terça-feira, 29 de maio de 2018

Sacolas Plásticas, Canudos e outros lixos...



E que atire a primeira pedra quem nunca utilizou uma sacolinha plástica, dessas de supermercado...
A nossa vida moderna vai sobrepondo-se a algumas formas tradicionais de viver tão silenciosamente que nem notamos as mudanças. Quem ainda se lembra das tradicionais sacolas de papel ou papelão escuro que todos os mercados e vendinhas das esquinas utilizavam para embalar os produtos comprados à granel nesses comércios.  Recuando ainda mais no tempo, onde todos levavam para suas compras as já esquecidas e tradicionais  sacolas de feira, sim, aquelas confeccionadas em lona ou pano, que serviam para tudo, desde as frutas e verduras ao feijão e arroz.
A praticidade substituiu a tradição e a modernidade e facilidade acabaram por atropelar o bom senso. Inventou-se algo tão útil que dura para sempre!  Nesse processo tão rápido entrou como um raio o plástico! Sim, o plástico é uma novidade bem recente pois apenas no ano de 1907 foi criado o tão famoso e já ultrapassado tipo de plástico totalmente sintético, o bakelite (aquele plástico preto e resistente ao fogo usado para fabricar cabos de panelas).  Depois dele a revolução industrial criou o poliéster (1932), o PVC (1933), o náilon (1938), o poliuretano (1939), o Teflon (1941) e o Silicone (1943).


Como diz a música de Chico Buarque:  ... “ você que inventou o pecado, faça o favor de desinventar”... Sim, porque a invenção do plástico (praticamente eterno) que serviria para substituir muitos outros materiais, acabou de produzir um gravíssimo problema:  Ele é praticamente eterno! Estima-se por suposições que na média, os diversos tipos de plásticos levem de 100 a 500 anos para se decomporem. Mas atenção: Decompor não significa desaparecer. Decompor significa apenas que ele vai se degradando em pedaços cada vez menores até que não consigamos mais enxergá-los. Pronto: Está criado o agora tão famoso e propagado o MICROPLÁSTICO-O LIXO “INVISÍVEL. Por ter pouco mais de um século de existência, não é possível afirmar de forma convincente que o plástico vai simplesmente “sumir” quando descartado! Até hoje o que está provado é sua durabilidade quase infinita.
Sacolas plásticas, copos plásticos, canudinhos plásticos, roupas sintéticas, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis, peças, carros, aviões, tudo feito dessa maravilha chamada plástico. Muito bom pela versatilidade, mas péssimo para uma destinação final após ser considerado inservível.  Os lixões e aterros sanitários estão saturados desses materiais como sacolas, copos e canudos! Somente no Brasil, são consumidos diariamente aproximadamente 720 milhões de copos plásticos descartáveis. Nos Estados Unidos cerca de 500 milhões de canudos plásticos são utilizados todos os dias, o que daria para dar a volta 2 vezes e meia na terra, se fossem enfileirados.  Mais de 1 bilhão de pratinhos descartáveis são produzidos diariamente em todo o mundo.  A reciclagem nessa área é incipiente e ineficaz, seja pelo tipo de material usado na fabricação não ser reciclável, ou seja, pelo alto custo ou mesmo pela falta de vontade e políticas públicas severas sobre o tema.


A higiene e facilidade no uso desses materiais plásticos descartáveis esconde um lado perverso e pouco divulgado. É provada que a quantidade de água consumida na fabricação desses elementos descartáveis é 10 vezes superior a quantidade de água utilizada para a higiene e lavação desses mesmos utensílios se feitos de materiais reaproveitáveis e duráveis. A preguiça oculta no uso dos famosos descartáveis esconde um problema global, que a cada dia torna-se mais difícil de esconder dos olhos. O crime produzido no descarte indiscriminado de materiais estranhos à natureza, está a destruir a própria natureza. Hoje basta visitar qualquer praia paradisíaca, a montanha mais alta do mundo, qualquer rio ou lagoa, fundo do mar, floresta, etc, que com certeza você vai encontrar algum tipo de lixo plástico ali.


