sábado, 10 de dezembro de 2016

Barra Velha 55 Anos – Vamos Comemorar?

SERÁ???  Tubulação de rio transformado em esgoto na Praia Central de Barra Velha
Nesta semana no dia 7 de dezembro a nossa querida Barra Velha completou o seu 55º Aniversário de Emancipação. Alguns festejos aconteceram de forma protocolar e habitual para essa nossa jovem cidade que está a crescer.
Temos realmente a algo a comemorar?  A cidade está crescendo de verdade? O que podemos festejar? Tomei a liberdade de percorrê-la de ponta a ponta, nesta semana do aniversário,  desde a divisa com Balneário Piçarras até as trilhas do Parque do Peabirú ( um sonho não realizado). Desde as suas 7 praias com quase 20 quilômetros até os bairros mais distantes como Vila Nova, Sertãozinho e Vila Paraguai.  Você sabe o que eu vi para comemorar? Quase nada!!
Nossa cidade cresce sim, mas desordenadamente onde a prioridade são os empreendimentos imobiliários executados sem critérios corretos levando a cidade toda a ser caótica e sem infraestrutura indispensável a um bom desenvolvimento. Basta caminhar em qualquer rua do centro da cidade ou dos bairros. Casas construídas dentro da área de domínio público não respeitando as ruas e calçadas. Novos edifícios surgindo em faixas bem próximas à beira-mar sem nenhuma infraestrutura básica municipal instalada. Propriedades rasgando e destruindo a Mata Atlântica na região dos bairros Vila Nova e Quinta dos Açorianos, onde deveria ser Área de Proteção Ambiental segundo a legislação. Árvores sendo cortadas nos logradouros e em seu lugar vemos a proliferação de palmeiras e flores exóticas que a população termina por roubar. Valetas abertas infectadas por esgotos exalando cheiros e proliferando insetos e doenças.
Valetas com esgoto e mosquitos por toda a cidade- Quinta dos Açorianos
Passamos mais 4 anos dessa gestão que iniciou em 01/01/2012 e finda em 31/12/2016 sendo ludibriados com as eternas falsas promessas nunca cumpridas! Só para lembrar a todos cito aqui todas as 12 (doze) propostas apresentadas pelo ainda Governo Municipal por ocasião de sua posse:
Ø Criação do Parque das Nascentes.
Ø Criação do Museu de Ciências Naturais.
Ø Desenvolver ações para a proteção de APPs e restinga.
Ø Incentivo a implementação do Parque do Peabiru.
Ø Ampliação de áreas verdes no município.
Ø Ciclo de palestras educativas e ambientais nas escolas.
Ø Estudo para identificar áreas de risco no município.
Ø Implantação do Jardim Botânico.
Ø Dragagem do Rio Itajuba e afluentes.
Ø Criação do Programa de Proteção da Praia da Península.
Ø Implantação da coleta seletiva de lixo.
Ø Capacitação de Agentes Ambientais.

