quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Microplástico – O “ Lixo Invisível”.

Ave marinha encontrada morta pela ingestão de plásticos.
Em dois recentes eventos ambientais nos quais me fiz presente recentemente, uma vez mais foram temáticos os assuntos debatidos. No primeiro; o 1° Fórum Mundial da Água – Etapa Sul Brasileira realizado no município de Balneário Camboriu onde debatemos sobre a problemática da gestão das águas sobre o planeta. No segundo; 1° Encontro Sobre Lixo Oceânico no Atlântico Sul realizado no município de Itajaí sob a atualíssima temática do incremento de resíduos lançados nos mares e oceanos.
O que ficou evidente nesses encontros frequentados por acadêmicos, ONGs, cientistas e público interessado foi a repetição de um tema que tanto incomoda. O lixo. Sim, o lixo virou sorrateiramente a “estrela” indesejada das conversas e debates. Para depurar ainda mais um pouco a temática chega-se ao protagonismo dos plásticos como ator principal nessa trágica peça teatral chamada Poluição. Logo ele, o plástico que tantos benefícios e aplicações úteis nos oferece, passa a ocupar o lugar de vilão sem deixar de ser o “mocinho” nas nossas indústrias, casas e nas necessidades diárias.


     Vivemos numa sociedade de consumismo descartável praticamente todo movido a plásticos. Alimentos, vestuário, bebidas, remédios, móveis e até automóveis e aviões. Tudo embalado ou acondicionado ou mesmo fabricado de plástico. O plástico é um material orgânico polimétrico sintético na forma macromolecular (molécula grande). É orgânico pois sua matéria prima principal provém do petróleo que em resumo nada mais é do que matéria orgânica decomposta submetida a milênios de processos que lhe deram a formatação,  composição e aparência como conhecemos hoje.
Desde 1909, data da invenção do baquelite (tipo de plástico duro e pouco maleável) ou 1930 quando foi criado o Nylon ou poliamida, a cada dia descobrem-se mais utilidades e formatações com o uso de plásticos no mundo. O problema é que quanto mais se produzem plásticos, mais resíduos desses mesmos são também incrementados. Estima-se que a durabilidade de um plástico fique em torno de 450 a 600 anos quando largados na natureza. A exposição dos plásticos aos raios UVA e UVB do sol degradam os plásticos mas não os eliminam completamente.  Eles vão se desgastando e degradando lentamente até voltarem a sua forma original, que são pequenas bolinhas chamadas pellets. Esse é o chamado plástico invisível!


Vejam com atenção as pequenas "bolinhas" (pellets) de plástico


Só que não é invisível. Basta olhar com atenção nas bordas de areia das praias que esses pequenos pellets lá estão aos milhões. Quase despercebidos dos humanos e também aos animais marinhos, passam a serem ingeridos por aves, peixes, crustáceos, tartarugas e mesmo mamíferos como focas, leões marinhos, golfinhos e baleias, que sem saber acreditam tratar-se de algum tipo de alimento. Segundo a ONG Biodiversidade, cerca de 100 milhões de animais morrem anualmente pela ingestão de plásticos. Ainda não se sabe qual é o grau de intoxicação dos animais como peixes que servem de alimento para o ser humano. Sabe-se apenas que parte de alguns plásticos que são digeridos por animais marinhos é depositado na carne desses animais que posteriormente serão consumidos por humanos.
Da mesma forma, existe a ingestão de micro-plásticos por galináceos, porcos e gado em geral, mas os resultados da acumulação dos microscópicos resíduos nesses animais ainda é objeto de intensas pesquisas em diversas partes do mundo. O que se tem de certeza é que todos, humanos, animais e vegetais sofrem de forma silenciosa algum efeito pela exposição e ingestão de micropartículas plásticas provenientes de detergentes, desodorantes, produtos de limpeza e higiene em geral, sem levar em conta da ingestão concomitante com os alimentos diários.



Mais que alarmismos, a realidade e gravidade da contaminação dos solos e águas do planeta por plásticos são infinitamente maiores e de maior complexidade do que a contaminação por esgotamentos sanitários ou por matérias orgânicas. O que ocorre é a contaminação sorrateira e despercebida que o microplástico produz, principalmente pela sua aparente inocência e completa ausência de cheiro ou sabor conferindo a esse perigoso contaminante uma letalidade silenciosa mas muito contundente.
Então com todo o problema apresentado afinal existem soluções? Como poderemos viver sem o plástico? Num mundo tecnológico atual seria muito difícil abdicar do uso do plástico, mas podemos tomar algumas atitudes muito fáceis no dia-a-dia.  REDUZIR o consumismo e desperdício é uma das primeiras atitudes a serem tomadas. Escolher produtos com embalagens retornáveis. Comprar e utilizar plásticos polimétricos de melhor qualidade que possam ser reutilizados ou indefinidamente reciclados. Nunca jogar fora plásticos nas ruas, rios ou oceanos! Separar e encaminhar para a correta reciclagem é sinal de sabedoria e respeito. Não existe “jogar fora” do nosso planeta! Qualquer resíduo que você acha que jogou fora vai continuar aqui mesmo sobre o planeta terra.
Seja esperto, respeite o meio ambiente e NÃO SUJE O NOSSO PLANETA!



Assista no You Tube o vídeo que produzimos na cidade de Barra Velha-Santa Catarina-Brasil   Microplástico “ O Lixo Invisível”.
https://www.youtube.com/watch?v=JebkpAaeLcI