o foco invariável dos temas debatidos gira em torno da economia e da própria política. Temas que servem apenas para subverter ou apenas encher os ouvidos dos eleitores indecisos como saúde, educação, segurança não mais seduzem o cidadão. O povo já cansado de eternas promessas já desconfia quando um candidato promete melhores escolas, creches, hospitais ou outra coisa assemelhada.

Corredor Ecológico sobre rodovia
         Agora nesse bolo todo um tema tão importante quase passa desapercebido. O tema ambiental é um dos espinhos encravados nos pés e nas gargantas de muitos candidatos e dessa forma é deixado de lado pelas polêmicas que com certeza vai causar. Poucos políticos têm conhecimento de causa em tratar do tema de forma clara e direta. Isso acontece, pois, a temática ambiental muitas vezes se confunde com as questões econômicas onde quem defende o Meio Ambiente é tratado como guerrilheiro ou extremista que é contra o desenvolvimento.
     Afinal, o que se entende por desenvolvimento? O que é desenvolvimento sustentável. O que significa sustentabilidade? Na maior parte dos discursos pré-eleições usar essas palavras servem apenas como propaganda demonstrativa para mostrar um candidato preparado para seguir em alguma política pública ambiental. Mas na verdade pouquíssimos candidatos ou mesmo nenhum deles se apresenta preparado para lidar com segurança sobre o tema. As paixões repousam mesmo sobre a velha e desgastada política partidária e sobre as tão conhecidas e já ineficientes políticas econômicas que conhecemos a muitas décadas.


     Só para esclarecer: Sem um Meio-Ambiente adequado nenhuma outra política vai prosperar de forma adequada. Entenda-se que Meio-Ambiente não é referência a aquela floresta lá longe no meio do Pará ou do Amazonas. Meio-Ambiente é todo o espaço que o homem ocupa, seja na cidade, no campo ou na floresta. As inúmeras e relegadas políticas públicas ambientais da atualidade estão afetando a todos os cidadãos nas cidades. Problemas respiratórios, alergias, doenças do aparelho digestório e questões médico-clínicas em geral tem muitas de suas causas na questão ambiental mal administrada. Pouco se vê sobre manutenção de fontes de água limpas. O partido “ X” ou “ Y “ é importante pois quer eleger o “ João da Silva”, mas esse tal “João” só vê suas demandas partidárias.
     Temas ambientais são esquecidos nos debates transmitidos pelas TVs. Nenhum candidato pergunta ao seu oponente sobre quais serão suas propostas e projetos para diminuir a poluição dos rios e do ar. Promete-se emprego e renda e se esquece de prometer a vida! Meio ambiente saudável é economia na saúde, na infraestrutura e nos gastos desnecessários e caros de tentativas malsucedidas em fingimentos que preservem o meio-ambiente. Não é por acaso que países como a Noruega, Suécia e Dinamarca possuem um padrão de vida elevado com escolas e hospitais de alto nível, atrelados à preservação ambiental.

     O turismo, hotelaria, gastronomia, entre outros ramos são altamente impactados quando o meio-ambiente não está adequado. As pessoas precisam de saúde e tranquilidade e isso só se consegue em ambientes saudáveis. Deixar a temática ambiental em segundo plano é demonstrar total despreparo para qualquer agente político. A destruição de ecossistemas leva a uma queda drástica na tão desejada qualidade de vida. Não é por acaso que em feriados, férias ou apenas finais de semana os destinos mais procurados por moradores das cidades sejam áreas com natureza e belezas naturais. O desenvolvimento pode e deve estar avançando junto com a manutenção e preservação ambiental.


     Se para as próximas eleições o seu candidato preferido ainda não apresentou nenhuma proposta que privilegie o Meio-Ambiente, ainda há tempo para você escolher outro candidato ou então pelo menos cobrar e exigir dele novas posturas ambientalmente corretas. Nós todos queremos um mundo melhor, seja para trabalhar e construir nossos sonhos, ou seja, para apenas viver a vida de forma saudável e contemplativa. Faça a sua parte agora! Escolha com sabedoria! Escolha alguém que cuide junto com você do nosso planeta!



terça-feira, 11 de setembro de 2018

Replantando Vida – Por Uma Cidade Melhor


     
Mudas de árvores nativas da Mata Atlântica sendo replantadas
     O tempo passa e o ser humano busca a cada dia mais espaços para ocupar. A densidade populacional aliada ao desejo de transformar a necessidade de moradias em negócio lucrativo as vezes cobra um preço alto demais.
     Muitas áreas urbanas já degradadas anteriormente são deixadas de lado por motivos que vão do pouco interesse paisagístico ou apenas pela preguiça e desinteresse. Nesse meio tempo a população busca de forma desenfreada um local para construir sua moradia. Mas na maior parte das vezes o local escolhido não é próprio para ser habitado nem mesmo legal e desobedece a legislação vigente. Áreas de encosta, perto do mar, ao lado do rio, numa baixada, todos locais impróprios ou de risco que acabam sendo ocupados seja pela ignorância ou seja pela cobiça. De qualquer forma locais errados a serem urbanizados e utilizados.
     A poucos anos uma região linear limítrofe ao Rio Itajuba no bairro de mesmo nome foi indevidamente ocupado por pessoas que se acharam no direito de invadir as margens do rio para construírem suas casas. Sem pagamento de impostos, sem infraestrutura e sem cumprimento às leis de zoneamento e ocupação, foram removidas por ação legal após denúncia encaminhada ao Ministério Público. Mas de forma criminosa já haviam danificado o locar com a completa supressão de mata ciliar e árvores nativas que protegiam o curso d'água.