Sim meus amigos leitores, tudo isso foi prometido, mas nada cumprido com exceção da tresloucada e malfadada ação de dragagem do Rio Itajuba que nunca deveria ter sido executada da forma como foi! Risíveis se não ridículas foram algumas promessas como: criação de um Jardim Botânico ou criação do Parque das Nascentes, ou ainda o que esperar de uma promessa de ampliação de Áreas verdes de uma administração municipal que tem como meta cortar árvores em todos os logradouros públicos e incentivar o desmatamento com objetivos imobiliários! Não que não fossem desejáveis, mas se nem o básico temos como prometer castelos?
Palmeiras plantadas(irregularmente) na praia Central
Molhe no Rio Itajuba
Passaram 55 anos da existência da nossa cidade e na contramão do desenvolvimento sustentável praticado em quase todo mundo, Barra Velha vai lentamente destruindo as suas belezas naturais que a diferenciavam de outros lugares tornando-se apenas mais uma cidade igual e desestruturada como muitas outras.
O desenvolvimento é desejável sim, mas não a qualquer preço. Não se priorizam ações básicas como saneamento básico com tratamento de esgotos e água abundante e de qualidade. As áreas verdes estão sendo transformadas em loteamentos e edifícios não sustentáveis. Nada se pensa em como solucionar o crescente problema de destinação de resíduos domésticos e de construção civil. A parte mais assustadora de todos esses problemas é que de forma completamente irresponsável a administração pública sorrateiramente mutilou e depois engavetou as salutares e benéficas mudanças contidas na formatação do então novo e natimorto Plano Diretor.
Devastação da Mata Atlântica em área de APP - Quinta dos Açorianos
Mais um aniversário de Barra Velha passa e perpetuamos os maus hábitos ambientais e ecologicamente incorretos amparados em licenças ambientais criminosas travestidas de legalidade que não se enquadram na legislação vigente. Fingir que algo está sendo feito é pior do que não fazer nada! Essa prática aviltante leva os incautos a acreditarem em obras inúteis e maquiadas que servem apenas ao propósito de que recursos naturais e financeiros sejam dilapidados ou subtraídos.
Lixo abandonado ao lado de placa avisando sobre APP

Devastação de área ambiental para exploração de saibro.- Itajuba
Mais de meio século passou diante dos nossos olhos e a cidade continua a utilizar-se de métodos ultrapassados já tornados ilegais ou simplesmente inúteis, como justificativa a um desejável desenvolvimento. Acredito que todos, sem exceção, querem uma cidade desenvolvida e bonita para se viver e isso se consegue com o cumprimento das leis e boa vontade da administração pública. Dar o bom exemplo assumindo sua responsabilidade funcional e legal é primordial de qualquer administração ou gestor que se habilite a cuidar de uma cidade. Todos já estão cansados de promessas não cumpridas e denúncias sobre gestão dos administradores municipais que se enfileiraram e se repetem no poder público municipal nos últimos anos.
Entulho depositado em APP- Itajuba
Encerro esta coluna que deveria ser comemorativa e alusiva a uma festa de aniversário como um lamento e alerta a todos que como eu, gostam de verdade de Barra Velha. Nossa cidade pode e merece muito mais do que tem sido feito até então, e assim sendo desejo de coração que cada um faça a sua parte demonstrando em ações e atitudes que realmente ama esta cidade. FELIZ ANIVERSÁRIO BARRA VELHA!!! Continuamos a sonhar e esperar por uma cidade linda e limpa!
Lixo depositado à beira da Praia do Tabuleiro

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Tsunamis e Ondas Gigantes


As notícias que são publicadas ou informadas na mídia em geral sempre foram pautadas em busca do ineditismo e sensacionalismo de forma a atrair a atenção do grande público. Nada muito tímido ou acanhado chama a atenção do ser humano então dessa forma uma forma de canalizar olhos e ouvidos é aumentar um fato ou acontecimento.
Ocorrências e cataclismos naturais sempre aconteceram sobre a face da terra desde que se tem qualquer registro. É histórico e até bíblico que terremotos, atividade vulcânica, enchentes e alagamentos sempre estiveram presentes ao cotidiano de muitas pessoas ao redor do mundo. Mais recentemente incorporou-se a esse seleto grupo de fenômenos naturais um vocábulo até então estranho e desconhecido, o Tsunami.
A palavra Tsunami adaptada da língua japonesa “tsw nä mi” que literalmente significa  - tsw – porto, ancoradouro e – nä mi – onda ou mar começou a ser conhecida cada vez mais do lado ocidental do mundo. A grande incidência de Tsunamis na face mais ao oriente e especificamente em áreas circunvizinhas ao Oceano Pacífico tem sua explicação no fato de que naquela região a atividade vulcânica e terremotos são muito mais comuns do que na parcela ocidental do globo terrestre. É sabido que grandes movimentações de placas tectônicas e erupções vulcânicas intensas são os gatilhos deflagradores de possíveis ondas gigantes e Tsunamis.

