quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Microplástico – O “ Lixo Invisível”.

Ave marinha encontrada morta pela ingestão de plásticos.
Em dois recentes eventos ambientais nos quais me fiz presente recentemente, uma vez mais foram temáticos os assuntos debatidos. No primeiro; o 1° Fórum Mundial da Água – Etapa Sul Brasileira realizado no município de Balneário Camboriu onde debatemos sobre a problemática da gestão das águas sobre o planeta. No segundo; 1° Encontro Sobre Lixo Oceânico no Atlântico Sul realizado no município de Itajaí sob a atualíssima temática do incremento de resíduos lançados nos mares e oceanos.
O que ficou evidente nesses encontros frequentados por acadêmicos, ONGs, cientistas e público interessado foi a repetição de um tema que tanto incomoda. O lixo. Sim, o lixo virou sorrateiramente a “estrela” indesejada das conversas e debates. Para depurar ainda mais um pouco a temática chega-se ao protagonismo dos plásticos como ator principal nessa trágica peça teatral chamada Poluição. Logo ele, o plástico que tantos benefícios e aplicações úteis nos oferece, passa a ocupar o lugar de vilão sem deixar de ser o “mocinho” nas nossas indústrias, casas e nas necessidades diárias.


     Vivemos numa sociedade de consumismo descartável praticamente todo movido a plásticos. Alimentos, vestuário, bebidas, remédios, móveis e até automóveis e aviões. Tudo embalado ou acondicionado ou mesmo fabricado de plástico. O plástico é um material orgânico polimétrico sintético na forma macromolecular (molécula grande). É orgânico pois sua matéria prima principal provém do petróleo que em resumo nada mais é do que matéria orgânica decomposta submetida a milênios de processos que lhe deram a formatação,  composição e aparência como conhecemos hoje.
Desde 1909, data da invenção do baquelite (tipo de plástico duro e pouco maleável) ou 1930 quando foi criado o Nylon ou poliamida, a cada dia descobrem-se mais utilidades e formatações com o uso de plásticos no mundo. O problema é que quanto mais se produzem plásticos, mais resíduos desses mesmos são também incrementados. Estima-se que a durabilidade de um plástico fique em torno de 450 a 600 anos quando largados na natureza. A exposição dos plásticos aos raios UVA e UVB do sol degradam os plásticos mas não os eliminam completamente.  Eles vão se desgastando e degradando lentamente até voltarem a sua forma original, que são pequenas bolinhas chamadas pellets. Esse é o chamado plástico invisível!


Vejam com atenção as pequenas "bolinhas" (pellets) de plástico


Só que não é invisível. Basta olhar com atenção nas bordas de areia das praias que esses pequenos pellets lá estão aos milhões. Quase despercebidos dos humanos e também aos animais marinhos, passam a serem ingeridos por aves, peixes, crustáceos, tartarugas e mesmo mamíferos como focas, leões marinhos, golfinhos e baleias, que sem saber acreditam tratar-se de algum tipo de alimento. Segundo a ONG Biodiversidade, cerca de 100 milhões de animais morrem anualmente pela ingestão de plásticos. Ainda não se sabe qual é o grau de intoxicação dos animais como peixes que servem de alimento para o ser humano. Sabe-se apenas que parte de alguns plásticos que são digeridos por animais marinhos é depositado na carne desses animais que posteriormente serão consumidos por humanos.
Da mesma forma, existe a ingestão de micro-plásticos por galináceos, porcos e gado em geral, mas os resultados da acumulação dos microscópicos resíduos nesses animais ainda é objeto de intensas pesquisas em diversas partes do mundo. O que se tem de certeza é que todos, humanos, animais e vegetais sofrem de forma silenciosa algum efeito pela exposição e ingestão de micropartículas plásticas provenientes de detergentes, desodorantes, produtos de limpeza e higiene em geral, sem levar em conta da ingestão concomitante com os alimentos diários.



Mais que alarmismos, a realidade e gravidade da contaminação dos solos e águas do planeta por plásticos são infinitamente maiores e de maior complexidade do que a contaminação por esgotamentos sanitários ou por matérias orgânicas. O que ocorre é a contaminação sorrateira e despercebida que o microplástico produz, principalmente pela sua aparente inocência e completa ausência de cheiro ou sabor conferindo a esse perigoso contaminante uma letalidade silenciosa mas muito contundente.
Então com todo o problema apresentado afinal existem soluções? Como poderemos viver sem o plástico? Num mundo tecnológico atual seria muito difícil abdicar do uso do plástico, mas podemos tomar algumas atitudes muito fáceis no dia-a-dia.  REDUZIR o consumismo e desperdício é uma das primeiras atitudes a serem tomadas. Escolher produtos com embalagens retornáveis. Comprar e utilizar plásticos polimétricos de melhor qualidade que possam ser reutilizados ou indefinidamente reciclados. Nunca jogar fora plásticos nas ruas, rios ou oceanos! Separar e encaminhar para a correta reciclagem é sinal de sabedoria e respeito. Não existe “jogar fora” do nosso planeta! Qualquer resíduo que você acha que jogou fora vai continuar aqui mesmo sobre o planeta terra.
Seja esperto, respeite o meio ambiente e NÃO SUJE O NOSSO PLANETA!