Estamos esquecendo que não existe como descartar o lixo que produzimos de forma completamente adequada. Ele vai ficar sobre o planeta seja lá onde ele for “jogado fora”. Diversos países no mundo estão tomando já tardiamente, medidas ambientais corretas no sentido de proibição ou pelo menos a diminuição no uso de embalagens e utensílios descartáveis.  Outra medida seria a fabricação desses utensílios utilizando materiais orgânicos como a cana-de-açúcar, casca de milho, palha de arroz, e até a coroa do abacaxi, que já está sendo testado para a fabricação de pratos e copos descartáveis.
Os benefícios , praticidade e durabilidade que os plásticos nos oferecem são inegáveis, e hoje não é mais possível ver uma sociedade sem plásticos. Mas devemos deixar bem claro que os problemas e malefícios nunca pode ser maiores do que as benfeitorias. Mudar atitudes agora é imperativo, antes que seja tarde!
                                                                                                      



segunda-feira, 28 de maio de 2018

Bitucas, Xepas, Guimbas, etc...




... e você vai até a belíssima Ilha de Canas(Ilha do Grant) em Barra Velha e assiste uma vergonhosa cena onde um indivíduo que acabou de chegar a este pedaço do paraíso fumando, e de imediato joga a bituca do seu cigarro dentro d’água!!!
Qual atitude tomar? 1- Tentar conversar com o ignorante sobre sua má conduta? 2- Juntar a xepa e depositá-la em local adequado? 3- Ignorar a situação e fazer de conta que não viu? 4- Encher o infeliz de sopapos e obrigá-lo a comer aquela nojeira?
Lamentavelmente neste momento eu estava sem máquina fotográfica pois fui a nado até a nossa bela ilhota. Perguntei ao homem em questão do por que ele ter jogado a guimba na água. Adivinhem a resposta: “ Para apagá-la, e parar de fazer fumaça”!!  Pergunta 2: O senhor sabia que algum animal marinho pode comer a xepa e morrer por esse motivo? Resposta: “ NÃO! Isso não acontece”!!
Podem ter a certeza de que fiquei tentado a tomar a atitude número 4 citada acima!  Vivemos numa época de pessoas tão ignorantes e idiotizadas que a capacidade de pensar acabou! Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), existem aproximadamente 1,6 bilhões de fumantes no planeta. A média de descarte de bitucas de cigarro é de 7,7 por fumante produzindo quase 8 bilhões de bitucas diariamente. É público e notório que o fumo faz mal a saúde do fumante e das pessoas que o rodeiam, chamadas de fumantes passivos. O que se esquece de mencionar é que as xepas de cigarro não param de poluir quando são jogadas no chão!


A bitica, xepa, guimba é composta de um pequeno pedaço do cigarro que não foi fumado junto com o filtro. Esse filtro é fabricado com acetato de celulose que leva em média de 5 a 10 anos para se decompor em pequenos pedaços que viram microlixo! Ou seja; mesmo depois de “jogados fora” continuam a poluir indefinidamente! NÃO EXISTE JOGAR FORA! Tudo que se “joga fora” continua sobre a superfície do planeta! O cigarro contém mais de 4.000 produtos tóxicos na sua fabricação e as xepas ao serem jogadas no solo liberam essas substâncias contaminando o solo, o lençol freático e consequentemente as águas dos rios e mares.
Se você fumante acha que não tem nada com isso, é porque você é realmente um ignorante ou simplesmente um idiota irresponsável! Fumar já é uma ação maléfica. Mas descartar a guimba de forma irresponsável é uma atitude criminosa! Mas existem alternativas. A primeira e mais lógica e parar de fumar. A segunda é descartar o resíduo chamado bituca no lixo. A terceira é recolher a xepa e encaminhar para projetos de reciclagem onde ela poderá ser transformada em compostagem que serve como ótimo substrato para cultivo de gramas e gramíneas em geral. Sim, isso mesmo! O resíduo do cigarro serve como adubo em muitos tipos de ajardinamentos. As bitucas também podem ser utilizadas em artefatos de cimento, pavimentação de estradas e outros usos menos poluentes! Até papel pode ser fabricado a partir das xepas de cigarros. Mas melhor mesmo é NÃO FUMAR!


