sexta-feira, 16 de junho de 2017

Intempéries, Tempestades e Eventos Naturais


Intempérie = Palavra com origem do Latim formada por:  in = negação/não + temperie = temperatura> Temperatura anormal.
As intempéries hoje designam qualquer anomalia em eventos climáticos que resultam em situações diferentes ou anômalas ao cotidiano. Podem ser brandas médias ou severas. Uma intempérie pode se transformar em tempestade ou permanecer apenas como uma mudança da situação de normalidade então presente.
Tempestade, também do Latim; tempestate = tormenta, agitação, sempre é uma manifestação natural acompanhada de ventos fortes,  trovoadas, relâmpagos e muita chuva. Esses eventos naturais podem ser motivados e amplificados por diversos fenômenos.  Entre os mais conhecidos podemos citar as alterações bruscas de temperatura, mudança de clima ou estação do ano, alteração súbita do ritmo de marés ou interferências ambientais diversas, sejam naturais ou causadas pela mão humana.


Já é sabido pela cultura popular que quando chega a época do ano na mudança da estação de verão para outono e em seguida para o inverno existem condições climáticas propícias para a ocorrência de tempestades e intempéries mais acentuadas. Essas alterações ocorrem pela mudança do eixo do Globo Terrestre onde com isso a incidência dos raios solares altera drasticamente todas as condições de vida e eventos climáticos no planeta. Sempre durante o resfriamento, ou seja, na passagem de verão para inverno (calor > frio) os eventos climáticos e intempéries acontecem com maior intensidade pelo simples motivo do rápido resfriamento de superfícies localizadas sobre o globo.


Na passagem do inverno para o verão (frio > calor) isso ocorre com menor intensidade quando a mudança de temperatura acontece com menor velocidade permitindo o natural acomodamento das massas de ar e água que influenciam no clima e nas estações do ano. 
Tempestades sempre existiram desde que a terra esteve em formação, e assim continua até hoje. Tem-se a impressão de que com o passar dos anos os eventos climáticos naturais estão mais intensos e isso sim é uma teoria bastante aceita nos meios científicos e segundo estudos esses eventos são intensificados a cada início de nova era glacial. Segundo esses mesmos estudos as Eras Glaciais variam de 10.000 a 60.000 anos podendo ser de alta, média ou baixa intensidade. Ainda segundo estudos realizados no Reino Unido a Terra deverá entrar em uma “mini-Era Glacial” a partir do ano de 2030 com alterações climáticas significativas a partir de 2022.
Todas essas alterações climáticas nos interessam, pois com o gradual aumento da população sobre o planeta, áreas que antes não eram habitadas, passaram a sofrer ocupação humana, que nem sempre é precedida de corretos estudos de impactos ambientais.  A concentração de habitações em áreas onde antes havia apenas acidentes geológicos naturais começa a apresentar suas problemáticas. Deslizamentos de grandes massas de terra e pedras, enchentes e inundações, marés de ressaca e tsunamis agora gradualmente passam a fazer parte do cotidiano de cidades que antes aparentemente estavam imunes a estes eventos.


Eventos dessa natureza sempre existiram, mas sua intensificação e seus efeitos agora se repetem com uma frequência e intensidade que passa a incomodar e produzir prejuízos. Como exemplo podemos citar praias que anteriormente não sofriam a ação de marés mais fortes, agora torna-se rotineira a existência das temidas ressacas. Cumpre citar que as ressacas são sempre causadas em alto mar quando fortes rajadas de vento gelado, trazidas por uma frente fria, sopram em direção ao litoral acumulando grande quantidade de água que por sua vez é transformada em uma nova corrente marítima. Dessa forma podemos afirmar que uma ressaca pode atingir indistintamente qualquer lugar na costa, sofrendo apenas pequenos desvios pela existência de correntes marítimas já conhecidas e pré-existentes.
O que fazer quando sob a influência de intempéries, tempestades e eventos naturais como deslizamentos, ressacas, inundações ou tsunamis? A resposta pode não soar muito confortável ou simplista, porém a única verdade possível é o respeito e o entendimento para com a natureza! Não basta culpar a natureza por ela simplesmente acontecer. É imperativa uma atitude de resiliência, onde antes de simplesmente imputar alguma culpa para a natureza precisamos enxergar onde e qual é o nosso papel na ocupação de áreas de risco. A busca desmedida pela ocupação de áreas de elevada beleza cênica nos leva a deixar de lado a prudência e o devido estudo do local que pode não ser adequado ou recomendado para a ocupação humana.  


Nesta última semana a cidade de Barra Velha foi mais uma vez atingida por fortes ressacas localizadas. Desta vez o fenômeno atingiu fortemente apenas a localidade na Praia de Pedras Brancas, bairro de Itajuba. Azar? Fatalidade? NÃO!!  Como já citei anteriormente, qualquer fenômeno da natureza pode acontecer em qualquer lugar. O que o ser humano precisa é urgentemente entender a natureza em todas as suas manifestações e respeitar os espaços que não devem sofrer interferência ou ocupação humana! Respeitar a natureza é criar resiliência evitando ou minimizando eventuais problemas que possam ocorrer. Se no caso recente da Praia das Pedras Brancas os sinais que a natureza tem dado nos últimos anos fossem assimilados, hoje muitos prejuízos e tristeza poderiam ser evitados.
Ainda não é tarde para começar. Que todos façamos a nossa parte na convivência com a natureza porque ela sempre foi e sempre será soberana!