Assista no You Tube o vídeo que produzimos na cidade de Barra Velha-Santa Catarina-Brasil   Microplástico “ O Lixo Invisível”.
https://www.youtube.com/watch?v=JebkpAaeLcI

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Baleias em Santa Catarina

Baleia Jubarte
Estamos saindo da estação mais fria do ano na região sul do Brasil. Nessa época as águas do Oceano Atlântico Sul estão com sua temperatura mais baixa o que provoca marés irregulares e elevadas. A elevação e alteração no perfil e gabarito das marés também são influenciados pelos ventos mais intensos nessa época, tudo motivado pelo esfriamento e consequente aquecimento posterior das imensas massas de água que banham a costa brasileira.
Essa alteração térmica das águas tem um interessante efeito colateral que é o aparecimento de baleias perto da costa e muitas vezes bem próximo a linha de arrebentação nas praias.  Na região compreendida entre o estado do Rio Grande do Sul até o sul da Bahia durante os meses de julho a novembro é bastante comum avistar cetáceos (baleias) em baías e estuários. Baleias NÃO SÃO peixes mas sim mamíferos sendo que os filhotes chegam a consumir aproximadamente de 200 até 400 litros de leite por dia, conforme a espécie.
São quatro os tipos de cetáceos que visitam a costa sul brasileira;  as baleias Franca (Eubalaena australis),  a baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae), a Baleia de Bryde (Balaenoptera brydei) e finalmente a Baleia Minke (Balaenoptera acutorostrata).  A Baleia Franca é avistada sempre mais na região costeira sul do Brasil até o estado do Paraná. A Baleia Jubarte pode ocorrer até o estado da Bahia. Essas duas primeiras fazem seus deslocamentos vindas da Antártida com o objetivo principal de reprodução e crescimento dos filhotes em águas com temperaturas mais amenas.  Já as baleias de Bryde e Minke ocorrem em águas mais próximas a linha do Equador podendo deslocar-se mais ao sul chegando aos estados do sul do Brasil mas com menor intensidade.

Baleia Franca
A Baleia Franca mais comum ao sul tem aproximadamente 15 m de comprimento quando adultas e 4 m de comprimento dos filhotes menores. O peso adulto pode variar de 50 a 80 toneladas com expectativa de vida ao redor dos 70 anos. Alimenta-se basicamente de Krill (pequenos camarões) e para identificá-la mais facilmente no oceano, ela não apresenta nadadeira dorsal (nas costas). Também apresenta calosidades na cabeça como se fossem verrugas o que permite a sua fácil identificação.
A Baleia Jubarte, tão famosa no Arquipélago de Abrolhos na Bahia, tem aproximadamente  15m de comprimento adulta e também 4 m quando filhote. Os espécimes adultos chegam a 30m toneladas com expectativa de vida ao redor dos 50 anos. Também alimenta-se de Krill e para identificá-la possui uma pequena nadadeira dorsal e grandes nadadeiras peitorais com comprimentos de 5 m podendo chegar a metade do comprimento do corpo.

Baleia Minke
A Baleia Minke, a menor das quatro, tem aproximadamente 7 m de comprimento adulta e 2,5 m quanto filhote. Os adultos pesam ao redor de 10 toneladas e vivem em torno de 45 anos. Alimentam-se de peixes e plâncton e são identificadas por uma mancha branca na parte superior das nadadeiras peitorais.
Por fim a Baleia de Bryde as mais raras de serem avistadas no sul do Brasil, tem mais ou menos 15 m de comprimento para as adultas e 3 m para os filhotes. Adultos pesam em torno de 16 toneladas e vivem aproximadamente 60 anos. Sua alimentação consiste em peixes de cardumes, plâncton e crustáceos em geral.  Diferente das anteriores que tem coloração mais acinzentada, a Bryde tem com mais azul e possui 3 pequenas quilhas ou nadadeiras na parte posterior da cabeça.

Baleia de Bryde
As baleias foram intensamente caçadas na costa brasileira a partir de 1602 data da expedição da primeira licença de caça às baleias no Brasil e em especial na região sul brasileira onde o comércio do óleo de baleia foi um importante produto de comércio com a Europa.  Eram abatidas aproximadamente 4 a 5 mil baleias por ano, principalmente fêmeas e filhotes. Claro que a matança indiscriminada praticamente acabou com as baleias na região, e em 1786 as capturas não chegaram a 1000 exemplares. Culminando que em 1819 foram mortas apenas 59, visto que com a morte das fêmeas e filhotes a reprodução era quase inexistente!

