quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Praças, Parque, Reservas Naturais e outros...


Trilha para a Cachoeira do Farofa - Parque Nacional da Serra do Cipó-MG.
Tenho viajado muito pelo nosso Brasil e também exterior sempre focando nossas expedições em belezas naturais, cultura local e belezas cênicas preferencialmente moldadas pela natureza.
O que precisamos deixar bem claro em primeiro lugar é a busca pela natureza. Deixando o consumismo em segundo plano, o que leva pessoas a procurarem a natureza como destino de suas férias é a busca pela paz, simplicidade e segurança oferecida por destinos que não tenham grandes concentrações populacionais ou simplesmente o afastamento da rotina diária em centros urbanos.
Todas as vezes que viajamos seja para qualquer destino escolhido; cidade, campo, praia, montanha pode ter a certeza de que uma praça, um parque, uma reserva ambiental ou uma atração natural será sempre o alvo que miramos para conhecer. Sim conhecer, pois o conhecimento é infinito e já morreu quem acredita dominar qualquer pequeno nicho deste universo de informações.
Temos visto a grande maioria das cidades em muitos países e aqui mesmo no Brasil dando destaque para suas áreas verdes. Podem ser desde pequenas praças arborizadas a parques urbanos com maior dimensão chagando por fim a grandes reservas ambientais com concentrações significativas de vida natural vegetal e animal.  Cidades cosmopolitas como Nova York, Tóquio, Buenos Aires, Santiago, entre outras centenas de exemplos ganham destaque. Outras menores como Curitiba, Jaraguá do Sul privilegiam e presenteiam seus habitantes com vastas áreas verdes tão necessárias e acolhedoras ao lazer ou apenas a poucas horas de contemplação e descanso.

Parque Estadual do Biribiri - Diamantina - MG.

Placa informativa da RPPN-Caraça - MG.

Trilha do Parque Municipal do Japi - Jundiaí - SP
Parques Municipais, Estaduais e Nacionais pipocam por todos os cantos do nosso Brasil, apesar de políticas públicas ainda acanhadas e amadoras. São esses lugares que a cada dia ganham mais visitantes e atraem de todas as partes novos interessados em desfrutar a beleza e tranquilidade que áreas verdes e naturais proporcionam ao ser humano. A natureza é um verdadeiro ímã para atrair o homem em busca de sua essência. A cada dia mais pessoas motivam-se a proteger o meio-ambiente. Cada vez mais pessoas engajam-se e buscam melhorar sua qualidade de vida protegendo o que de mais belo temos a desfrutar, a natureza!
Em recente viagem ao norte do estado de Minas Gerais, tive o imenso prazer em conhecer o Parque Nacional da Serra do Cipó. Também a APA Reserva da Serra do Japi no município de Jundiaí, interior de São Paulo.  Também o Parque Estadual do Biribiri coladinho à mineira cidade histórica de Diamantina, rota final da centenária Estrada Real que ligava o litoral fluminense a região das famosas Minas Gerais.  Como deixar de mencionar o Parque Natural do Caraça na Serra do Espinhaço interior de Minas Gerais que já serviu de lugar de meditação dos padres vicentinos e acolhida e hospedagem dos Imperadores D. Pedro I e D Pedro II.  Todos esses parque e reservas ambientais valorizando e preservando seus rios, matas e formações naturais que de tão belas acabam por nos fazer esquecer de sua importância no equilíbrio da vida e da sobrevivência de nossa espécie.

Chegando a RPPN - Parque do Caraça - MG
Parque Nacional, Parque Estadual, RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural),  Estação Ecológica, APA (Área de Preservação Ambiental, APP (Área de Preservação Permanente) e as mais diversas nomenclaturas utilizadas para designar áreas e regiões protegidas são apenas nomes que na sua essência buscam mostrar a importância de sua existência. Sem a participação efetiva de uma sociedade consciente e atuante nada disso tem valor ou duração. Basta saber que em conversas com administradores dessas reservas descobrimos que a maioria delas iniciou com a mobilização da sociedade civil que pressionou o poder público para a implantação das unidades. Muitas continuam sendo administradas  como RPPNs e contam com a supervisão do ICMBio apenas como assessoria técnica e legal. Outras como Parques Nacionais sim são orientadas e mantidas pela União na sua determinação legal de ser responsável pelas UCs.