Escola, alunos e comunidade envolvida
     Agora com a iniciativa da Escola Básica Municipal Manoel Antônio de Freitas, através de projeto ambiental desenvolvido para a Conferência Juvenil do Meio Ambiente e apoio da ONG Viagem Família, foi elaborado um replantio e reflorestamento de parte da área degradada. Sob a coordenação dos professores Marianne Kollarz Junghans e Alessandro Fiorin Konageski e apoio de alunos, professores e comunidade foram plantadas dezenas de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica e algumas doações da comunidade. Entre algumas das espécies plantadas cito a Aroiera (Schinus lentiscifolius), Araçá (Psidium cattleyanum), Pitanga (Eugenia uniflora), Urucum ( Bisca orellana), Caroba ( Jacaranda cuspidifolia), Pata-de-Vaca ( Bouhinia forficata), Guanandi ou Jacareúba ( Calophyllum brasiliensis) e até belos exemplares de Plátanos entre outras espécies. Logo mais uma ação de florestamento será executada. Aguardando apenas a roçada da área e recebimento das novas mudas.


     O fato de que o Projeto Replantando Vida, desenvolvido pela Escola Manoel Antônio de Freitas e oficialmente apresentado pela aluna Stela Isoppo Padilha como Delegada Juvenil do Meio Ambiente ter sido escolhido para representar o estado de Santa Catarina na Conferência Nacional já demonstra a sua importância. O estado e o país necessitam com urgência de ações emergenciais de recuperação ambiental. A retirada de cobertura vegetal original, a supressão de matas ciliares, o corte indiscriminado de árvores, a devastação dos biomas naturais substituídos por pastagens ou plantações e o desrespeito às leis ambientais está colocando o Brasil na lista dos países menos zelosos com seu meio-ambiente no mundo.


     Na nossa cidade de Barra Velha vemos inclusive órgãos da Prefeitura Municipal cortando árvores com a suposta anuência do órgão ambiental municipal. Não existe nenhum projeto municipal de reflorestamento urbano com mata nativa ou pomares. Os únicos projetos de reflorestamento existentes nos arredores contemplam apenas espécies exóticas como Pinus e Eucaliptus, conhecidos como desertos verdes!
     A urgente necessidade de uma cidade manter e aumentar sua cobertura vegetal nativa é primordial para privilegiar a qualidade de vida. ´Pesquisas indicam que uma árvore nativa de médio porte com aproximadamente 10 a 12 anos substitui o uso de um aparelho de ar condicionado na tarefa de refrescar o ar. Isso ainda não levando em consideração a economia de energia elétrica quando se substitui um ar condicionado por uma árvore. A sobra que ela proporciona, bem como eventuais frutos é mais uma vantagem agregada ao plantio de árvores em áreas urbanas.

Área degradada sendo recuperada
     A expansão urbanística descontrolada que deixa de lado áreas verdes que possibilitem sombras, ar puro e aumentando a oferta de água no subsolo tem se tornado um mau hábito das administrações públicas em geral.  Barra Velha não é diferente e em nome de uma suposta melhoria de vida, regiões frondosas com árvores têm sido sistematicamente devastadas para a construção civil.  Os resultados são calamitosos pois além de menos árvores para purificar o solo e o ar, ainda sobra esgoto que é lançado nos rios e afluentes que passaram a ser chamados de valetas!
     Toda e qualquer ação que priorize a verdadeira qualidade de vida e a preservação ambiental sempre será citada e elogiada publicamente.
     Parabéns a Escola Básica Municipal Manoel Antônio de Freitas, sua diretora, seus professores, alunos e todos os demais envolvidos nesse belo projeto ambiental, do qual também fazemos parte.  Agradecimentos a Epagri-Ricardo Grejianin pelo apoio técnico e ao meu xará Marcos Stein (47-98422-6058) pela doação do adubo orgânico que usamos no plantio das árvores. Que cada escola ou instituição ou pessoa faça igual ou melhor, e com certeza terá seu nome e ação divulgado e elogiado. Replantando Vida – Por Um Mundo Melhor!
    
Turma do bem Replantando Vida!

