quinta-feira, 18 de maio de 2017

Hidroponia

Hidroponia de alface em escala comercial
Hidroponia; palavra de origem grega significativa – Hydro=água > Ponos=trabalho. Literalmente hidroponia é trabalho com água.
A hidroponia é uma técnica de cultivo de plantas, vegetais, legumes e frutas sem a utilização de substrato sólido. Nesse processo as plantas retiram os nutrientes necessários a sua sobrevivência e desenvolvimento de meio aquoso (líquido) onde são adicionados sais minerais e demais produtos para que a planta cresça melhor e mais saudável.
Essa técnica é bastante antiga, mas somente em 1930 o termo hidroponia foi utilizado pela primeira vez. Credita-se ao Dr. William F. Gericke da Universidade da Califórnia a suposta “invenção” do processo bastante diferente de cultivo. Estudos realizados descobriram que os Sumérios, habitantes da antiga Mesopotâmia (atuais Iraque e Kuwait) já utilizavam técnicas rudimentares de cultivo de plantas com sistema de canais e poços de irrigação. Isso tudo ainda 5.000 anos AC.
Tomates sendo cultivados com técnicas de hidroponia
Ao redor dos anos 1950 e 1960 essas técnicas foram sendo aperfeiçoadas em países como França, Itália, Suécia, Alemanha, União Soviética, Israel, Espanha e Inglaterra, com cada país adaptando o cultivo hidropônico às suas necessidades e características de solo e clima. No Brasil a hidroponia apenas começou com a chegada ao país do hoje doutor Shigueru Ueda, então graduado em engenharia civil pela Universidade de Tóquio.  O Dr. Ueda desenvolveu sua pós-graduação, mestrado e doutorado aqui no Brasil pela USP (Universidade de São Paulo) em engenharia e hidroponia. No ano de 2015 o Dr. Ueda esteve na cidade de Florianópolis participando do 10° Encontro Brasileiro de Hidroponia como palestrante no tema pertinente e hoje atua como consultor da Agência de Desenvolvimento do Japão (JICA) atuando em 35 países.
Modelo caseiro de cultura em hidroponia
O meio líquido para o cultivo de plantas tem grandes vantagens e algumas desvantagens. As vantagens são: Qualidade de produção, redução na mão de obra para manutenção do plantio, diminuição no tempo de cultivo, diminuição na quantidade de agrotóxicos e defensivos, aproveitamento melhor e mais correto da água e nutrientes evitando o desperdício. Com isso o tempo de vida nas prateleiras de comercialização das plantas é maior com plantas mais bonitas e viçosas, fato que agrada muito aos consumidores. As plantas comercializadas em hidroponia são mais procuradas e valorizadas, pois em geral são mais limpas, mais saudáveis e mais vistosas do que as suas correspondentes cultivadas com métodos tradicionais em contato com a terra. A técnica da hidroponia consiste em mergulhar as raízes das plantas no meio líquido onde podem ser sustentadas durante o crescimento por canos de PVC, garrafas PET, canaletas de cimento, pedras e outros suportes físicos de qualquer tipo de material.  Existem culturas hidropônicas em jardins suspensos nas paredes que utilizam métodos de gotejamento ou aspersão dos produtos desenvolvedores de crescimento, mostrando que a hidroponia é dinâmica e aberta a novas técnicas. Nesses casos pode também ser chamada de aeroponia.

As desvantagens desse inovador método geralmente ficam a cargo dos custos de produção motivados pela necessidade de construção de estufas, instalação de sistemas elétricos e hidráulicos, bem como mesas e outros equipamentos que precisam de manutenção mais frequente. Os minerais e sais fertilizantes utilizados na hidroponia incluem pouco custo a mais no produto final cultivado onde não há desperdício nem perdas na sua aplicação. Os mais comuns são: nitrato de potássio, ureia, fosfato monopotássico, sulfato de magnésio e molibdato de amônio, todos solúveis em água sendo extremamente eficientes em condições controladas de temperatura, oxigenação e acidez-PH.
Temperos hidropônicos
Países como os Estados Unidos, o Japão e Israel produzem vegetais, frutas e demais produtos hidropônicos em escala industrial, com grande destaque para o Japão que por possuir geografia e topografia muito irregular tem ampliado o plantio em hidroponia cada vez mais. Israel tem grande destaque na produção de flores e plantas ornamentais para exportação além de plantas destinadas ao consumo humano e animal. No Brasil, por questões culturais e costumes centenários, a cultura hidropônica ainda é pouco difundida e incipiente com destaque para o cultivo do tomate, da alface e de algumas espécies de flores.
Cultivo de flores usando hidroponia
Como curiosidade, cito que a primeira produção em larga escala de alimentos em hidroponia aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial. Nessa ocasião o Exército dos Estados Unidos construiu um sistema de hidroponia por inundação e drenagem em várias ilhas do Oceano Pacífico. Na Ilha de Chofu no Japão havia cultivo numa área de 22 hectares, tudo para consumo das tropas.
A hidroponia é uma excelente opção para não contaminar o solo com pesticidas e da mesma forma evitar a contaminação dos alimentos produzidos nesse solo. Também a destruição de produção por insetos é drasticamente diminuída pelo simples fato de que as plantas não estão em contato com o solo onde habitam os pequenos insetos rastejantes. É provado que alimentos hidropônicos são mais saudáveis e tornam-se ótimas opções para pequenas hortas caseiras domiciliares principalmente nas cidades grandes onde os espaços são restritos e o tempo para dedicação a agricultura é reduzido. Em todas as opções, a saúde agradece e o meio ambiente acaba sendo preservado.