Segundo pesquisas científicas, uma bituca leva de 1 a 7 dias para chegar aos oceanos, seja lá onde for jogada. A água da chuva carrega-a para uma boca-de-lobo, em seguida para uma vala, um córrego, um rio e finalmente acaba fatalmente nas praias e dentro dos oceanos. Esse xepa é facilmente confundida com alimento por aves, tartarugas, peixes e até baleias e golfinhos que acabam por morrer com a ingestão desse potencial veneno. Basta apenas uma xepa para matar um peixe ou uma gaivota ou mesmo uma tartaruga! O sistema digestório desses animais não consegue processar essa substância que acaba entalando no esôfago, estômago ou intestino dos bichos culminando com uma morte lenta e dolorosa.


Caminhando pelas nossas praias em Barra Velha tirei essas fotos que ilustram esta matéria num dia qualquer. Basta você cidadão olhar nos meios-fios, canaletas de água, valetas, calçadas e na praia, que em todo lugar, dezenas e dezenas de xepas e guimbas estão ali atiradas e logo acabarão dentro do mar onde você e seus filhos vão tomar seu gostoso banho. O peixe que você compra está contaminado com as substâncias do cigarro que eles engoliram.  A água que você bebe está contaminada pelas mais de 4.700 substâncias presentes no cigarro. Milhares de animais e pessoas morrem em decorrência do uso do cigarro. E você aí ainda diz que fumar não incomoda ninguém?
Lamento te informar, mas se você quer fumar e se matar sozinho é um problema teu! Mas quando você mata e contamina tudo ao redor, é um problema de todos e você passa a ser um criminoso,  porque jogar lixo em vias públicas é crime previsto no Código Penal e Ambiental. Quer morrer? Tudo bem, mas não mate pessoas e animais inocentes!



H2O

Rio Futaleufu-Chile-Considerado o mais puro das Américas

ÁGUA!!!  Nada mais vital para a humanidade.

Em recente viagem ao Chile surpreendi-me com a quantidade de lagos, lagoas, rios e riachos existentes naquele país. Não só a quantidade, mas a qualidade da água nesses lugares e principalmente a qualidade da água ofertada a população. No Chile segundo a legislação, toda água pública tem que ser potável! Toda ela!! Se você acha que o Brasil é pródigo em cursos d’água, você não sabe nada.
No Chile não se vê lixo nos rios e lagos. Não se vê esgotos a céu aberto. A legislação é implacável com quem não tem cuidado com esse recurso natural. Melhor ainda; ninguém é descuidado ou desrespeita esse princípio básico do cuidado com a água! Em inúmeros locais pelos quais passamos e ficamos acampados, bebíamos a água diretamente dos riachos. Ao perguntarmos sobre a potabilidade das águas em algum lugar recebíamos como resposta ríspida: “ Em Chile todas las águas san potables”.  Em nenhum momento compramos água mineral nos mais de 40 dias que percorremos os países do Cone Sul-americano. Que diferença para com o nosso outrora tão bonito Brasil! Fica um desafio injusto tentar achar nas nossas redondezas um rio de onde se possa tomar água diretamente sem medo.
Claro que o Chile tem algumas peculiaridades. Uma delas é que a esmagadora maioria dos rios tem suas águas originadas do degelo. Ou seja: Enquanto há neve e gelo no alto das montanhas, haverá água nos rios. Já está comprovado que a cada ano a quantidade de neve no alto da Cordilheira dos Andes está diminuindo.  Culpa do aquecimento global? Alterações naturais das correntes marítimas? Desmatamentos em diversas partes do mundo? Difícil encontrar uma resposta que seja unanimidade. De qualquer forma em diversos lugares do planeta o cuidado com a conservação dos recursos hídricos está bem avançada e o Chile é um dos ótimos exemplos a ser seguido.

Laguna Maule-Divisa do Chile com a Argentina
Em outros países ainda utilizando a “famosa ciência popular” chamada de “Achismo”, acha-se que a água é um recurso inesgotável. De certo modo sim. Ela pode até ser inesgotável, mas com certeza a sua qualidade não mais será adequada ao consumo e a sobrevivência de algumas espécies, incluindo-se entre elas a espécie humana. Sabe-se que uma água contaminada pode ser extremamente letal ao ser humano e às mais diversas espécies animais que nos rodeiam.  Hepatite, Giardíase, Febre Tifoide, Cólera, Leptospirose, Disenteria Amebiana entre outras são algumas das principais doenças provocadas por águas sujas ou contaminadas. Todas sem tratamento rápido e adequado pode levar a morte em poucos dias.
E aí você pergunta: E eu com isso? O governo que cuide desse problema! O problema não é o governo. O problema é você que não cuida da tua própria vida e continua jogando esgoto e sujeira nos rios e riachos. Pior: Ainda fica resmungando e reclamando do mau cheiro e ratos e baratas que infestam as beiradas dos rios perto da tua casa. Mais repugnante é saber que você, eu e muita gente boa acabamos tomando banho no mar que está completamente contaminado com as porcarias jogadas nos rios!! E aí?? Continua achando que o problema não é teu??

