Não, o artigo de hoje não vai te massacrar com chatices tipo
Dengue, Chikungunya ou Zika.
Não que o tema não seja pertinente ou atual, mas basta de
cobrar sempre da população ações que todos sabem são pertinentes a
administrações governamentais. Não pense que o malfadado Aedes aegypti apareceu de
repente a poucos meses por aqui. Ele
existe em terras brasilis desde o período colonial, tendo vindo provavelmente
junto com os navegadores e escravos antes de 1700, sendo original do
Egito-África.
Até então o tal “mosquito da Dengue” era apena conhecido por
transmitir a Febre Amarela, apesar de relatos de epidemias de Dengue no Rio de
Janeiro e em Roraima na década de 1980. Pouco avançamos no nosso país em se
tratando de questões básicas de saúde, saneamento e prevenção. A febre amarela
em regiões urbanas foi extinta no fim dos anos 1945/47 e com ela o seu
transmissor o Aedes, graças a intensa campanha de vacinação e também ao uso
desregrado de inseticidas químicos.
Aí começaram nossos problemas! O uso sem critérios de
inseticidas, não matou todos eles. Muitos sobreviveram debilitados e ainda
desenvolveram uma resistência natural contra os inseticidas que não os matou. A
seleção genética natural acabou acontecendo e fez surgir espécimes ainda mais
resistentes que infectados novamente, agora pela Dengue trazida
provavelmente de Cingapura e pela Zika e Chikungunya da África,
encontraram um ambiente ideal para se multiplicarem.
O ponto mais incrível é que os problemas se tornaram
insolúveis graças a incapacidade dos poderes públicos em lidar com questões
básicas como higiene, saneamento básico, sustentabilidade, preservação
ecológica e consequentemente com a saúde de sua população. Com o uso indiscriminado de inseticidas seja
nas áreas rurais e agrícolas, acaba-se matando todos os insetos, inclusive os
ditos bons insetos como as abelhas. Junto com os insetos morrem os seus
predadores naturais como pássaros, lagartos, libélulas, sapos e até os peixes,
grandes devoradores de larvas de mosquitos em rios e lagos. Assim, afugentados
dos campos, matas e lavouras os insetos e animais acabam por buscar refúgio nas
áreas urbanizadas, longe dos inseticidas e pesticidas que fazem tanto mal a
eles e aos seres humanos também.
Criamos assim um circulo vicioso perverso onde as estratégias
de combate a doenças como a tal Zika nada mais é do que o resultado
de ações desastradas e mal planejadas. Acabar matando abelhas e borboletas só
para tentar exterminar um mosquito é demonstração de total incompetência,
sabendo-se que estes insetos são tão importantes na polinização de lavouras e
pomares que produzem nossos alimentos. Países na Europa e os Estados Unidos
estão implementando programas emergenciais de recuperação de colmeias,
indispensáveis à produção de alimentos, visto que a produtividade decorrente da
diminuição da polinização está em franca queda a quase uma década.
Resumindo: Miramos o ruim, e acertamos o bom! Para simplificar o combate ao mosquito
poderíamos investir em controle biológico incentivando os predadores naturais e
tendo em nossa volta mais pássaros, libélulas, sapos e lagartixas.
Consequentemente poderíamos ter mais árvores e matas onde esses bichos viveriam
e ainda consequentemente os mosquitos não viveriam em áreas urbanas, pois nas
matas encontrariam mamíferos e animais em quantidade para se satisfazer. Aí
você vai dizer que não gosta de sapos e lagartixas. Afinal o que você prefere
então? Doenças ou animais? O sintoma de que estamos no caminho errado é a
constatação de que os mosquitos e suas infestações estão migrando de áreas
rurais para áreas urbanas, transformando as cidades em grandes focos de doenças
como as atuais Zika e Dengue.
Voltamos ao tema da sustentabilidade, onde precisamos
urgentemente aprender a conviver em harmonia com todos os animais e seu habitat
natural. Criamos um mundo de concentrações urbanas onde a natureza está
perdendo seu espaço e as consequências nefastas estão se mostrando com frequência
cada vez maior, desta vez novamente na forma de doenças.
Só para ilustrar, a Zika tem origem na Floresta de Zika,
perto de Kampala, a maior cidade e capital de Uganda na África. Foi
primeiramente identificada em primatas (macacos) em 1947, mas eles não são
afetados pela doença, apenas hospedeiros.
A Dengue foi identificada no final do século XVIII em Java no
sudoeste da Ásia, mas apenas em meados do século XX a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconheceu-a como doença.
Proteja a natureza! Ela não vai se vingar de você, apenas
quer seu espaço. Aprenda a conviver!
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