quarta-feira, 10 de maio de 2017

Permacultura


Você já ouviu falar em permacultura? Sabe o que é e como surgiu?
A Permacultura surgiu nos anos 70 como uma opção de atividade agrícola produtiva sustentável em uma clara oposição ao sistema de produção até então tradicionalmente praticado. Idealizado inicialmente pelos ecologistas e ambientalistas australianos Bill Mollison e David Holmgren, objetivava reproduzir de forma permanente o modo de vida das comunidades de aborígenes australianos. O termo permacultura vem da contração das palavras em inglês; "permanent " e "agriculture "que juntas significam agricultura permanente.
A lógica da aplicação da permacultura é muito simples e básica. Consiste na observação de todo entorno e meio ambiente presente e produzir de forma a integrar o sistema utilizando os meios disponíveis no local com o menor impacto e agressão a esse meio. A utilização de produção orgânica com controle biológico natural, onde todos os elementos lado a lado protegem e desenvolvem uma atividade agrícola com zero de impactos poluidores é a meta a ser alcançada na permacultura.
Com o crescente incremento da produção agropecuária e o tão difundido agronegócio, muitas vezes deixando de lado as práticas ambientais adequadas em nome da produção em larga escala, senti-se a necessidade de oferecer produtos finais com qualidade superior usando técnicas milenares de sustentabilidade. A permacultura pode sim ser utilizada em larga escala. A diferença é que no agronegócio hoje praticado a meta é a produção a qualquer custo de enormes quantidades de produtos no menor espaço de tempo. Enquanto isso, na permacultura respeita-se o tempo de desenvolvimento natural das plantas e seres vivos de forma a que todo resultado produzido seja de extrema qualidade permitindo um crescimento infinitamente mais saudável.
Jardim caseiro em permacultura
Além da questão de produzir alimentação mais saudável, essa milenar técnica aplicada, proporciona muito mais sabor, aparência mais exuberante com cores e aromas intensos que só aumentam a qualidade do que se produz. Técnicas semelhantes também foram utilizadas por povos andinos como os incas nas suas culturas em terraços que coincidentemente reproduziram o mesmo nos povos orientais como no antigo Japão, motivados também pela sua geografia e topografia acidentados repletos de montanhas e vales.
Diferentemente do que se acredita a permacultura não é inimiga nem antagonista da modernidade e de novos costumes. Ela apenas proporciona que todos os sistemas, sejam habitações, campos de cultivo, construções e mesmo animais convivam dentro do mesmo ambiente de forma produtiva e com harmonia estética e de compartilhamento. Basicamente essa forma de produção busca o resgate de uma vida mais natural como a séculos passados, mas buscando um rendimento e produção que possa ser o meio de suprir todas as necessidades tanto do ser humano quanto dos animais e plantas nele presentes. O respeito por todas as formas de vida é a chave do sucesso nesta escolha.
O aumento da população no mundo motiva a cada dia o incremento da produção alimentícia como forma de suprir a demanda existente. Com o passar do tempo lentamente foram se perdendo as técnicas antigas e o respeito com o meio ambiente que serve à nossa sobrevivência. A permacultura é nada mais do que uma cultura ou um hábito de cultivar o meio ambiente em todos os sentidos. Mudança de rotina diária de forma a harmonizar corpo com tudo que nos rodeia. Mudança de hábitos com atividades rotineiras como transporte, saúde, educação, bem-estar, reciclagem, moradia, descarte de inservíveis, novas formas de energia, etc. Tudo que usamos e como usamos possuem alternativas que podemos escolher. A essas mudanças autossustentáveis podemos dar o nome de permacultura a partir de quando essas mudanças se tornarem rotinas na vida cotidiana.
Residência integrada a permacultura
Optar por modos alternativos de vida e consumo não são coisas a serem praticadas apenas em comunidades isoladas ou esotéricas nos confins do interior do país.  A opção por novas rotinas mais saudáveis com menor nível de ansiedade e stress são comprovadamente melhores para uma vida mais longeva e equilibrada. Longe de achar que quem pratica a permacultura é um “bicho grilo” ou “ hippie” típico dos anos 1970! A opção de vida mais tranquila com alimentação natural e bons hábitos melhora o humor e a forma de encarar a vida. Cada vez mais as populações de grandes centros urbanos buscam válvulas de escape para suas estafantes e desgastantes rotinas diárias. Basta ver que em qualquer folga no calendário, imensas massas humanas saem das cidades modernas cheias de aparatos e tecnologia buscando refúgio na simplicidade do campo da montanha ou da praia. Técnicas de meditação, contemplação e observação da natureza tem cada vez mais praticantes pelo mundo afora.
Sistema séptico-sanitário sustentável
A civilização que avança a olhos vistos na busca desenfreada pela produção em larga escala e com isso no incremento financeiro produz pessoas robotizadas e dominadas pela ânsia de cada vez mais possuírem valores monetários e objetos que lhes proporcionem um falso sentimento de satisfação. A verdadeira felicidade não consiste em se ter muitas coisas. A verdadeira felicidade consiste na paz de espírito em se contentar com o que se tem no momento ou até menos. Você já deve ter ouvido a expressão; Menos é Mais. Essa é a essência da permacultura. Com o diferencial de que o menos nesse caso pode ser também menos stress, menos incômodos, menos ansiedade, menos problemas e o mais pode ser mais tranquilidade, mais integração, mais amizade, mais compreensão de que vivemos num mundo apenas como passageiros. Temos a hora de embarcar nesse transporte chamado terra quando nascemos. E certamente teremos a nossa hora de desembarcar quando passaremos a outra dimensão. Resta escolher como será nossa vida enquanto durar essa viagem.