Baleia Jubarte fêmea em Itajuba 2012
Somente em 1923 o Brasil estabeleceu uma lei de regulação de captura das baleias, mas isso também pouco foi respeitado. Finalmente após décadas de pressão de ambientalistas e uma lei internacional de proibição da pesca dos cetáceos em 1986 o Brasil passou a ser oficialmente um país proibido para a captura de baleias. Atualmente poucos países ainda matam baleias, entre eles o Japão e a Noruega.
A poucos dias apareceram baleias Franca na costa de Barra Velha-SC tendo algumas sido avistadas bem perto das praias e com intensa divulgação nas redes sociais. Nossa recomendação é que o avistamento de baleias na forma embarcada seja feito sempre com muita segurança e cautela, pois apesar de serem muito dóceis estes mamíferos tem grande peso e envergadura, podendo causar acidentes em pequenas embarcações que se aproximem.  A aproximação natural das baleias das nossas praias é motivada principalmente para que os filhotes e as fêmeas possam descansar de sua longa viagem de mais de 5000 km desde a Antártida. Atualmente as baleias são uma bela atração turística principalmente na costa catarinense perto da região de Imbituba e Itapirubá mais ao sul do estado.




A alguns dias mais um exemplar da espécie Jubarte apareceu na costa de Barra Velha.
Encalhou na Praia da península ao norte da cidade onde permaneceu por dois dias até que diversas tentativas de resgate mostraram-se infrutíferas em devolvê-la ao mar. Até um rebocador oceânico foi deslocado do Porto de Imbituba na tentativa de puxá-la para alto mar. Assim mesmo ela retornou a praia no final de 4 dias e acabou morrendo.
Ainda não se sabe a real causa do óbito do cetáceo fato que ainda está sendo investigado por biólogos. Sabe-se de antemão que ela estava muito debilitada e com movimentação limitada da nadadeira ventral direita fato que impedia a sua correta flutuação e respiração. Pesquisadores realizaram a necrópsia e o exemplar será preservado no Museu Oceanográfico na cidade de Balneário Piçarras.


Desmembramento da baleia na Praia da Península-Barra Velha-SC

Vista da parte dianteira inferior invertida da Jubarte

Realizando a inspeção das entranhas do cetáceo
De qualquer forma ter baleias visitando a costa um bom sinal que as nossas águas oceânicas ainda preservam boa qualidade e permanece a esperança de que assim continue. Longa vida às baleias.

Cauda de Baleia Jubarte

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Defesa Civil Somos Todos Nós

Palestrando sobre a cidade onde moramos-Barra Velha-SC
A população mundial cresce a cada dia. Atualmente somos 7 bilhões e 600 milhões de pessoas vivendo sobre a superfície terrestre. Com o gradual incremento populacional é normal que espaços antes desocupados passem a ser habitados ou frequentados, seja para moradia ou apenas de forma temporária e pontual.
Da mesma forma que a população cresceu rapidamente no último século, também estima-se que essa população cresça rapidamente nos próximos anos e chegue ao ano de 2050 com uma estimativa de 10 bilhões de pessoas segundo a ONU.
Os eventos climáticos e meteorológicos também sempre existiram sobre o globo terrestre e apesar de termos a impressão de que a cada ano a quantidade de eventos e eventuais desastres ambientais aconteçam, isso pode não ser verdade. A essa impressão damos o nome de percepção. O que verdadeiramente aumentou muito nas últimas décadas foi a percepção de que eventos climáticos ambientais e meteorológicos acontecem com maior frequência e intensidade. A velocidade com que as informações trafegam hoje em dia é infinitamente superior a que acontecia a poucos anos atrás. Hoje com um simples ifone ou notebook podemos saber instantaneamente o que acontece no outro lado do mundo.  Essa velocidade nos permite uma percepção infinitas vezes maior dos eventuais perigos que nos rodeiam.
Essa percepção ou sensação de observar e conseguir antever alguma eventual ocorrência, emergência e até um desastre é a essência da autodefesa e da própria Defesa Civil. A Defesa Civil não é uma organização refratária ou isolada. A Defesa Civil somos todos nós. Não basta ter algumas pessoas altamente preparadas e treinadas enquanto o grosso da população não participa ou não se importa com o mundo que a rodeia. Numa eventualidade catastrófica, todos serão atingidos e quem foi mais preparado treinado e resiliente com certeza terá melhores condições de enfrentar e superar qualquer dificuldade.

Tipos de eventos que podem ocorrer em Barra Velha-SC
A resiliência é a capacidade que qualquer pessoa, entidade, cidade ou até mesmo país de se preparar enfrentar e se recuperar de qualquer ameaça ou desastre que possa atingi-la. Resiliência é a essência de uma Defesa Civil atuante e eficiente. Repito; Defesa Civil somos todos nós. Ter cidadãos habilitados e capacitados a atuarem nas mais diferentes frentes de enfrentamento a desastres é o segredo de possuir a capacidade inata de se recuperar rapidamente a qualquer emergência apresentada. Não é preciso que todos sejam especialistas ou mestres em alguma habilidade específica. Basta que uma população minimamente consciente e atuante nas suas responsabilidades faça sua parte participando e compartilhando conhecimentos. Achar que uma Defesa Civil eficiente seja um pequeno grupo de técnicos extremamente capacitados e treinados não vai evitar que uma catástrofe eminente atinja a todos de forma contundente ou até mesmo fatal.

