terça-feira, 12 de setembro de 2017

Defesa Civil Somos Todos Nós

Palestrando sobre a cidade onde moramos-Barra Velha-SC
A população mundial cresce a cada dia. Atualmente somos 7 bilhões e 600 milhões de pessoas vivendo sobre a superfície terrestre. Com o gradual incremento populacional é normal que espaços antes desocupados passem a ser habitados ou frequentados, seja para moradia ou apenas de forma temporária e pontual.
Da mesma forma que a população cresceu rapidamente no último século, também estima-se que essa população cresça rapidamente nos próximos anos e chegue ao ano de 2050 com uma estimativa de 10 bilhões de pessoas segundo a ONU.
Os eventos climáticos e meteorológicos também sempre existiram sobre o globo terrestre e apesar de termos a impressão de que a cada ano a quantidade de eventos e eventuais desastres ambientais aconteçam, isso pode não ser verdade. A essa impressão damos o nome de percepção. O que verdadeiramente aumentou muito nas últimas décadas foi a percepção de que eventos climáticos ambientais e meteorológicos acontecem com maior frequência e intensidade. A velocidade com que as informações trafegam hoje em dia é infinitamente superior a que acontecia a poucos anos atrás. Hoje com um simples ifone ou notebook podemos saber instantaneamente o que acontece no outro lado do mundo.  Essa velocidade nos permite uma percepção infinitas vezes maior dos eventuais perigos que nos rodeiam.
Essa percepção ou sensação de observar e conseguir antever alguma eventual ocorrência, emergência e até um desastre é a essência da autodefesa e da própria Defesa Civil. A Defesa Civil não é uma organização refratária ou isolada. A Defesa Civil somos todos nós. Não basta ter algumas pessoas altamente preparadas e treinadas enquanto o grosso da população não participa ou não se importa com o mundo que a rodeia. Numa eventualidade catastrófica, todos serão atingidos e quem foi mais preparado treinado e resiliente com certeza terá melhores condições de enfrentar e superar qualquer dificuldade.

Tipos de eventos que podem ocorrer em Barra Velha-SC
A resiliência é a capacidade que qualquer pessoa, entidade, cidade ou até mesmo país de se preparar enfrentar e se recuperar de qualquer ameaça ou desastre que possa atingi-la. Resiliência é a essência de uma Defesa Civil atuante e eficiente. Repito; Defesa Civil somos todos nós. Ter cidadãos habilitados e capacitados a atuarem nas mais diferentes frentes de enfrentamento a desastres é o segredo de possuir a capacidade inata de se recuperar rapidamente a qualquer emergência apresentada. Não é preciso que todos sejam especialistas ou mestres em alguma habilidade específica. Basta que uma população minimamente consciente e atuante nas suas responsabilidades faça sua parte participando e compartilhando conhecimentos. Achar que uma Defesa Civil eficiente seja um pequeno grupo de técnicos extremamente capacitados e treinados não vai evitar que uma catástrofe eminente atinja a todos de forma contundente ou até mesmo fatal.

Curso de formação de Gestores de Núcleos de Defesa Civil-Jaraguá do Sul-SC
O fato de que os eventos climáticos tem sua percepção aumentada aliada a desastres ou emergências causadas pelas ações humanas fazem com que as ações da Defesa Civil também aumentem. A ocupação desordenada em áreas de risco ou eminente desastre também tem motivado aumento nas ocorrências desastrosas por todo mundo. Infelizmente com a busca desenfreada por localizações de relevante beleza cênica para construção civil tem deixado de lado o bom senso e a segurança tão necessárias a boas práticas de resiliência, proteção e defesa civil. A Lei Federal n° 12.608/2012 é bem clara de sua importância e observância quando da elaboração ou readequação dos Planos Diretores municipais.
O que se vê na atualidade são os gestores públicos municipais deliberadamente deixando de lado a obrigação de contemplar projetos públicos com as mandatárias previstas na Lei da Defesa Civil, e privilegiando as questões financeiras ou políticas. As consequências futuras de empreendimentos que relevam as boas práticas de resiliência e proteção com certeza serão funestas ou no mínimo de grande prejuízo.


A pouco mais de duas semanas estive participando do II Seminário Regional de Defesa Civil e também do Curso de Formação de Gestores de NUPDECs (Núcleos de Proteção e Defesa Civil) ambos na cidade de Jaraguá do Sul, juntamente com o Diretor de Defesa Civil do município de Barra Velha, Elton Cunha e a assistente social Ana Maria Darife e a bombeira Rosângela Poleza. Qual o objetivo? Aprender, multiplicar e compartilhar os conhecimentos de forma a construirmos juntos uma sociedade mais resistente e mais preparada a enfrentar quaisquer eventualidades que possam surgir. Precisamos de uma vez por todas acabar com o pensamento de que a Defesa Civil serve para distribuir alimentos ou colchões após um desastre climatológico.  Segundo a própria UNISDR ( Estratégia Internacional de Redução de Desastres da ONU) a cada US$ 1,00 Dólar investido em prevenção, economiza-se US$ 7,00 Dólares em reconstrução ou reconstituição do cenário atingido.  Só para efeito de informação, o estado de Santa Catarina teve prejuízos na ordem de R$ 17,625 bilhões de reais entre os anos de 1995 a 2014, apenas com eventos destrutivos contabilizados pela Defesa Civil. É terceiro estado mais afetado no Brasil em relação a eventos e emergências atendidos pela Defesa Civil. Assim temos a certeza em afirmar que incentivar a Defesa Civil é investimento com garantia de retorno financeiro e social para todos.
Dessa forma fica claríssimo que a mudança de paradigmas e mentalidade tanto da sociedade civil quanto dos administradores públicos se faz de forma urgente, para que não continuemos a sofrer cada vez mais com situações de risco desnecessárias e que tantos transtornos trazem a todos nós.  “ A GENTE NÃO PODE MUDAR O PASSADO, MAS PODE PREVENIR O FUTURO”!