O primeiro registro que se tem sobre um Tsunami é do ano de 1692 ocorrido em Port Royal na Jamaica tendo sua origem em um terremoto seguido por um maremoto (terremoto submarino) e destruiu 70% da cidade causando a morte de mais de 3.000 pessoas. O Tsunami mais famoso até 2004 foi o ocorrido na Ilha de Krakatoa na Indonésia em agosto de 1883 quando o Vulcão Krakatoa explodiu provocando ondas de até 40 metros de altura e causou a morte de mais de 36.000 pessoas. Seus efeitos foram sentidos em toda a terra por mais de 18 meses, pois marés foram afetadas em todos os oceanos e a poeira levantada pela explosão mudou as características do nascer e pôr do sol e queda da temperatura da superfície da terra.  Em 2004 também na Indonésia aconteceu o terremoto Sumatra-Andaman também intensamente divulgado na mídia e com intensidade de 9,3 na escala Richter deflagrou o Tsunami que atingiu 14 países e causou aproximadamente 230.000 mortos. Até países como a África do Sul, distante mais de 10.500 km foram atingidos e tiveram vítimas registradas! Este evento alterou o posicionamento do Polo Norte em aproximadamente 2,5 cm e alterou definitivamente e de forma sutil muitas características climáticas e geográficas ao redor do planeta. Em tempos mais recentes o fenômeno mais devastador e intensamente registrado e divulgado foi o ocorrido em 2011 na cidade de Fukushima na costa leste do Japão, quando atingiu a intensidade de 9,0 na escala de Richter que vai até 10,0!

Desde que começou a se tornar mais frequente a ocorrência de Tsunamis, já foram registradas 18 ocorrências significativas em todo o globo, dessa forma merecendo uma atenção e um cuidado específico com seus efeitos devastadores em regiões costeiras. A intensidade crescente de fenômenos geológicos e meteorológicos tem sido registrada nos últimos anos e a poucos dias um acontecimento denominado de Tsunami Meteorológico aconteceu no litoral sul de Santa Catarina, atingindo as cidades de Tubarão. Estes eventos apesar de assustadores e também devastadores são pontuais e podem ter seus efeitos minimizados quando se observa a formação de tempestades nas bordas litorâneas principalmente durante a primavera e o verão quando mudanças climáticas bruscas provocam esses fenômenos.

Interessante é saber distinguir Tsunamis de ondas gigantes pois os primeiros ocorrem esporadicamente em regiões onde normalmente as marés são ritmadas e tranquilas enquanto que ondas gigantes são habituais em diversos pontos do planeta como  as famosas Mavericks Na costa da California, Jaws no Hawai, Cortez Banks também na California, Waimea também no Hawai e Todos os Santos na costa Mexicana. Novamente chama a atenção o fato de que todas essas ondas gigantes acontecem nas bordas do Oceano Pacífico denotando uma natural predominância desses fenômenos no maior oceano do mundo. As ondas gigantes são o sonho e também pesadelo de muitos esportistas aficionados pelo surf que buscam desafiar as verdadeiras paredes de água que se apresentam. Todas as citadas apresentam ondas superiores a 15 metros de altura e as recordistas são as Mavericks chegando a 22 metros. Os Tsunamis não têm medidas definidas de tamanho de onda e como exemplo podemos citar o Tsunami de Fukushima com onda de 12 metros enquanto que os ocorridos na Indonésia superaram 30 metros de altura.

Impedir que esses eventos aconteçam é impossível, bem como prever a sua ocorrência. A prevenção e atenção aos sinais que a natureza envia antes dos acontecimentos sim tem extrema importância. Outro fato a ser levado em consideração são as alterações impactantes que o ser humano promove na superfície do planeta e abaixo dela quando realiza perfurações em busca de minerais, água ou outros recursos naturais.  A frequência e consequências causadas por fenômenos geológicos e meteorológicos são partes de algumas atitudes impensadas que executamos. Do resto a natureza é soberana.