Curso de formação de Gestores de Núcleos de Defesa Civil-Jaraguá do Sul-SC
O fato de que os eventos climáticos tem sua percepção aumentada aliada a desastres ou emergências causadas pelas ações humanas fazem com que as ações da Defesa Civil também aumentem. A ocupação desordenada em áreas de risco ou eminente desastre também tem motivado aumento nas ocorrências desastrosas por todo mundo. Infelizmente com a busca desenfreada por localizações de relevante beleza cênica para construção civil tem deixado de lado o bom senso e a segurança tão necessárias a boas práticas de resiliência, proteção e defesa civil. A Lei Federal n° 12.608/2012 é bem clara de sua importância e observância quando da elaboração ou readequação dos Planos Diretores municipais.
O que se vê na atualidade são os gestores públicos municipais deliberadamente deixando de lado a obrigação de contemplar projetos públicos com as mandatárias previstas na Lei da Defesa Civil, e privilegiando as questões financeiras ou políticas. As consequências futuras de empreendimentos que relevam as boas práticas de resiliência e proteção com certeza serão funestas ou no mínimo de grande prejuízo.


A pouco mais de duas semanas estive participando do II Seminário Regional de Defesa Civil e também do Curso de Formação de Gestores de NUPDECs (Núcleos de Proteção e Defesa Civil) ambos na cidade de Jaraguá do Sul, juntamente com o Diretor de Defesa Civil do município de Barra Velha, Elton Cunha e a assistente social Ana Maria Darife e a bombeira Rosângela Poleza. Qual o objetivo? Aprender, multiplicar e compartilhar os conhecimentos de forma a construirmos juntos uma sociedade mais resistente e mais preparada a enfrentar quaisquer eventualidades que possam surgir. Precisamos de uma vez por todas acabar com o pensamento de que a Defesa Civil serve para distribuir alimentos ou colchões após um desastre climatológico.  Segundo a própria UNISDR ( Estratégia Internacional de Redução de Desastres da ONU) a cada US$ 1,00 Dólar investido em prevenção, economiza-se US$ 7,00 Dólares em reconstrução ou reconstituição do cenário atingido.  Só para efeito de informação, o estado de Santa Catarina teve prejuízos na ordem de R$ 17,625 bilhões de reais entre os anos de 1995 a 2014, apenas com eventos destrutivos contabilizados pela Defesa Civil. É terceiro estado mais afetado no Brasil em relação a eventos e emergências atendidos pela Defesa Civil. Assim temos a certeza em afirmar que incentivar a Defesa Civil é investimento com garantia de retorno financeiro e social para todos.
Dessa forma fica claríssimo que a mudança de paradigmas e mentalidade tanto da sociedade civil quanto dos administradores públicos se faz de forma urgente, para que não continuemos a sofrer cada vez mais com situações de risco desnecessárias e que tantos transtornos trazem a todos nós.  “ A GENTE NÃO PODE MUDAR O PASSADO, MAS PODE PREVENIR O FUTURO”!


quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Praças, Parque, Reservas Naturais e outros...


Trilha para a Cachoeira do Farofa - Parque Nacional da Serra do Cipó-MG.
Tenho viajado muito pelo nosso Brasil e também exterior sempre focando nossas expedições em belezas naturais, cultura local e belezas cênicas preferencialmente moldadas pela natureza.
O que precisamos deixar bem claro em primeiro lugar é a busca pela natureza. Deixando o consumismo em segundo plano, o que leva pessoas a procurarem a natureza como destino de suas férias é a busca pela paz, simplicidade e segurança oferecida por destinos que não tenham grandes concentrações populacionais ou simplesmente o afastamento da rotina diária em centros urbanos.
Todas as vezes que viajamos seja para qualquer destino escolhido; cidade, campo, praia, montanha pode ter a certeza de que uma praça, um parque, uma reserva ambiental ou uma atração natural será sempre o alvo que miramos para conhecer. Sim conhecer, pois o conhecimento é infinito e já morreu quem acredita dominar qualquer pequeno nicho deste universo de informações.
Temos visto a grande maioria das cidades em muitos países e aqui mesmo no Brasil dando destaque para suas áreas verdes. Podem ser desde pequenas praças arborizadas a parques urbanos com maior dimensão chagando por fim a grandes reservas ambientais com concentrações significativas de vida natural vegetal e animal.  Cidades cosmopolitas como Nova York, Tóquio, Buenos Aires, Santiago, entre outras centenas de exemplos ganham destaque. Outras menores como Curitiba, Jaraguá do Sul privilegiam e presenteiam seus habitantes com vastas áreas verdes tão necessárias e acolhedoras ao lazer ou apenas a poucas horas de contemplação e descanso.

Parque Estadual do Biribiri - Diamantina - MG.

Placa informativa da RPPN-Caraça - MG.