Qualquer cidade pode fazer a sua parte na criação e manutenção de uma UC (Unidade de Conservação). Basta boa vontade política e ter uma sociedade engajada.  Pesquisamos nos inúmeros parques e UCs que visitamos e descobrimos que o maior entrave para a criação e manutenção de uma área verde natural é a desinformação e falta de vontade política. Muitos administradores municipais e estaduais ainda não abriram os olhos e mentes sobre a verdadeira mina de ouro que é a preservação ambiental na forma de Unidades de Conservação. O turismo contemplativo, esportes de aventura, bem estar e saúde são apenas alguns benefícios promovidos pela existência de praças, parques e reservas naturais.  Até mesmo o incremento financeiro municipal acaba sendo alavancado com a instalação dessas unidades conservacionistas que acabam por atrair mais negócios sustentáveis na localidade.
A esperança que novas gerações de administradores públicos com consciência ambiental surjam num futuro próximo ainda é apenas uma esperança.  Enquanto o foco dos atuais é apenas financeiro e desenvolvimentista sem qualidade de vida e sem sustentabilidade,  poucas esperanças teremos num futuro melhor e mais promissor.

  
Parque da Cidade - Jundiaí- SP.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Tartarugas, Golfinhos e Outros Animais nas Nossas Praias

Tartaruga verde
A exatos 2 anos  escrevi aqui no meu blog o tema sobre a luta PINGUINS X REDES – Quem perde Nessa Parada? A resposta já sabemos.
Hoje volto ao tema, mas com o mesmo enfoque sobre a intensa mortandade de tartarugas e outros animais marinhos que estão aparecendo nas praias catarinenses.  Não é de hoje que manifesto minha indignação com o fato que de forma lamentável tem se tornado rotina. Basta caminhar qualquer dia a qualquer hora que se encontram diversos animais mortos nas areias das praias.
Até na semana passada ainda postei em redes sociais sobre o que tem acontecido e a grande repercussão levou-me a reflexão sobre a motivação dos acontecimentos. Entre as dezenas de manifestações favoráveis e de apoio, apareceram uma ou duas fazendo críticas ao meu posicionamento inclusive com ameaças, algumas veladas outras explícitas.  De antemão aviso que ameaças não me atingem nem afligem e apenas demonstram a truculência e o desrespeito às leis vigentes no nosso país. O que fica claro e concreto é que sim existem muitos profissionais da pesca que ainda acreditam que burlando a legislação e praticando crimes ambientais estarão levando alguma vantagem. Ledo engano; os maiores prejudicados no descumprimento legal ambiental são exatamente os profissionais que se acham espertos e se aproveitam da leniência e marasmo das autoridades ambientais.

Mais uma das inúmeras tartarugas encontradas mortas nas nossas praias.
 
Tartaruga encontrada com pedaços de rede e chumbos presos nas nadadeiras
Neste ano imensa quantidade de Tartarugas Verdes (Chelonia mydas) e de Tartarugas Comuns ou Cabeçudas ( Caretta caretta) tem aparecido mortas com ferimentos nas nadadeiras. Não é especulação é um fato que pode ser comprovado e que já flagrei com registros fotográficos. Por que isso acontece? Pela proximidade de redes de espera ancoradas ilegalmente a poucos metros da arrebentação e da areia! Minha indignação multiplica-se quando flagro nos espécimes mortos pedaços de rede com chumbadas ainda enrolados nas nadadeiras e pescoços dos quelônios.  Todos os pescadores sabem da proibição de captura dessas espécies e dessa forma quando acontece a malhada de alguma tartaruga, cortam rapidamente suas redes para livrarem-se do flagrante crime ambiental que lhes pode render apreensão de todo material, multas pecuniárias, restrição de direitos, restrição de liberdade entre outras punições.
Mas a realidade diária é um pouco diferente. A incompetência dos órgãos ambientais municipais, a morosidade e falta de vontade dos órgãos estaduais e federal acabam por tornar as leis como letras mortas! A Portaria 1.522/1989 do IBAMA que trata especificamente dos animais marinhos em extinção no Brasil deixa clara a proibição dessas espécies. A Lei Federal n° 9.605/1998 que versa sobre crimes ambientais deixa claríssimo e sem nenhuma dúvida do que é proibido na morte e/ou captura de animais listados em situação de risco. Sempre se ouve a desculpa de que a captura não é voluntária, chamada de captura incidental, mas não se pode aceitar o rótulo de uma captura involuntária quando se colocam redes ilegais em locais proibidos e não contemplados pela legislação! Agindo contra a lei, assume-se voluntariamente o risco de cometimento de crime.

