terça-feira, 8 de maio de 2018

Animais Migratórios



E de repente, mais uma baleia aparece nas nossas praias. Em poucos dias três espécimes de cetáceos encalharam na nossa orla. Tudo leva a pensarmos do motivo que levou em tão pouco tempo esses acidentes que vitimaram esses belos animais a se aproximarem tão perto ou por que elas, as baleias depois de anos sem “darem as caras” por aqui, agora viraram quase habituais.
Muitas espécies de animais sejam mamíferos como focas, lobos marinhos, golfinhos, baleias entre outros e também centenas de espécies de aves migram entre continentes e oceanos. Muitas espécies de peixes tartarugas entre outras espécies também migram. Mesmo grandes mamíferos terrestres como elefantes, girafas, ursos e outras demais espécies também migram em longos deslocamentos. Para estes hoje em dia existe a limitação imposta pelo crescimento populacional urbano e ocupação humana de áreas antes livres e acessíveis a estes animais.
Fica sempre a grande curiosidade do por que esse fenômeno tão interessante ocorre. Primeiramente não podemos nos esquecer de que o ser humano desde os primórdios tempos também migrava em deslocamentos pela terra. A primeira grande questão que foi descoberta sobre os deslocamentos migratórios refere-se a alimentação. Em regiões muito frias é normal haver uma gradual redução na oferta alimentar para qualquer ser vivo. A segunda grande questão é a indispensável questão reprodutiva onde já é sabido que com temperaturas mais agradáveis a reprodução das espécies se dá de forma mais natural.


A palavra Migração vem do Latim onde o termo “ migro “ significa “ ir de um lugar para outro”. Não confundir com Emigração que significa saída de um país para outro ou então com Imigração que significa a entrada em um outro país.  A Migração é a movimentação de vai e vem contínua sem que os indivíduos fixem local de permanência definitivos.
As atuais migrações são praticamente restritas a animais que vivem nas águas ou então aves. Essa característica peculiar acontece, pois não existem muitas interferências e obstáculos ao deslocamento como seria por via terrestre. Simplificando: Para as aves basta alçar voo e escolher um bom lugar para continuar seu ciclo de vida. Da mesma forma para qualquer peixe ou animal marinho basta nadar até alcançar seu local escolhido. O que intriga a todos os pesquisadores e cientistas são os locais escolhidos e as rotas tomadas para esses animais atingirem seus objetivos. Por que determinadas regiões ou locais bem específicos acabam por serem eleitos como ideais para a migração? Muitas vezes altas montanhas, lagos salgados e até desertos são escolhidos para a migração. É claro que na maioria das vezes, florestas, campos, ou no caso de peixes e assemelhados a migração ocorre sempre em busca de locais mais acolhedores com farta alimentação disponível e climatologicamente favoráveis.


Nossa localização geográfica no planeta, ao sul do continente Americano é rota obrigatória de inúmeras espécies que nos visitam ou apenas estão de passagem. Dia desses ouvi aqui mesmo em Barra Velha ruídos vindos de cima e qual não foi a minha surpresa de ver uma imensa revoada de flamingos cruzando nosso céu em direção ao sul. Nem precisamos citar nossa tão conhecida tainha que todos os anos nos brindam com sua visita. O mesmo ocorre com os camarões, sardinhas e demais peixes que durante sua passagem perto de nossas praias acabam sendo capturados em grandes quantidades. No caso desses e muitos outros, o seu deslocamento é motivado para a desova de forma a perpetuar as espécies. Isso torna tão importante o respeito ao período de defeso de pesca que é primordial para proteger essas espécies comerciais de sua extinção.
Outras espécies que atualmente encontram-se protegidas de captura como as tartarugas, tubarões, golfinhos, orcas e baleias também perpetuam seu ciclo migratório todos os anos e nos brindam com belas imagens quando podemos avistá-las. Claro que algumas vezes a aproximação em demasia proporciona o encalhe e possivelmente o óbito de alguns espécimes. Outras vezes esta aproximação se dá porque o animal está muito debilitado ou doente. Algumas vezes o animal acaba desorientado e levado pelas correntes marinhas também pode ficar preso a bancos de areia ou praias rasas.


A correta observação dos hábitos e ciclo de vida das mais diferentes espécies migratórias é importante para que possamos entender esse fenômeno e interferir o mínimo possível. Que fique bem claro que as alterações ambientais sempre existiram por motivações naturais, mas cada vez mais nota-se a interferência danosa do ser humano no ciclo reprodutivo e de vida de outras espécies. O frágil equilíbrio da cadeia alimentar existente na natureza está sendo drasticamente alterado quando buscamos de forma desenfreada e irresponsável interferir nesse ciclo. A busca sem critérios por proteína animal selvagem na alimentação de milhões de pessoas vem lentamente desequilibrando a balança da sustentabilidade do ecossistema.


Os acidentes de percurso como os recentes encalhes de cetáceos nas nossas praias tem levado cientistas a tentar descobrir a real causa desses fenômenos. Uns defendem a tese das alterações na direção das correntes marinhas. Outros defendem que a aproximação de animais de grande porte se dá pela diminuição de oferta de alimento nos oceanos. Outros tantos afirmam que questões climáticas como aquecimento ou esfriamento das águas motivam os incidentes recentes. A busca por respostas está longe de acabar, mas de uma cois podemos ter certeza: Devemos interferir o mínimo possível na natureza e no ecossistema natural! Quando mais intensas e recorrentes nossas interferências, mais graves e danosos serão os resultados apresentados.



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