Trilha do Parque Municipal do Japi - Jundiaí - SP
Parques Municipais, Estaduais e Nacionais pipocam por todos os cantos do nosso Brasil, apesar de políticas públicas ainda acanhadas e amadoras. São esses lugares que a cada dia ganham mais visitantes e atraem de todas as partes novos interessados em desfrutar a beleza e tranquilidade que áreas verdes e naturais proporcionam ao ser humano. A natureza é um verdadeiro ímã para atrair o homem em busca de sua essência. A cada dia mais pessoas motivam-se a proteger o meio-ambiente. Cada vez mais pessoas engajam-se e buscam melhorar sua qualidade de vida protegendo o que de mais belo temos a desfrutar, a natureza!
Em recente viagem ao norte do estado de Minas Gerais, tive o imenso prazer em conhecer o Parque Nacional da Serra do Cipó. Também a APA Reserva da Serra do Japi no município de Jundiaí, interior de São Paulo.  Também o Parque Estadual do Biribiri coladinho à mineira cidade histórica de Diamantina, rota final da centenária Estrada Real que ligava o litoral fluminense a região das famosas Minas Gerais.  Como deixar de mencionar o Parque Natural do Caraça na Serra do Espinhaço interior de Minas Gerais que já serviu de lugar de meditação dos padres vicentinos e acolhida e hospedagem dos Imperadores D. Pedro I e D Pedro II.  Todos esses parque e reservas ambientais valorizando e preservando seus rios, matas e formações naturais que de tão belas acabam por nos fazer esquecer de sua importância no equilíbrio da vida e da sobrevivência de nossa espécie.

Chegando a RPPN - Parque do Caraça - MG
Parque Nacional, Parque Estadual, RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural),  Estação Ecológica, APA (Área de Preservação Ambiental, APP (Área de Preservação Permanente) e as mais diversas nomenclaturas utilizadas para designar áreas e regiões protegidas são apenas nomes que na sua essência buscam mostrar a importância de sua existência. Sem a participação efetiva de uma sociedade consciente e atuante nada disso tem valor ou duração. Basta saber que em conversas com administradores dessas reservas descobrimos que a maioria delas iniciou com a mobilização da sociedade civil que pressionou o poder público para a implantação das unidades. Muitas continuam sendo administradas  como RPPNs e contam com a supervisão do ICMBio apenas como assessoria técnica e legal. Outras como Parques Nacionais sim são orientadas e mantidas pela União na sua determinação legal de ser responsável pelas UCs.




Qualquer cidade pode fazer a sua parte na criação e manutenção de uma UC (Unidade de Conservação). Basta boa vontade política e ter uma sociedade engajada.  Pesquisamos nos inúmeros parques e UCs que visitamos e descobrimos que o maior entrave para a criação e manutenção de uma área verde natural é a desinformação e falta de vontade política. Muitos administradores municipais e estaduais ainda não abriram os olhos e mentes sobre a verdadeira mina de ouro que é a preservação ambiental na forma de Unidades de Conservação. O turismo contemplativo, esportes de aventura, bem estar e saúde são apenas alguns benefícios promovidos pela existência de praças, parques e reservas naturais.  Até mesmo o incremento financeiro municipal acaba sendo alavancado com a instalação dessas unidades conservacionistas que acabam por atrair mais negócios sustentáveis na localidade.
A esperança que novas gerações de administradores públicos com consciência ambiental surjam num futuro próximo ainda é apenas uma esperança.  Enquanto o foco dos atuais é apenas financeiro e desenvolvimentista sem qualidade de vida e sem sustentabilidade,  poucas esperanças teremos num futuro melhor e mais promissor.

  
Parque da Cidade - Jundiaí- SP.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Tartarugas, Golfinhos e Outros Animais nas Nossas Praias

Tartaruga verde
A exatos 2 anos  escrevi aqui no meu blog o tema sobre a luta PINGUINS X REDES – Quem perde Nessa Parada? A resposta já sabemos.
Hoje volto ao tema, mas com o mesmo enfoque sobre a intensa mortandade de tartarugas e outros animais marinhos que estão aparecendo nas praias catarinenses.  Não é de hoje que manifesto minha indignação com o fato que de forma lamentável tem se tornado rotina. Basta caminhar qualquer dia a qualquer hora que se encontram diversos animais mortos nas areias das praias.
Até na semana passada ainda postei em redes sociais sobre o que tem acontecido e a grande repercussão levou-me a reflexão sobre a motivação dos acontecimentos. Entre as dezenas de manifestações favoráveis e de apoio, apareceram uma ou duas fazendo críticas ao meu posicionamento inclusive com ameaças, algumas veladas outras explícitas.  De antemão aviso que ameaças não me atingem nem afligem e apenas demonstram a truculência e o desrespeito às leis vigentes no nosso país. O que fica claro e concreto é que sim existem muitos profissionais da pesca que ainda acreditam que burlando a legislação e praticando crimes ambientais estarão levando alguma vantagem. Ledo engano; os maiores prejudicados no descumprimento legal ambiental são exatamente os profissionais que se acham espertos e se aproveitam da leniência e marasmo das autoridades ambientais.

Mais uma das inúmeras tartarugas encontradas mortas nas nossas praias.
 
