VOCÊ CONHECE O
PROJETO ORLA?
Muito se fala em ecologia, proteção ambiental, gestão
ambiental, sustentabilidade, ambientalismo, mas ainda pouco se conhece de como
podemos proceder para agir de forma legal utilizando metodologias e legislação
a nosso favor nessa causa.
Não basta querer fazer as coisas de forma correta, é preciso
saber como contornar e sanar os mais diversos conflitos que existem na correta
gestão das nossas cidades. Problemas com
mobilidade urbana, saneamento básico (esgotos), ocupações irregulares, entre
outros, são recorrentes em todos os municípios do nosso estado e país. De forma
muito lenta, surgem com o passar do tempo novas normas e leis que são
extremamente necessárias para que se possam administrar as principais demandas
que uma cidade apresenta. Uma delas é o Projeto Orla.
O projeto Orla surgiu a partir das necessidades de harmonizar
e articular as práticas ambientais e patrimoniais com um planejamento ordenado
de uso e ocupação do espaço da Zona Costeira. Este projeto vem subsidiado pela
Lei 7.661/88 que institui o PNGC (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro) e
através do Decreto 5.300/04 que regulamenta a referida Lei, dispõe as regras
para uso e ocupação da Costa Brasileira. O primeiro passo é entender o que
significa Orla Marítima. Dessa forma poderemos entender que nesta estreita
faixa de terra que margeia todo litoral, está localizada quase 25% da população
brasileira. Isso significa que aproximadamente 50 milhões de pessoas estão sob
a influência direta das ações que aconteçam perto do mar.
Genericamente a Orla Marítima e o Projeto Orla têm seus
limites definidos em 33metros da preamar (maré mais alta) acrescida de 50
metros em áreas urbanizadas ou 200 metros em áreas não urbanizadas, podendo
essa última ser aumentada se estudos comprovarem a necessidade de proteção
adicional. Cumpre salientar que os 33 metros citados inicialmente são chamados
TERRENOS DE MARINHA e não Terrenos DA Marinha, pois eles não pertencem a
Marinha do Brasil, mas sim são terrenos sob a influência direta de ações do
oceano. Nesse proposto, o MMA (Ministério do Meio Ambiente) e a SPU (Secretaria
de Patrimônio da União) tem o desafio de lidar com quase 300 cidades que estão
localizadas nesta faixa de terra, sendo que Santa Catarina conta com 24
municípios nessa situação e segundo dados do IBGE, 15 deles são os que mais
crescem e se desenvolvem no estado.
Atualmente já assinaram o Termo de Adesão ao Projeto Orla, 16
municípios catarinenses e o mais recente a essa lista é o Município de Penha
poucos quilômetros ao sul. Dessa forma, Penha iniciará o processo de
reconhecimento dos problemas existentes na sua orla marinha e através de
levantamentos e estudos realizados em conjunto com a população, entidades e o
Governo Municipal, o Ministério do Meio Ambiente realizará as devidas
intervenções para adequar a cidade a normas de sustentabilidade, mobilidade e
preservação ambiental dos sistemas costeiros.
Este colunista que lhes escreve, esteve participando do
lançamento do Projeto Orla-Penha na última quinta-feira e da mesma forma que ativamente
participamos da elaboração do Projeto Orla em Itajaí, estaremos envolvidos na
elaboração do benvindo Projeto Orla na nossa cidade vizinha da Penha. Mais de
100 pessoas da sociedade civil e poder público compareceram nas duas reuniões
de apresentação do projeto para a comunidade, demonstrando o interesse em
resolver os problemas de ordenamento na cidade. A correta gestão desses espaços
costeiros com o Projeto Orla proporciona aos municípios participantes uma série
de acessos a créditos e suplementações orçamentárias para o incremento das
ações necessárias. O Projeto Orla necessariamente trabalha em harmonia com o
Plano Diretor da cidade, complementando e norteando as principais demandas apresentadas.
A melhoria da qualidade de vida nessas cidades é o fator principal do Projeto
na forma de beneficiar a todos indistintamente, harmonizando comerciantes,
moradores, indústrias, serviços e turismo em geral.
Os principais conflitos ocorrem porque as pessoas não
conseguem abrir mão de alguns posicionamentos e interferências que inicialmente
foram realizadas sem planejamento ou critério. Nisso inclui-se o avanço dos
loteamentos sobre áreas de preservação permanente (APPs), como citei nessa
mesma coluna a duas edições atrás, lançamento de esgotos a céu aberto ou
tubulados irregularmente nos sistemas pluviais, desmatamento de áreas verdes
protegidas com fins imobiliários e muitas outras atitudes reprováveis e ilegais
sob todos os aspectos. A população precisa entender que quanto mais aumenta a
densidade ocupacional e demográfica de um município maiores são os problemas a
serem enfrentados e mais concessões cada munícipe deve fazer em favor da boa
convivência de todos.
A adesão ao Projeto Orla pelos municípios é um grande avanço
na preservação e correta gestão do meio ambiente além de proporcionarem a estes
municípios verbas da União para custearem seus projetos. Parabenizamos os
municípios de Itapoá, Itapema, Itajaí, Porto Belo, Bombinhas, Florianópolis e mais
recentemente São Francisco do Sul e agora Penha no Litoral Norte do nosso
Estado pelo entendimento e participação nesse processo indispensável para a
melhoria da vida do povo catarinense. Quem sabe logo possamos implementá-lo
aqui em Barra Velha e nas demais cidades vizinhas.
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