Pinguins X Redes – Quem Perde Nesta Parada?

Pinguim no Centro de Recuperação de Animais da Penha-SC
Pinguim, nome dado genericamente a esta ave da família Sphniscidae.  É característica do Hemisfério Sul, especialmente na Antártida e mares austrais como Terra do Fogo e África do Sul.
Existem mais de 20 espécies conhecidas, mas entre elas o mais conhecido é o Pinguim de Magalhães (Spheniscus Magellenicus).   Esta espécie habita as zonas costeiras austrais da Argentina e do Chile, por vezes migrando para o Peru no Oceano Pacífico ou para o Brasil no Oceano Atlântico. Mede aproximadamente 70 centímetros na fase adulta chegando a 5 ou 6 kg de peso. Deslocam-se pelo mar em pequenos bandos de até 10 ou 15 elementos, podendo mergulhar a 90 metros em busca de alimento. Constam no cardápio preferido desses pinguins pequenos peixes, lulas, crustáceos e o camarão krill. Sua época de reprodução vai de setembro a fevereiro e isso acontece em grandes colônias já conhecidas e sempre repetidas por estas aves. Existem colônias conhecidas a mais de 100 anos no mesmo lugar.

O fato de que a migração dessas aves para águas mais quentes acontece quando o resfriamento das águas oceânicas mais ao sul atinge temperaturas muito baixas, visto que estes pinguins, ao contrário do que se acredita, preferem águas com temperaturas entre 5° C a 15 °C. Isso ocorre pela diminuição de oferta de alimento quando a temperatura das águas fica abaixo de 0°C ou perto disso.
Essas migrações em busca de alimento acabam por trazer estes pinguins perto da costa e em muitos casos acabam por ficarem presos a redes de espera (calão) colocadas por pescadores. Com o enroscamento dessas aves nas redes de espera, fatalmente elas sucumbirão, pois não mais conseguem se desvencilhar das malhas. Em redes de arrasto a incidência de óbito é minimizada, pois o pescador pode resgatar o animal, retirando-o da rede antes que o afogamento aconteça.

Pinguim morto na Praia Central
Infelizmente essas redes com malhas bem finas entre 10 mm e 40 mm e ainda anilhadas e ancoradas (feiticeiras) acabam por enroscar todo tipo de espécie marinha que passe na proximidade, causando enorme mortandade de todas elas. Aves marinhas como gaivotas, fragatas, mergulhões, pinguins e até tartarugas e baleias são rotineiramente flagradas em redes que originalmente serviriam apenas para peixes.  O fato de que a muitas dessas redes serem ilegais seja pela sua localização em distâncias irregulares da costa seja pela sua construção e constituição torna a pesca artesanal irregular e ilegal também. É preciso destacar que a Lei 9605/98  e a Portaria Ibama 54/99  entre outras deixam claro o que pode em relação a utilização de redes e o que é proibido. Uma coisa é certa, quem sempre acaba perdendo é a natureza e suas espécies que contra a busca pelo lucro sempre perdem a guerra do bom senso.
Rede feiticeira na Praia Central de Barra Velha
Deixar bem claro que a atividade dos pescadores artesanais, sua atividade e sua subsistência devem permanecer com o estrito cumprimento das leis vigentes.  A problemática acontece quando a pesca visa à obtenção de lucros pelas quantidades capturadas, o que descaracteriza a pesca artesanal como ela é definida em lei. A imensa quantidade de pinguins e tartarugas descartados nas praias próximas a centros pesqueiros e colônias de pescadores não é coincidência e evidencia o descumprimento às leis ambientais e do bom senso. As leis estão para que o ser humano e os animais consigam coexistir de forma que todos possam sobreviver respeitando-se mutuamente.  Até poucos anos atrás era normal de se encontrar espécimes ainda vivos nas praias. Hoje a mortandade multiplicou-se enquanto que o resgate vivo está em franco declínio. 

Tive a grata oportunidade de novamente visitar o Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) Univali em Penha e presenciar a rotina de recepção e tratamento dos animais que ali chegam, em geral muito debilitados ou feridos. Coordenado pelo Prof. Gilberto Manzoni e auxiliado por voluntários e funcionários como o estudante de Ciências Biológicas Silvano Mativzzi,(que me atendeu muito gentilmente) a Veterinária Dra. Adriana e a Oceanógrafa Gabrielle entre outros, desenvolvem um trabalho muito bonito na recepção e recuperação dos espécimes que lá são levados. No momento que lá estive havia 11 pinguins sendo tratados sendo que 4 deles muito fracos e debilitados. Passei uma tarde agradável junto aos simpáticos pinguins aprendendo mais um pouco de como proceder em contato com estes animais.
Pinguim resgatado sendo alimentado

Pinguins já recuperados
Recomendação nº 1 quando encontrar um pinguim: Ele NÃO é um bicho de estimação.  Nº 2: Com bastante cuidado para não ser bicado e não machucar o pinguim, coloque-o numa caixa e leve-o ao CTTMar-Univali no município de Penha-S.C.  situado na Av. Itacolomi, 228 – fone: 3345-5980. Com certeza lá eles darão todo cuidado e carinho que estes simpáticos bichinhos merecem. Vamos preservar a vida, o Meio Ambiente agradece.

 
Pinguim morto na Praia do Cerro em Itajuba-Barra Velha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário