Abricós, Sombreiros, Coqueiros...




...“Barra Velha tuas matas,
Tem Ipês e Manacás,
Dentro delas tem também, Colibris e Sabiás.”...

Essa 2ª estrofe do Hino de Barra Velha mostra que quando a cidade foi fundada e ainda muito antes disso a exuberância da mata nativa que aqui havia merecia até ser incluída no Hino representativo do município.
Hoje muitas décadas depois a realidade é bastante diferente. A ocupação urbana tem levado a gradual redução das matas nativas e junto com elas a grande parte das árvores nativas que aqui predominavam.  Os Ipês, Manacás, Guarapuvus, Canelas, Angicos, Araçás, Aroeiras, Jatobás, Perobas, Jabuticabas, entre mais de 120 espécies de árvores nativas quase não são mais vistos, até porque as matas nativas em si também não existem mais.

Muitas dessas espécies nativas têm crescimento lento e muitas também não tem sombreamento e nem porte avantajado. Afinal a característica da Mata Atlântica outrora predominante é a grande concentração de arbustos, cipós e árvores de baixo porte, todos entremeados com a ocorrência de espécies maiores em número bem menor e pontual.  Com a necessidade que o ser humano tem de tornar mais confortável sua sobrevivência descobriu-se que era imperativo o replantio de vegetação. Esse replantio por vezes ocorreu de forma intencional e muitas vezes acidental.
Rua com abricós de um lado e sombreiros de outro.
Atualmente espécies conhecidíssimas por todos como o Abricó (Labramia bojeri), o Sombreiro ou Amendoeira (Terminalia catappa) e até mesmo o Coqueiro (Cocos nucífera), mais conhecido como Coco da Baía, são vistas em muitos  lugares, principalmente ao longo da costa brasileira.  Cito elas pontualmente, pois nenhuma delas é historicamente nativa do Brasil.  O Abricó é original de Madagascar na Costa Africana, o Sombreiro vem da região da Indonésia e Taiwan e o tão famoso Coqueiro da Bahia ou baía vem das costas do Oceano Pacífico mais especificamente da Ásia. Tal fato tem uma razão, e aí entramos no campo da eterna disputa entre espécies ditas NATIVAS e outras chamadas de EXÓTICAS. Essa denominação de NATIVA é dada pelo ser humano para distinguir espécies que originariamente tem histórico ancestral de terem aparecido e multiplicado em determinado lugar, enquanto que a outra, EXÓTICA , foi a nomenclatura dada a espécies encontradas em local não considerado historicamente como seu habitat original.

Causa até surpresa saber que o famoso Coqueiro só apareceu no Brasil por volta de 1553 nas costas do estado da Bahia por terem sido trazidas em expedições portuguesas provenientes do Cabo Verde. Especula-se que eram utilizados como alimento a bordo das embarcações e também como lastro para estabilizar a navegação em alto mar. Na verdade tanto o abricó, o coqueiro, o sombreiro e muitas outras espécies acabaram se espalhando pelo planeta sendo trazidos por correntes marítimas, embarcações ou até na migração, por animais, colocando em dúvida a eterna “guerra” entre as espécies ditas NATIVAS x EXÓTICAS. Afinal se as espécies taxadas como exóticas já se adaptaram bem a muitos séculos em outro local, fatalmente deveriam ser reclassificadas como nativas pois já fazem parte do cotidiano do local que as acolheu.

Atualmente o Sombreiro, o Abricó, o Coqueiro e muitas outras árvores têm a sua preferência garantida pelo seu crescimento rápido, sombreamento e paisagismo em reflorestamentos urbanos onde a mata original foi suprimida pelas atividades humanas. Uma árvore de araçá bravo ou um Ipê, entre outras ditas nativas dificilmente supririam a necessidade humana de rapidez no crescimento e no sombreamento desejado em áreas limítrofes a construções e habitações. A falta de informações e pseudo-ambientalismo extremista leva a posicionamentos equivocados como erradicação de árvores que suprem a necessidade humana  tornando mais agradável o meio ambiente. Respeitar o meio ambiente não significa atos equivocados como suprimir árvores até então consideradas por alguns como exóticas. Ambientalismo correto é conseguir respeitar a diversidade e multiplicidade de espécies que nos rodeiam, evitando rotular e segregar seres vivos de qualquer natureza.


 Só para lembrar, tanto o Abricó, quanto o Sombreiro e o Coqueiro produzem frutos comestíveis em diversas formas de preparo.  A natureza está sempre em constante evolução e modificação, basta o ser humano não interferir de modo tão agressivo sobrepondo-se as leis da natureza.  Assim sendo, aceitar e cuidar de todas as espécies de forma planejada e correta é questão de sabedoria, afinal não existe espécie mais exótica do que o ser humano em si. 

2 comentários:

  1. olá, Marcos, feliz de te "visitar " aqui. seu blog está super informativo e leve ao mesmo tempo. Parabéns!

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    1. Obrigado minha amiga, veja as demais matérias que publiquei no Jornal Folha Parati aqui no meu blog! abraços e beijos.

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