terça-feira, 6 de junho de 2017

Agrotóxicos e Capina Química - Entenda um pouco sobre o tema


Desde os primórdios da humanidade o ser humano busca sua sobrevivência e desenvolvimento. A sobrevivência depende essencialmente da alimentação. O Desenvolvimento e evolução da sociedade como nós conhecemos hoje iniciou quando o “bicho homem” substituiu sua forma de alimentação. Antigamente os povos primitivos eram apenas coletores – ou seja, juntavam frutas, raízes, conchas e eventualmente peixes e caça por onde passavam. Eram nômades, não tinham residência fixa e ficavam perambulando pela terra.
Com o passar do tempo e gradual aumento dos grupos, ficava cada vez mais difícil apenas recolher algum tipo de alimento pelos caminhos por onde passavam. A quantidade de pessoas era maior e isso complicava muito a questão da alimentação. Para suprir a necessidade de alimentos esses grupos começaram a se fixar em lugares onde poderiam multiplicar alguns alimentos nativos já existentes. Assim nasce a agricultura. Com o passar dos séculos a quantidade de alimentos a serem produzidos aumenta cada vez mais e as áreas nativas perdem espaço a cada ano.

Inicia-se então a produção em larga escala que hoje é chamada agronegócio. Tudo muito bonito se houvesse boa convivência com a natureza. Os pequeninos insetos que sempre existiram sobre a face da terra também precisavam sobreviver. Da mesma forma as demais plantas e matos que foram arrancadas para abrir espaço para as lavouras. Essa suposta invasão de insetos e ervas das mais variadas sobre as plantações e áreas urbanas propiciou a invenção dos defensivos agrícolas e herbicidas nas suas mais variadas formulações. Pronto; estavam inventados os agrotóxicos!
Pode-se as vezes não perceber os danos que o uso indiscriminado de produtos supostamente criados para melhorar a agricultura possam causar. A problemática nisso é que todos esses chamados defensivos agrícolas tem ação cumulativa sobre os organismos vivos. Tanto faz se for planta, bicho ou ser humano, a gradual deposição dos resíduos com alta toxidade ocorre de forma silenciosa e sorrateira e muitas vezes quando se percebe o envenenamento dos alimentos,  água e qualquer tipo de matéria orgânica já aconteceu! As plantas expostas com grande intensidade a venenos agrícolas morrem de forma seletiva conforme a formulação e quantidade do agrotóxico aplicado, pois ele serve em pequenas dosagens para eliminar os insetos e ervas em geral que são popularmente chamados de pragas de lavoura.

Com a natural expansão da dominação do homem sobre a superfície da terra, aprendeu-se que os agrotóxicos antes somente utilizados no campo e lavoura poderiam também ser utilizados em ambientes urbanos com o objetivo de controlar a natural infestação de mato e capim em logradouros públicos e vias urbanas. Assim nasceu a famigerada e já condenada Capina Química. A capina química nada mais é do que a aplicação de mata-mato (produto químico contra ervas daninhas) em substituição ao uso da tradicional enxada na remoção das ervas que nascem onde o homem não quer.  A facilidade e redução do esforço físico bem como a rapidez de aplicação e resultado obtido permitiram o alastramento do uso indiscriminado de venenos agrícolas.
Entretanto como já citado, esqueceu-se dos malefícios provocados por estes pesticidas. Os resíduos sempre acabam em rios, lagos e lagoas e finalmente terminam por contaminar o lençol freático onde está a água para consumo humano!  Segundo relatório da ONU em 2016 morreram aproximadamente 200 mil pessoas no mundo em razão do envenenamento por pesticidas. No Brasil não há estudos específicos, mas estima-se que aproximadamente 500 mil novos casos de câncer surgem a cada ano em decorrência dos efeitos do uso de pesticidas nas lavouras e centros urbanos. Os agrotóxicos organoclorados e glifosatados são os mais comuns e mais utilizados no Brasil e no mundo e comprovadamente são causadores de aparecimento de câncer, Alzheimer, Parkinson, problemas hormonais,  esterilidade, problemas de má formação física, problemas hepáticos, problemas renais e complicações de crescimento.

No ano de 2002 foi aprovado no Congresso Nacional a Lei 6288/02 que proíbe a utilização de pesticidas e agrotóxicos em áreas urbanas. Em agosto de 2015, Barra Velha aprovou a Lei Municipal nº 1469 proibindo a “capina química” com uso de defensivos agrícolas e herbicidas.  Lamentavelmente quase todos os dias presenciamos moradores e empresas de jardinagem aplicando o veneno nas suas calçadas e propriedades.  O que realmente é inaceitável é a utilização de produtos já proibidos no Brasil e no mundo e que apesar da legislação vigente ainda são utilizados inclusive na nossa cidade pela Administração Pública no controle das ervas daninhas. Pode-se flagrar à luz do dia funcionários da Prefeitura transportando e aplicando agrotóxicos sem nenhum equipamento ou roupa de proteção, apesar da Lei Municipal proibir a utilização desses produtos.
Produtos aplicados pela prefeitura Municipal de Barra Velha para controle do mato em vias públicas


Não basta que haja alguma lei ou proibição legal contra a utilização de agrotóxicos. É necessário que toda a população se conscientize da gravidade do problema exposto e de suas consequências. O Brasil é o maior importador do mundo de agrotóxicos e em 2013 consumiu 1 bilhão de litros de veneno agrícola com isso calcula-se que cada habitante  consuma 5 litros de veneno por ano! Enquanto as autoridades continuarem a dar o mau exemplo usando e obrigando funcionários a usar agrotóxicos de forma irresponsável e contrária às leis vigentes continuaremos sofrendo graves problemas de saúde e óbitos.
Faça a sua parte; NÃO USE AGROTÓXICOS E DENUNCIE O USO ILEGAL EM ÁREA URBANA! Qualidade de vida é vida saudável!