Colhendo água "in natura" na Cordilheira dos Andes
Só para te informar que Barra Velha, cidade onde eu moro,  não possui nem um mísero metro de tubulação de coleta de esgotos! O que existe são os tubos, muitas vezes irregulares e ilegais, que confinam e matam os rios e riachos que deveriam ser abertos e limpos! São nesses tubos que você continua a jogar seu esgoto de forma criminosa? Acorda!!!  Pare de “tirar teu corpo fora” da tua responsabilidade. Bonito é ver outros lugares e países cuidando das suas águas. Vergonhoso é ver o cidadão brasileiro reclamando e continuando a fazer as coisas erradas!


Água boa nos rios e lagos serve para beber, pescar, nadar, esportes náuticos, criação, decoração, enfim tudo. Atrai pássaros, turistas, gera renda para a cidade e acaba com mais de 70% das doenças registradas nos postos de saúde.  Já imaginou que orgulho se nossa cidade tivesse todos os seus rios limpos com águas cristalinas e cheias de peixes?  Onde você não teria vergonha de receber uma visita em casa e ficar explicando o mau cheiro que emana dos bueiros e bocas de lobo! Os maus cheiros ou fedores são produzidos pelos próprios moradores.
Cidades grandes com muitos milhares de habitantes como Mendoza e Córdoba na Argentina tem rios limpos e cristalinos que correm ao lado de calçadas e ruas e tem suas margens ocupadas por parques lineares cobertos de grama, flores e árvores. A população passa suas horas de lazer nesses lugares todos os dias de forma tranquila aproveitando a natureza oferecida. Não vamos ficar cobiçando outros bons exemplos. Podemos sim ser bons exemplos fazendo o que é certo. Seja inteligente: NÃO SUJE e NÃO POLUA NOSSOS RIOS E LAGOS.
                                                                
Degelo no Paso Peruhenche-Divisa Chile/Argentina

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Areias Monazíticas – Você Conhece?

Areia Monazítica

Quase fim de ano! Época de planejar as férias ir para a praia e relaxar. Aí você chegando na praia, resolve estender a sua toalha na areia, armar o guarda-sol e a cadeira de praia, mas...  ... bem naquele canto da praia tem aquela areia “suja” – preta, com uma consistência meio pastosa e estranha...
E agora: “que droga de poluição” você diz!  Sinto afirmar que você está muito enganado ou mal informado. Nem sempre o que parece “sujeira” é poluição ou esgoto nesse caso. Não confunda as tão famosas “línguas negras” de esgoto já tão desnecessariamente famosas nas nossas praias com a areia monazítica! As línguas negras correm pela areia formando um canal de areia fétida com água igualmente suja em direção ao mar. Diferentemente a areia monazítica espalha-se de forma homogênea por toda a superfície da praia, ocorrendo na maioria das vezes num canto da praia.

Praia do Cerro-Itajuba-Barra Velha-SC
Afinal o que então essa tal de AREIA MONAZÍTICA?
É uma ocorrência geológica proveniente da decomposição de alguns tipos específicos de granitos no período Pré-Cambriano ao longo da costa. Esses granitos ou gnaisses específicos contêm alguns minerais e metais pesados, que no caso da areia monazítica são a magnetita, ilmenita e o rutilo e alguns elementos radioativos como o radônio, rádio, gadolínio, tório e até urânio. Mas no caso das areias monazíticas, a presença mais intensa é do elemento químico radioativo Tório (Th-232) na forma de óxido de tório (ThO2).
A diferente composição das areias monazíticas influencia na sua cor aparente, variando de amarelo escuro, passando pelo marrom e chegando a cor preta. Essa composição também é determinante para estabelecer a quantidade de radiação emitida pela areia. O nome Monazita vem do grego “monazein”-que significa “estar solitário” pela raridade de seus afloramentos superficiais.  Segundo pesquisas as areias monazíticas possuem efeitos terapêuticos mais especificamente no tratamento de artrites, inflamações, gota, anemia e afecções alérgicas de pele. Alguns estudos indicam que as areias monazíticas seriam bons auxiliares no combate a diversos tipos de câncer. Existem controvérsias sobre os benefícios e malefícios oferecidos por banhos ou máscaras de areia monazítica, mas as pessoas que dela se utilizaram relatam melhoras na sintomatologia apresentada, motivada pela pequena quantidade de radiação sobre a pele, fato que estimula a circulação sanguínea. Não se sabendo com certeza sobre a quantidade e intensidade da radiação emitida ficará sempre a dúvida.


