Plano Diretor + Meio Ambiente = Qualidade De Vida

Você deve estar se perguntando o que o Meio Ambiente tem a haver com o Plano Diretor. Esse assunto é de suma importância nesse momento, pois vem ao encontro das recentes atividades de reformulação dos Planos Diretores de diversas cidades, entre elas Barra Velha.
A última atualização efetuada no Plano Diretor Municipal (PD) de Barra Velha aconteceu no ano de 2008 durante o governo do então prefeito Valter M. Zimmerman por intermédio da Lei Complementar 68/2008. Infelizmente basta ler algumas linhas sobre o então PD aprovado para notar a superficialidade e pouco detalhamento de uma ação prioritária para o bom desenvolvimento do município. Neste PD não estão nem contempladas as ZRs (Zonas Residenciais), e muito menos os bairros com suas eventuais potencialidades e peculiaridades.
Um PD bem elaborado é a chave do sucesso no desenvolvimento e crescimento de um município, respeitando as principais demandas comerciais, industriais, turísticas, urbanísticas e mobilidade urbana e de lazer. Com o crescimento populacional do nosso país e consequentemente da nossa cidade, em poucos anos pequenas vilas ou cidadezinhas passaram a status de municípios que despontam no cenário estadual e nacional. Em menos de 10 anos Barra Velha cresceu mais de 71% segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e SINE (Sistema Nacional de Emprego). Basta ver que neste ano de 2015 foram distribuídos um pouco mais de 34.000 carnês do IPTU abrangendo a cidade de Barra Velha.

Infelizmente este crescimento está acontecendo de forma desordenada e sem critérios técnicos adequados, pois estes critérios nem constam no antigo PD até então vigente. Só para comparar, até o ano de 2013 apenas 6.153 domicílios estavam ligados a rede de água tratada e nenhum estava ligado a rede de esgotamento sanitário. Também segundo dados do SEBRAE-SC, até o ano de 2010 apenas 15.590 domicílios possuíam energia elétrica fornecida de forma legal e adequada pela concessionária de energia elétrica estadual. Isto, somado a outros indicadores de desenvolvimento são as provas de que a infraestrutura básica é precária e não consegue atender a demanda dos munícipes e visitantes em Barra Velha. Atrelado a isso cumpre informar que a cidade não possui áreas de lazer adequadas e nem praças ou quadras de esporte poliesportivas que atendam as necessidades e anseios da população.
Qualidade de vida em uma cidade significa condições dignas e adequadas para o bem viver. Qualidade de vida vem das necessidades básicas que a população necessita como áreas verdes, acesso a insolação adequada, recebimento de ar puro através de ventos que renovam a atmosfera respirada, água de qualidade para beber, alimentos adequados a serem ingeridos, deslocamento urbano facilitado e valorização de espaços turísticos e naturais tão peculiares a uma cidade que tem vocação turística por excelência.  A proliferação de edificações multifamiliares como prédios de apartamentos na faixa da orla marítima desrespeita a maioria dos critérios da boa habitabilidade. Isso ocorre pelo desrespeito aos acessos e deslocamentos pelo natural aumento de veículos circulantes, diminuição de insolação nas áreas de lazer comuns e principalmente cortam o fluxo de ventos e brisas que refrescam a cidade principalmente em épocas de grande calor. Basta ver que cidades com grande número de edificações verticais elevadas são provadamente até 10°C mais quentes do que cidades com edificações de gabarito menos elevados.

Dessa forma por desconhecimento ou por empreendimentos puramente especulativos, algumas cidades com grandes potenciais de qualidade de vida acabam por perder seu maior atrativo que as diferenciam das demais cidades comuns e sem atrativos importantes. Um exemplo de atrativo natural de Barra Velha são as suas praias. Se as suas águas costeiras estiverem poluídas, suas praias cobertas pelas sombras de edifícios e infraestrutura básica comprometida, nenhum interesse nossa cidade poderá despertar nos seus visitantes. Se nossa lagoa e rios estiverem poluídos e oferecerem riscos de alagamento a cada chuva que se precipita poucos desavisados escolherão suas margens para morar. Os próprios moradores fixos muitas vezes fixaram suas residências por aqui pela qualidade de vida oferecida. Se esta cidade for igual a tantas outras que são de conhecimento geral, dificilmente poderemos despertar o interesse para investimentos adequados e corretamente localizados.

Que fique bem claro que qualidade de vida não significa luxos desnecessários e crescimento não significa permitir construções com objetivos imobiliários grandiosos. Qualidade de vida em uma cidade é quando as condições oferecidas por ela façam as pessoas que nelas vivam felizes. Afinal nem moradores nem turistas gostam de uma cidade triste e sem alma. Seja feliz respeitando o nosso bem mais precioso, a vida!

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