Toninha morta por ferimentos provocados por redes de pesca

Golfinho vitimado por redes ilegais e criminosas
Para fazer indesejada companhia às tartarugas vemos golfinhos, botos e toninhas também perecendo ante a irresponsabilidade de alguns que se autointitulam  profissionais da pesca.  Vejo que diante da incompetência de organismos legais e oficiais em lidarem com o problema quero deixar claro que a quebra da cadeia alimentar da natureza produz danos irreversíveis. Quando o único ser que destrói seu habitat de forma consciente é o humano, restam-nos poucas alternativas de um futuro promissor. Fico a refletir que com tanta tecnologia e tanto conhecimento adquirido ao longo dos séculos, o bicho homem ainda não descobriu que ele NÃO É A PARTE MAIS IMPORTANTE DA NATUREZA! 
Pouco se faz para proteger a todos os seres viventes. O foco da humanidade desumana é e sempre foi a motivação financeira. Mata-se e destrói-se tudo à volta em nome da esfarrapada desculpa de que precisamos “sobreviver”! Sobreviver com dinheiro, à custa de um enorme débito da natureza que já está operando a muito tempo no “cheque especial”!  O rombo que por décadas ou séculos estamos provocando possivelmente nunca mais terá saldo suficiente para recuperar essa conta ambiental. Resumindo em poucas palavras: Matamos a tudo e a nós mesmos em troca de alguns trocados!
Pobres tartarugas, golfinhos, botos, toninhas, pinguins, peixes e crustáceos que diante da voracidade e estupidez humana pagam com suas vidas inutilmente apenas para aplacar a sede humana por dinheiro. Quando nada mais restar o que iremos fazer?

Dessa forma peço encarecidamente a todos que sejam mais humanos e protejam o ambiente onde todos vivemos.  É questão de auto-sobrevivência! É questão de inteligência!


segunda-feira, 7 de agosto de 2017

DENÚNCIA - O Que Acontece Com Nosso o Meio-Ambiente em Barra Velha?

Devastação no Bairro do Itinga
Não é de hoje que o Brasil ganha destaque quando se fala em ativismo ambiental.  Algumas vezes são ações positivas, mas na sua esmagadora maioria os destaques negativos se sobrepõem multiplicadas vezes.
Exemplificando podemos tomar o destaque negativo dado ao Brasil, quando a comitiva presidencial de nosso país foi recebida pela alta cúpula diplomática e executiva da Noruega, país situado ao sul da península escandinava.  Até então esse país, como diversos outros,  mantém uma política de incentivos e apoios financeiros ao cuidado ambiental e a iniciativas que alavanquem a preservação de biomas e processos de recuperação de áreas degradadas.
Nada mais surpreendente do que as expressões de espanto de autoridades brasileiras, entre elas o Ministro do Meio Ambiente Sarney Filho e o próprio Presidente da República Michel Temer, quando a Primeira Ministra norueguesa Ema Solberg e o Ministro do Meio-Ambiente Vidar Helgesen anunciaram sem nenhum rodeio o corte de mais de US$ 200 milhões de dólares  anuais que aquele país investe em áreas de conservação (UCs) aqui no Brasil. Péssimo mesmo foi assistir à lamentável tentativa de diminuir o impacto com declarações tipo: “ juro por Deus que estamos fazendo o melhor pelo meio-ambiente no Brasil”. Ou então: “estamos adequando a legislação para cumprir nossos acordos ambientais!”
Vindo de políticos despreparados que estão preocupados apenas com os aportes financeiros advindo de outros países, pode se esperar qualquer tipo de mentira. O que falar então das mais de 60 multas aplicadas contra a empresa SAMARCO em Mariana-MG totalizando mais de R$ 23 bilhões de reais, das quais apenas pouco mais de R$ 123 milhões estão sendo pagas num prazo de 60 meses! O Rio Doce continua morto e as ações de recuperação são inúteis e incipientes, prejudicando milhares de pessoas e o meio ambiente permanecerá irrecuperável, como atentam ambientalistas e pesquisadores.
Não precisamos ir muito longe quando se detecta desrespeito ambiental e sublimação de leis e boas práticas de conservação. Na nossa cidade de Barra Velha as práticas agressoras ao ambiente onde vivemos acontece quase todos os dias, muitas vezes travestidos de  “desenvolvimento” ou então na sua forma mais vil e mentirosa como “geradora de emprego e renda”!