    

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Oceanos Sem Plásticos – Limpeza da Praia da Península em Barra Velha


     
     Desde que existe sobre a face da Terra, milênios atrás, o bicho homem criou alguns hábitos e costumes. Alimentar-se, vestir-se, proteger-se, construir um abrigo para se proteger das intempéries entre outros. Muitos indispensáveis a sua sobrevivência. Outros não tanto. Outros costumes mesmo não indispensáveis ou até mesmo desnecessários e perniciosos também foram fazendo parte da rotina diária do ser humano.
     A tecnologia, o conhecimento e inovação, criação e invenção de novos produtos e materiais de uso corriqueiro por melhor que fossem as intenções iniciais acabaram por produzir subprodutos indesejáveis. O uso e descarte de produtos gastos, feios, sem utilidade também virou um hábito entre a humanidade. E agora? O que fazer com tudo isso que não queremos mais, não nos serve ou apenas é sem utilidade? Vamos jogar tudo fora!


     Sim jogar fora. Onde? Sei lá, na valeta do outro lado da rua. No terreno abandonado logo ali na esquina. No lixo mesmo. Mais fácil jogar dentro do rio, já que a água vai levar embora onde eu não vejo mais né!! Quanta estupidez! Pesquisas mostram que qualquer pequeno pedaço de lixo como um copinho plástico ou uma bituca de cigarro, leva poucos dias para alcançar o mar. Sim, aquele papel de bala que o motorista (mautorista) arremessa para fora do seu carro quando viaja ou passeia pela cidade onde mora logo acabará dentro do oceano, levado pelas chuvas e ventos.
     Nossos oceanos já se transformaram em uma imensa lata de lixo que a cada dia fica mais cheia. O sintoma: Cada vez mais lixo aparece na costa e orla marinha. Mas esse lixo não é o mais grave. As pesquisas feitas pela ONG-Ocean Conservancy mostram que apenas 10 a 15 % do lixo aparece nas praias. Todo o resto afunda e fica dentro do mar, poluindo e destruindo irremediavelmente o ecossistema marinho que é muito frágil. De nada adianta a nefasta ideia de “esconder” o lixo jogando ele dentro da água. Ele vai continuar lá e de tempos em tempos o próprio oceano regurgita todo o lixo humano de volta para a terra!


     A poucos dias aconteceu mais uma ação ambiental cidadã promovida pela organização autointitulada Boca House. É um grupo de pessoas entre surfistas, ambientalistas e amigos que junto com a comunidade interessada promoveu mais uma limpeza de praia. Nesta ação que aconteceu na Praia da Península perto da foz do Rio Itapocu em Barra Velha, foi feito um mutirão de limpeza da orla (praia e vegetação de restinga) com vistas a quantificar e qualificar o lixo ali depositado. Pouco mais de 75 pessoas participaram da ação num espaço de aproximadamente 300 metros de praia a partir do molhe sul da foz do Rio Itapocu.
     Durante um curto período (duas horas) esses voluntários recolheram 25.787 itens de lixo em geral, com um volume de aproximadamente 45 sacos de lixo de 100 litros somados a outros itens volumosos avulsos.


     Outros itens coletados como 2 televisores, 5 embalagens de óleo lubrificante, 25 resíduos hospitalares e de saúde, 2 baterias, 2 embalagens de agrotóxicos e muitas lâmpadas incandescentes também foram alvo dessa coleta. O valor expressivo de itens recolhidos, mais de 25 mil ficou a cargo de pequenos plásticos como tampas de garrafas descartáveis, bitucas de cigarro (novamente elas), sapatos, chinelos, palitos de pirulitos, garrafas PET, infindáveis pedaços de isopor e plásticos em geral. Triste é mesmo saber que apenas uma pequena parcela desse lixo foi recolhida pois sob a areia e dentro do mar a quantidade a ser retirada seria impossível.
     Fica a pergunta: Limpamos a praia? Difícil responder. Milhares de microplásticos lá ficaram. Então porque fazer esse tipo de atitude? De forma a mobilizar e fazer uma mudança comportamental do ser humano.
     Fica claro que existem pessoas que estão interessadas em viver em um mundo melhor, enquanto a maioria prefere viver dentro do lixo mesmo! Outros posicionamentos também ficaram claros. A falta de envolvimento e compromisso ambiental dos órgãos governamentais municipais bem como a incapacidade da empresa concessionária da coleta de lixo em gerir o passivo ambiental recolhido. Soubemos pelos próprios garis da empresa Recicle (que nada recicla) que todo o lixo por nós recolhido e por eles transportado iria terminar sendo depositado no aterro sanitário da cidade de Brusque. (isso que todo lixo recolhido era reciclável e estava separado)


     Nota 10 para a Associação Boca House e seus participantes entre eles o Marcos, Paulo, Hermes (Gordo) Lino, Ezequiel e tantos outros impossíveis de serem citados. Nota 10 para os voluntários cidadãos que participaram nessa ação por um Oceano Sem Lixo, praia limpa e cidade limpa! Nota 0 (zero) para a Fundema de Barra Velha que nem se dignou a ajudar como apoiador e nem apareceu. (nota 10 para a Gabriela que apareceu como voluntária) Nota 1 (um) para a Recicle que só transporta o lixo recebe muito bem por isso e nada mais!
Continuaremos sempre por um mundo com menos lixo. Faça a sua parte!