Tartaruga encontrada com pedaços de rede e chumbos presos nas nadadeiras
Neste ano imensa quantidade de Tartarugas Verdes (Chelonia mydas) e de Tartarugas Comuns ou Cabeçudas ( Caretta caretta) tem aparecido mortas com ferimentos nas nadadeiras. Não é especulação é um fato que pode ser comprovado e que já flagrei com registros fotográficos. Por que isso acontece? Pela proximidade de redes de espera ancoradas ilegalmente a poucos metros da arrebentação e da areia! Minha indignação multiplica-se quando flagro nos espécimes mortos pedaços de rede com chumbadas ainda enrolados nas nadadeiras e pescoços dos quelônios.  Todos os pescadores sabem da proibição de captura dessas espécies e dessa forma quando acontece a malhada de alguma tartaruga, cortam rapidamente suas redes para livrarem-se do flagrante crime ambiental que lhes pode render apreensão de todo material, multas pecuniárias, restrição de direitos, restrição de liberdade entre outras punições.
Mas a realidade diária é um pouco diferente. A incompetência dos órgãos ambientais municipais, a morosidade e falta de vontade dos órgãos estaduais e federal acabam por tornar as leis como letras mortas! A Portaria 1.522/1989 do IBAMA que trata especificamente dos animais marinhos em extinção no Brasil deixa clara a proibição dessas espécies. A Lei Federal n° 9.605/1998 que versa sobre crimes ambientais deixa claríssimo e sem nenhuma dúvida do que é proibido na morte e/ou captura de animais listados em situação de risco. Sempre se ouve a desculpa de que a captura não é voluntária, chamada de captura incidental, mas não se pode aceitar o rótulo de uma captura involuntária quando se colocam redes ilegais em locais proibidos e não contemplados pela legislação! Agindo contra a lei, assume-se voluntariamente o risco de cometimento de crime.

Toninha morta por ferimentos provocados por redes de pesca

Golfinho vitimado por redes ilegais e criminosas
Para fazer indesejada companhia às tartarugas vemos golfinhos, botos e toninhas também perecendo ante a irresponsabilidade de alguns que se autointitulam  profissionais da pesca.  Vejo que diante da incompetência de organismos legais e oficiais em lidarem com o problema quero deixar claro que a quebra da cadeia alimentar da natureza produz danos irreversíveis. Quando o único ser que destrói seu habitat de forma consciente é o humano, restam-nos poucas alternativas de um futuro promissor. Fico a refletir que com tanta tecnologia e tanto conhecimento adquirido ao longo dos séculos, o bicho homem ainda não descobriu que ele NÃO É A PARTE MAIS IMPORTANTE DA NATUREZA! 
Pouco se faz para proteger a todos os seres viventes. O foco da humanidade desumana é e sempre foi a motivação financeira. Mata-se e destrói-se tudo à volta em nome da esfarrapada desculpa de que precisamos “sobreviver”! Sobreviver com dinheiro, à custa de um enorme débito da natureza que já está operando a muito tempo no “cheque especial”!  O rombo que por décadas ou séculos estamos provocando possivelmente nunca mais terá saldo suficiente para recuperar essa conta ambiental. Resumindo em poucas palavras: Matamos a tudo e a nós mesmos em troca de alguns trocados!
Pobres tartarugas, golfinhos, botos, toninhas, pinguins, peixes e crustáceos que diante da voracidade e estupidez humana pagam com suas vidas inutilmente apenas para aplacar a sede humana por dinheiro. Quando nada mais restar o que iremos fazer?

Dessa forma peço encarecidamente a todos que sejam mais humanos e protejam o ambiente onde todos vivemos.  É questão de auto-sobrevivência! É questão de inteligência!


segunda-feira, 7 de agosto de 2017

DENÚNCIA - O Que Acontece Com Nosso o Meio-Ambiente em Barra Velha?

Devastação no Bairro do Itinga
Não é de hoje que o Brasil ganha destaque quando se fala em ativismo ambiental.  Algumas vezes são ações positivas, mas na sua esmagadora maioria os destaques negativos se sobrepõem multiplicadas vezes.
Exemplificando podemos tomar o destaque negativo dado ao Brasil, quando a comitiva presidencial de nosso país foi recebida pela alta cúpula diplomática e executiva da Noruega, país situado ao sul da península escandinava.  Até então esse país, como diversos outros,  mantém uma política de incentivos e apoios financeiros ao cuidado ambiental e a iniciativas que alavanquem a preservação de biomas e processos de recuperação de áreas degradadas.
Nada mais surpreendente do que as expressões de espanto de autoridades brasileiras, entre elas o Ministro do Meio Ambiente Sarney Filho e o próprio Presidente da República Michel Temer, quando a Primeira Ministra norueguesa Ema Solberg e o Ministro do Meio-Ambiente Vidar Helgesen anunciaram sem nenhum rodeio o corte de mais de US$ 200 milhões de dólares  anuais que aquele país investe em áreas de conservação (UCs) aqui no Brasil. Péssimo mesmo foi assistir à lamentável tentativa de diminuir o impacto com declarações tipo: “ juro por Deus que estamos fazendo o melhor pelo meio-ambiente no Brasil”. Ou então: “estamos adequando a legislação para cumprir nossos acordos ambientais!”
Vindo de políticos despreparados que estão preocupados apenas com os aportes financeiros advindo de outros países, pode se esperar qualquer tipo de mentira. O que falar então das mais de 60 multas aplicadas contra a empresa SAMARCO em Mariana-MG totalizando mais de R$ 23 bilhões de reais, das quais apenas pouco mais de R$ 123 milhões estão sendo pagas num prazo de 60 meses! O Rio Doce continua morto e as ações de recuperação são inúteis e incipientes, prejudicando milhares de pessoas e o meio ambiente permanecerá irrecuperável, como atentam ambientalistas e pesquisadores.
Não precisamos ir muito longe quando se detecta desrespeito ambiental e sublimação de leis e boas práticas de conservação. Na nossa cidade de Barra Velha as práticas agressoras ao ambiente onde vivemos acontece quase todos os dias, muitas vezes travestidos de  “desenvolvimento” ou então na sua forma mais vil e mentirosa como “geradora de emprego e renda”!


