segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O Que Aprendemos Com as Eleições


Mais uma eleição está no fim! A pergunta que não quer calar: O que o povo brasileiro aprendeu com as eleições?
Pouco, muito pouco. Sabe porque? Porque o brasileiro é um povo acomodado. Prefere não polemizar, não se posicionar. É mais fácil aceitar o que aparece pela frente do que buscar soluções ou melhores opções.
O processo eleitoral no Brasil não é favorável a mudanças também. Não tem a devida transparência e pelo grande desinteresse da população pela política em geral criou um sistema viciado e pouco confiável, aumentando ainda mais o desinteresse pelas questões políticas no país.
Basta ver que as novas gerações que entram no processo eleitoral acabam por ridicularizar partidos políticos ou os seus integrantes como um todo.
A cada ano vem caindo o número de jovens eleitores entre 16 e 18 anos, segundo dados do IBGE, e entre esses, apenas 40 % se apresentam para votar, já que nessa faixa etária não existe a obrigatoriedade de comparecer as urnas no dia de eleição. Atualmente o país possui 1.638.751 jovens aptos a votar (1,15% do total de eleitores) . A quatro anos atrás este número era de 2.391.353 (1,76% do total).

O processo eleitoral brasileiro continua capengando e iludindo os cidadãos que acreditam que vivemos uma democracia. Democracia de verdade é praticada quando todo o processo é transparente e claro. Atualmente é proibido fazer "boca de urna", mas todos fazem; é proibido jogar material eleitoral nas ruas, mas todos fazem; é proibido tirar fotografias na hora de votar, mas muitos fazem, é até obrigatório o voto; mas entre votos nulos, brancos e abstenções o índice supera os 25% de eleitores. Ou seja, qualquer que seja o resultado de uma eleição, mais de 1/4 da população nem votou!!
Quais as punições cabíveis? Nas leis,  diversas, na prática nenhuma, seguindo a linha de ação da lei da Ficha Limpa, onde muitos candidatos estão enquadrados mas quase nenhum é punido!
Tanta lei sem serventia e ainda temos que conviver com a nefasta obrigatoriedade do voto! Vota-se no menos pior e não no melhor. As opções não satisfazem ao eleitor pois este mesmo eleitor quando se vê na frente de novidades e melhores posicionamentos, acaba voltando atrás e repetindo os erros elegendo figuras públicas tradicionais e repetitivas.

As tradições de famílias de políticos no Brasil se perpetuam em todos os níveis. As novidades bizarras como cantores, comediantes, palhaços e demais opções de candidaturas tornam-se motivo de piada de mau gosto, induzindo um suposto "voto de protesto"! Protesto sim, onde quem sai enganado é o cidadão de bem que quer um país melhor e mais justo.
 Não é possível haver seriedade nas eleições de um país onde um palhaço é o deputado mais votado no Brasil e onde corruptos, cassados, fichas sujas, ladrões do dinheiro público e da dignidade de um povo sejam reeleitos através do voto.
O que acontece com a mente do eleitor? Porque ele age dessa forma ? Primeiro ridiculariza e se indigna contra os malfeitores e criminosos que frequentam as páginas policiais, para logo a seguir votar neles como seus representantes. Realmente não existe mais dignidade no processo político nacional.

A falta de propostas concretas e trabalho político realizado acabam por direcionar votos aos candidatos mais conhecidos e com nomes famosos. Dessa forma nossa democracia vem travestida de oligarquia onde os seletos grupos que detém o poder a décadas vem se revezando de forma sistematizada, garantindo a perpetuação de uma política que pouco tem a acrescentar as necessidades cada vez maiores da sociedade. Não há modernização nem nos nomes nem nas atitudes. Sente-se um cheiro de estagnação no ar por conta da baixa politização da população, decorrente do baixo nível de informação e interesse nas questões politicas.

A política virou sinônimo de roubalheira e corrupção! Ouvi isso nesta semana que passou por ocasião de palestras que proferi em algumas escolas da nossa cidade. É triste ouvir de uma geração que mal se alfabetizou, palavras tão duras e que saem com tanta naturalidade de bocas que num futuro próximo serão a continuidade do nosso país.
 A falta de pudores dessa geração em externar o lastimável estado da nossa política não deve ser levado como o fim do caminho, mas sim como uma breve pausa para que repensemos o que estamos deixando de herança para nossos filhos e os filhos deles mais além. A pouca informação política para as novas gerações induz a que acreditem que um Presidente no longínquo Palácio do Planalto tem mais importância do que um Vereador, sendo que este nas suas atitudes ou falta delas influenciará diretamente o seu dia a dia.

Urgente se faz que reaprendamos o verdadeiro sentido de uma eleição democrática onde tanto o eleitor quanto o eleito tenham suas responsabilidades compartilhadas esquecendo apenas por um pequeno tempo que quando alguém ganha uma eleição, todos devem ganhar junto. E quanto alguém perde, todos serão atingidos por esta mesma perda.
Eleição não deve nunca ser uma guerra, mas sim um exercício de desapego e trabalho conjunto onde quem for eleito não detém a única verdade, mas compartilha a verdade de todos que nele depositaram sua confiança.
Tenho a esperança que logo a cidadania se sobreponha s interesses corporativos e o desejo de fazer o certo tenha prioridade a prática de beneficiar apenas alguns privilegiados. Essa deve ser a lição aprendida das eleições e das urnas.