Ultimamente as árvores que crescem
nas cidades tem se tornado motivo de
diversas conversas e algumas polêmicas. Chuvas, ventos e algumas outras
intercorrências tem afetado a convivência pacífica entre a natureza
representada pelas árvores e o desenvolvimento urbano que está sendo levado em
conta nas nossas cidades.
Este assunto me chamou muita atenção
nesses dias que estou atravessando a Argentina, particularmente na região das
serranias na região da Província de Mendoza. Originalmente é uma região
extremamente seca onde a média de precipitação pluviométrica anual não passa
de 200 milímetros. É um pré-deserto com terreno arenoso e
pedregoso sem nenhuma árvore natural. Já em tempos pré-hispânicos, os povos
indígenas construíram um fantástico sistema de canais por toda a região, de
forma a direcionar a pouca água proveniente do degelo das montanhas para as
regiões habitadas, proporcionando aos habitantes a possibilidade de cultivar
diversos tipos de culturas alimentares e também a arborização da localidade.
Essa localidade hoje conhecida como a
Ciudad de Mendoza possui um sistema de canais com mais de 500 km de comprimento
que irrigam toda a cidade com milhares de árvores, entre elas, plátanos e
acácias entre outras, todas plantadas pela mão humana. O próprio Parque Gen.
San Martin possui hoje mais de 50.000 árvores de mais de 500 espécies. A
pergunta é: Porque a preocupação de plantar tantas árvores, já a mais de 5 ou 6
séculos? A resposta é clara: Para tornar
o ambiente mais habitável e agradável!! Afinal uma cidade densamente arborizada
possui uma temperatura em média 10 °C mais baixa do que uma cidade não
arborizada.
Dessa forma a convivência pacífica
entre o desenvolvimento urbano e o respeito e até incentivo a manutenção de
vegetação e árvores é questão de sobrevivência e não apenas estética e
ecologia. A chave do sucesso dessa questão toda é qual espécie a ser plantada e
mantida de forma que uma solução de problema não se torne um problema futuro
ainda pior. Um estudo adequado de resistência, longevidade e sombreamento bem
como de enraizamento evitará possíveis quedas das árvores sobre veículos, casas
e até pessoas. Também é importante um acompanhamento contínuo das espécies
plantadas para diagnosticar possíveis doenças e enfraquecimentos das árvores,
ocorrências causadas por fungos, insetos ou outros motivos.
É muito fácil jogar a culpa de
entupimento de bocas de lobos, destruição de calçadas por raízes ou quedas de
galhos nas árvores. Elas como todo ser vivo tem seu ciclo de vida e possíveis
enfraquecimentos e morte. Dessa forma após a constatação desses problemas o
recomendável é substituir a espécie plantada por uma adequada ao local,
respeitando a sua natureza. Que fique bem claro que as árvores já estavam sobre
a face da terra muito antes do aparecimento do ser humano, e dessa forma, a
verdadeira espécie invasora é o ser humano e não a vegetação. A preservação e
incentivo ao crescimento das espécies vegetais como as árvores não deve ser
encarado como problema, mas como solução.
Seguindo o belo exemplo da Cidade de
Mendoza na Argentina, deveríamos aprender com os habitantes dessa cidade que
dão uma verdadeira aula de ecologia e boa convivência com a natureza,
aprendendo a respeitar a diversidade como um todo. As árvores são amigas dos
seres humanos permitindo a sobrevivência em locais até então considerados
inóspitos e inabitáveis. Basta que os poderes públicos instituídos façam a sua
parte em conjunto com a população,
incentivando e fazendo a manutenção e acompanhamento das espécies
plantadas nos ambientes urbanos.
Realmente chama a atenção de ver por toda a cidade e em todas as ruas e
avenidas centenas de milhares árvores plantadas. Bons exemplos devem ser
copiados e replicados, que cada um faça a sua parte.
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