Supressão ilegal de reserva de mata


Aterramento de rio e nascente


Na semana passada recebi denúncia de produtor rural na região do bairro do Itinga II onde, comprovei localmente com as fotos que ilustram essa postagem, a devastação de área de Mata Atlântica ainda virgem com o intuito de execução de empreendimento empresarial. As suspeitas caem sobre um conhecido empresário da região que já tem histórico de maus tratos ao meio ambiente, mas nesse caso existe o agravo, pois segundo a denúncia recebida ele é assessorado por também conhecida empresa de assessoramento ambiental da cidade de Barra Velha!
Tudo vexatório, criminoso e reprovável se ainda não pudesse ficar pior: Barra Velha acaba de ser incluída e contemplada num plano muito bem elaborado pela AMVALI (Associação dos Municípios do Vale do Itapocu) onde se pretende executar a recuperação e manutenção das nascentes de água da região. No caso em questão, o denunciante e o infrator, seu vizinho, possuem terras abrangidas pelo plano de recuperação, com o simples objetivo de salvar as nascentes e cursos d’água do município e região.


Desmatamento para construções irregulares


           O visível desmatamento e consequente aterramento do curso d’água no local da denúncia é criminoso, ainda mais quando se sabe que o riacho é um dos afluentes do Rio Itinga que serve como fonte de abastecimento de água para o município. Fica a pergunta se os órgãos ambientais não sabem do acontecimento, ou estão omitindo-se de suas responsabilidades.
O projeto da Amvali no valor de R$ 2,9 milhões foi assinado num Termo de Colaboração com o Ministério do Meio Ambiente e terá a duração de 4 anos.  A simples objetivação desse plano nada mais é do que oferecer a todos os moradores água de qualidade e em quantidade adequada. Na primeira etapa acontecerá a mobilização de proprietários rurais que possuem imóveis em áreas de nascentes e déficit de mata ciliar nestas e nos rios. A segunda etapa será focada na elaboração, implementação e monitoramento da recuperação florestal nos imóveis dos proprietários que assinaram o termo de compromisso. Na terceira e última etapa a realização do Plano Regional de Pagamento por Serviços Ambientais. 
De outra forma somos obrigados a conviver diariamente com crimes ambientais praticados por todo tipo de pessoa, onde mais uma vez toda uma população é penalizada pelo gravíssimo fato de leis não serem cumpridas. Denúncias são encaminhadas a diversos segmentos como órgãos ambientais municipais, estaduais e federais.  As mesmas são apresentadas à Justiça e Promotoria Pública, mas a inércia e inépcia associadas ao marasmo levam tudo para a mesma vala do abandono e esquecimento. Já ouvi todo tipo de desculpas para processos não se encaminharem. Nada mais é novidade após estarmos a 21 anos lutando pela preservação ambiental da nossa região. A coluna que escrevo aqui no meu blog acaba sendo uma forma de desabafo após tanta injustiça e iniquidade que presenciei ao longo dos anos. Ameaças então foram inúmeras!
Hoje lutamos pelo mais precioso bem da natureza; a ÁGUA!!! Lamentavelmente poucas são as pessoas que se dão conta de que ela, a água, já está faltando em muitos lugares e onde ainda existe sofre agressões como essa que está acontecendo no bairro do Itinga II em Barra Velha.

Aterramento de nascente de afluente do Rio Itinga


Verdadeiramente preocupante está a situação de oferta de água de qualidade para o consumo e pior ainda a situação em que se encontra a problemática do tratamento de esgotos e efluentes no nosso estado. Somos um dos estados com piores índices de cobertura desse serviço no Brasil!  Ficamos sempre entre ações sustentáveis e protetoras do meio ambiente e desmandos e desatinos criminosos praticados na calada da noite por pessoas sem escrúpulos que só estão a pensar na sua renda pessoal sem nenhum benefício comum! De que lado você fica??