Polêmicas e controvérsias a parte, no Brasil existem diversos locais que apresentam areias monazíticas, como o mais famoso na Praia de Guarapari-Espírito Santo. Na Praia de Comuruxatiba no sul da Bahia e também na região norte de Santa Catarina, com afloramentos em Balneário Barra do Sul-(Praia das Salinas), São Francisco do Sul-(Praia do Itaguaçu) e pequena concentração em Barra Velha, mais especificamente na Praia do Grant e Praia do Cerro Em Itajuba.  No Espírito Santo a descoberta desse precioso mineral aconteceu no Século XIX por intermédio do engenheiro americano John Gordon que intermediou a retirada de areias monazíticas de forma clandestina para a Europa e Estados Unidos. Estima-se que mais de 200 mil toneladas do material foram contrabandeadas para fora do Brasil entre os anos de 1889 e 1951.
No fim do século XIX o principal uso do Óxido de Tório presente na areia monazítica capixaba e baiana era para a fabricação de lâmpadas e luminárias à gás. Mais tarde no início do século XX com o advento das grandes guerras mundiais esse elemento associado ao urânio (U-233) fabricado a partir do enriquecimento do tório presente nas nossas areias foi comercializado e contrabandeado para a fabricação de reatores nucleares em submarinos e no desenvolvimento de bombas nucleares. Na década de 1950 o Brasil foi “forçado” a decidir se enviava tropas para o oriente na famosa Guerra da Coreia ou em caso de negativa deveria ofertar areias monazíticas e “outros materiais de uso estratégico” para auxiliar os países aliados naquela disputa sangrenta que durou diversos anos.

Praia do Grant-Itajuba-Barra Velha-SC
Independente de polêmicas e disputas internacionais as areias monazíticas são afloramentos relativamente raros e mesmo que não haja nenhuma comprovação científica garantida 100%, devemos sim preservar e utilizar de forma racional nossas belezas naturais. Que fique bem claro e definitivo que as areias pretas nem sempre significam sujeira e nesses casos das nossas praias em Itajuba, são belas atrações naturais que embelezam ainda mais nossa cidade.
Aproveito essa coluna/blog para agradecer a todos que me acompanham, agradecendo a fidelidade e amizade que tenho recebido nos inúmeros emails que recebo. Nosso compromisso é com a verdade e mais respeito com um mundo mais bonito, limpo e agradável para todos nós. FELICIDADES a TODOS!!

Praia do Cerro-Itajuba-Barra Velha-SC


terça-feira, 8 de maio de 2018

Animais Migratórios



E de repente, mais uma baleia aparece nas nossas praias. Em poucos dias três espécimes de cetáceos encalharam na nossa orla. Tudo leva a pensarmos do motivo que levou em tão pouco tempo esses acidentes que vitimaram esses belos animais a se aproximarem tão perto ou por que elas, as baleias depois de anos sem “darem as caras” por aqui, agora viraram quase habituais.
Muitas espécies de animais sejam mamíferos como focas, lobos marinhos, golfinhos, baleias entre outros e também centenas de espécies de aves migram entre continentes e oceanos. Muitas espécies de peixes tartarugas entre outras espécies também migram. Mesmo grandes mamíferos terrestres como elefantes, girafas, ursos e outras demais espécies também migram em longos deslocamentos. Para estes hoje em dia existe a limitação imposta pelo crescimento populacional urbano e ocupação humana de áreas antes livres e acessíveis a estes animais.
Fica sempre a grande curiosidade do por que esse fenômeno tão interessante ocorre. Primeiramente não podemos nos esquecer de que o ser humano desde os primórdios tempos também migrava em deslocamentos pela terra. A primeira grande questão que foi descoberta sobre os deslocamentos migratórios refere-se a alimentação. Em regiões muito frias é normal haver uma gradual redução na oferta alimentar para qualquer ser vivo. A segunda grande questão é a indispensável questão reprodutiva onde já é sabido que com temperaturas mais agradáveis a reprodução das espécies se dá de forma mais natural.