Supressão ilegal de reserva de mata


Aterramento de rio e nascente


Na semana passada recebi denúncia de produtor rural na região do bairro do Itinga II onde, comprovei localmente com as fotos que ilustram essa postagem, a devastação de área de Mata Atlântica ainda virgem com o intuito de execução de empreendimento empresarial. As suspeitas caem sobre um conhecido empresário da região que já tem histórico de maus tratos ao meio ambiente, mas nesse caso existe o agravo, pois segundo a denúncia recebida ele é assessorado por também conhecida empresa de assessoramento ambiental da cidade de Barra Velha!
Tudo vexatório, criminoso e reprovável se ainda não pudesse ficar pior: Barra Velha acaba de ser incluída e contemplada num plano muito bem elaborado pela AMVALI (Associação dos Municípios do Vale do Itapocu) onde se pretende executar a recuperação e manutenção das nascentes de água da região. No caso em questão, o denunciante e o infrator, seu vizinho, possuem terras abrangidas pelo plano de recuperação, com o simples objetivo de salvar as nascentes e cursos d’água do município e região.


Desmatamento para construções irregulares


           O visível desmatamento e consequente aterramento do curso d’água no local da denúncia é criminoso, ainda mais quando se sabe que o riacho é um dos afluentes do Rio Itinga que serve como fonte de abastecimento de água para o município. Fica a pergunta se os órgãos ambientais não sabem do acontecimento, ou estão omitindo-se de suas responsabilidades.
O projeto da Amvali no valor de R$ 2,9 milhões foi assinado num Termo de Colaboração com o Ministério do Meio Ambiente e terá a duração de 4 anos.  A simples objetivação desse plano nada mais é do que oferecer a todos os moradores água de qualidade e em quantidade adequada. Na primeira etapa acontecerá a mobilização de proprietários rurais que possuem imóveis em áreas de nascentes e déficit de mata ciliar nestas e nos rios. A segunda etapa será focada na elaboração, implementação e monitoramento da recuperação florestal nos imóveis dos proprietários que assinaram o termo de compromisso. Na terceira e última etapa a realização do Plano Regional de Pagamento por Serviços Ambientais. 
De outra forma somos obrigados a conviver diariamente com crimes ambientais praticados por todo tipo de pessoa, onde mais uma vez toda uma população é penalizada pelo gravíssimo fato de leis não serem cumpridas. Denúncias são encaminhadas a diversos segmentos como órgãos ambientais municipais, estaduais e federais.  As mesmas são apresentadas à Justiça e Promotoria Pública, mas a inércia e inépcia associadas ao marasmo levam tudo para a mesma vala do abandono e esquecimento. Já ouvi todo tipo de desculpas para processos não se encaminharem. Nada mais é novidade após estarmos a 21 anos lutando pela preservação ambiental da nossa região. A coluna que escrevo aqui no meu blog acaba sendo uma forma de desabafo após tanta injustiça e iniquidade que presenciei ao longo dos anos. Ameaças então foram inúmeras!
Hoje lutamos pelo mais precioso bem da natureza; a ÁGUA!!! Lamentavelmente poucas são as pessoas que se dão conta de que ela, a água, já está faltando em muitos lugares e onde ainda existe sofre agressões como essa que está acontecendo no bairro do Itinga II em Barra Velha.

Aterramento de nascente de afluente do Rio Itinga


Verdadeiramente preocupante está a situação de oferta de água de qualidade para o consumo e pior ainda a situação em que se encontra a problemática do tratamento de esgotos e efluentes no nosso estado. Somos um dos estados com piores índices de cobertura desse serviço no Brasil!  Ficamos sempre entre ações sustentáveis e protetoras do meio ambiente e desmandos e desatinos criminosos praticados na calada da noite por pessoas sem escrúpulos que só estão a pensar na sua renda pessoal sem nenhum benefício comum! De que lado você fica??


Estradinha aberta que dá acesso ao empreendimento irregular