Estradinha aberta que dá acesso ao empreendimento irregular

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Caramujos Africanos – Questão de Saúde Pública


Tenho o costume de observar as questões ambientais quando dos meus deslocamentos em viagens e principalmente quando ando pelas ruas da cidade de Barra Velha onde moro. Nas últimas semanas uma coisa tem me chamado atenção. Tenho notado com crescente preocupação observar um gradual aumento na ocorrência de caramujos africanos em terrenos baldios e abandonados.
Só para que todos possam entender do que estou falando, trata-se de um molusco que na década de 1980 foi trazido ao Brasil como uma expectativa de alternativa econômica gastronômica ao escargot, delicatesse da culinária francesa. Esse molusco foi introduzido inicialmente no Brasil de forma ilegal por ocasião de uma feira agropecuária realizada no interior do Paraná. Na segunda vez que ele tornou-se presente foi por um funcionário do Porto de Santos que pretendia iniciar um criatório comercial desse molusco na cidade de Praia Grande, litoral de São Paulo.
O Caramujo Gigante Africano (Achatina fulica) acabou se tornando uma praga urbana e rural por motivo de sua comercialização não ter tido sucesso no Brasil. Assim, os então produtores naquela época acabaram por se desfazerem do seu plantel soltando-os na natureza de forma indiscriminada, fato que culminou transformando-o caramujo em uma praga. Em áreas rurais não houve expressivo aumento no aparecimento de mais indivíduos, mas nas cidades nota-se cada vez mais o aumento deles ao redor das casas.


Estes caramujos quando adultos chegam a medir 10 cm de concha pesando em torno de 100 g. Reproduzem-se de forma assexuada sendo hermafroditas, ou seja, não necessitam parceiros para reprodução.  Tem alto índice reprodutivo chegando a 5 posturas anuais com 100 a 500 ovos por postura.  Sua atividade aumenta na época das chuvas e intensa umidade bem como é mais ativo e resistente durante o inverno. Busca se proteger durante o dia dos raios solares que podem queimar suas mucosas saindo dos seus abrigos durante a noite ou em dias nublados para alimentar-se e reproduzir-se.
O caramujo africano possui sua concha ou casca de coloração marrom, cinza escuro ou levemente arroxeada com listas mais claras em tons amarelos. Considerado em muitos países uma espécie invasora acaba tendo poucos predadores mas segundo algumas observações feitas, em ambientes urbanos tem sido predado pelo rato doméstico ou ratazanas. Em áreas rurais seus predadores naturais são o gambá e algumas cobras come-lesmas o que explica a sua menor incidência em áreas de matas e florestas preservadas.


O maior problema apresentado pelo caramujo africano é questão de saúde pública pois apresenta a característica de transmissão para o ser humano do verme Angiostrongylus cantonensis causador da meningite,  sendo o hospedeiro natural e transmissor desse verme. Também transmite o verme Angiostrongylus costaricensis que produz infestação abdominal por vermes de forma bastante agressiva. O Caracol ou Caramujo Africano acaba se tornando um vetor na transmissão da dengue e febre amarela sendo que estudos já comprovaram que existe a deposição de ovos e larvas de mosquitos nas suas conchas vazias quando da morte do indivíduo.
Desde 2003, o IBAMA decretou ilegal a sua criação e decretou a extinção dessa espécie que além dos problemas apresentados para a saúde humana ainda é altamente voraz chegando a destruir lavouras inteiras de vegetais destinadas ao uso humano. Por incrível que pareça, quando criado de forma controlada em viveiros com higiene, alimentação balanceada e demais cuidados a sua carne é perfeitamente consumível e segundo informações que recebi muito saborosa. Paladares à parte a recomendação é muito cuidado com o manuseio dos espécimes que são encontrados na natureza estando contaminados e impróprios ao consumo.


A forma mais eficiente no combate contra o caramujo africano é inicialmente identificá-lo de forma correta para não ser confundido com outras espécies naturais e nativas. O segundo passo é manuseá-los sempre com luvas ou algum saco plástico descartável e aplicar sobre eles uma solução concentrada de cloro ou sal. Muitas vezes temos o hábito de esmagá-los com um sapato pisando sobre ele. Esse costume pode ser perigoso, pois os ovos do caramujo podem aderir ao solado do calçado sendo espalhados e aumentando ainda mais a contaminação. Não é recomendado utilizar produtos químicos como pesticidas no controle do caramujo, pois além de pouco eficiente esse procedimento ainda contamina o solo e o lençol freático e águas subterrâneas. O método mais indicado é fazer a coleta dos espécimes e encaminhar a Secretarias Municipais de Saúde e Vigilância Epidemiológica para o correto descarte, podendo como alternativa colocar os moluscos em uma vala cavada no solo e incinerá-los. Esse processo é o mais eficaz, pois controla e extermina todos os ovos que ficam presos ao caramujo e às suas fezes.
Um detalhe muito importante é quanto ao consumo das hortaliças domésticas que existem em locais onde o caramujo africano vive nas cidades. A contaminação é muito alta nesse ponto quando o caramujo se alimenta dessas hortaliças caseiras. Realizar uma higienização com cloro durante 15 minutos em molho e enxaguar com muita água limpa corrente é a chave para se evitar problemas de saúde! O fato de que na nossa cidade estão aparecendo muitos caramujos deve ser encarado com seriedade pelas autoridades sanitárias locais. Todas essas fotos flagrei em ruas e logradouros de Barra Velha! Muito cuidado então ao deparar-se com o temido Caramujo Africano!