A palavra Migração vem do Latim onde o termo “ migro “ significa “ ir de um lugar para outro”. Não confundir com Emigração que significa saída de um país para outro ou então com Imigração que significa a entrada em um outro país.  A Migração é a movimentação de vai e vem contínua sem que os indivíduos fixem local de permanência definitivos.
As atuais migrações são praticamente restritas a animais que vivem nas águas ou então aves. Essa característica peculiar acontece, pois não existem muitas interferências e obstáculos ao deslocamento como seria por via terrestre. Simplificando: Para as aves basta alçar voo e escolher um bom lugar para continuar seu ciclo de vida. Da mesma forma para qualquer peixe ou animal marinho basta nadar até alcançar seu local escolhido. O que intriga a todos os pesquisadores e cientistas são os locais escolhidos e as rotas tomadas para esses animais atingirem seus objetivos. Por que determinadas regiões ou locais bem específicos acabam por serem eleitos como ideais para a migração? Muitas vezes altas montanhas, lagos salgados e até desertos são escolhidos para a migração. É claro que na maioria das vezes, florestas, campos, ou no caso de peixes e assemelhados a migração ocorre sempre em busca de locais mais acolhedores com farta alimentação disponível e climatologicamente favoráveis.


Nossa localização geográfica no planeta, ao sul do continente Americano é rota obrigatória de inúmeras espécies que nos visitam ou apenas estão de passagem. Dia desses ouvi aqui mesmo em Barra Velha ruídos vindos de cima e qual não foi a minha surpresa de ver uma imensa revoada de flamingos cruzando nosso céu em direção ao sul. Nem precisamos citar nossa tão conhecida tainha que todos os anos nos brindam com sua visita. O mesmo ocorre com os camarões, sardinhas e demais peixes que durante sua passagem perto de nossas praias acabam sendo capturados em grandes quantidades. No caso desses e muitos outros, o seu deslocamento é motivado para a desova de forma a perpetuar as espécies. Isso torna tão importante o respeito ao período de defeso de pesca que é primordial para proteger essas espécies comerciais de sua extinção.
Outras espécies que atualmente encontram-se protegidas de captura como as tartarugas, tubarões, golfinhos, orcas e baleias também perpetuam seu ciclo migratório todos os anos e nos brindam com belas imagens quando podemos avistá-las. Claro que algumas vezes a aproximação em demasia proporciona o encalhe e possivelmente o óbito de alguns espécimes. Outras vezes esta aproximação se dá porque o animal está muito debilitado ou doente. Algumas vezes o animal acaba desorientado e levado pelas correntes marinhas também pode ficar preso a bancos de areia ou praias rasas.


A correta observação dos hábitos e ciclo de vida das mais diferentes espécies migratórias é importante para que possamos entender esse fenômeno e interferir o mínimo possível. Que fique bem claro que as alterações ambientais sempre existiram por motivações naturais, mas cada vez mais nota-se a interferência danosa do ser humano no ciclo reprodutivo e de vida de outras espécies. O frágil equilíbrio da cadeia alimentar existente na natureza está sendo drasticamente alterado quando buscamos de forma desenfreada e irresponsável interferir nesse ciclo. A busca sem critérios por proteína animal selvagem na alimentação de milhões de pessoas vem lentamente desequilibrando a balança da sustentabilidade do ecossistema.


Os acidentes de percurso como os recentes encalhes de cetáceos nas nossas praias tem levado cientistas a tentar descobrir a real causa desses fenômenos. Uns defendem a tese das alterações na direção das correntes marinhas. Outros defendem que a aproximação de animais de grande porte se dá pela diminuição de oferta de alimento nos oceanos. Outros tantos afirmam que questões climáticas como aquecimento ou esfriamento das águas motivam os incidentes recentes. A busca por respostas está longe de acabar, mas de uma cois podemos ter certeza: Devemos interferir o mínimo possível na natureza e no ecossistema natural! Quando mais intensas e recorrentes nossas interferências, mais graves e danosos serão os resultados apresentados.