Nossa Vegetação de Restinga

                                     Nossa Vegetação de Restinga

Muito se fala sobre a preservação da mata de restinga que existe ao longo da nossa orla marinha. Mas para entender melhor sobre o assunto é preciso saber primeiro o que é e como se forma a restinga.

Vegetação de restinga preservada na Praia do Cerro-Itajuba
Restinga é o espaço geográfico formado por sedimentação e depósitos arenosos situados ao longo da linha da costa, podendo ou não, ter cobertura vegetal nas suas diversas formas.  Comunmente chamamos de restinga a vegetação a beira mar, mas isso não é correto. Simplificando: A restinga é um terreno arenoso e salino próximo do mar originado e constituído de areia e sedimentos.  A vegetação de restinga é claramente definida pela Resolução n° 07/1996 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) que diz: “Vegetação de restinga é o conjunto de comunidades vegetais fisionomicamente distintas sob influência marinha e fluvio-marinha distribuídas em mosaicos ocorrendo em áreas de grande diversidade ecológica, sendo consideradas endáficas, por dependerem mais do solo onde estão do que do clima”.


Dessa forma fica bem explicada a diferença entre restinga e vegetação de restinga. A função essencial da vegetação de restinga é a fixação das dunas e depósitos arenosos situados ao longo da faixa da costa, e onde ela é incipiente ou inexistente, nota-se com clareza o transporte e deslocamento da areia pela ação dos ventos e chuvas. Em locais onde a natureza ainda é soberana e não ocorre a presença humana, esse deslocamento de areia e dunas é um espetáculo muito bonito de ser apreciado, e temos exemplos disso aqui na costa catarinense, mais ao sul, especificamente na região de Imbituba, Itapirubá e também nas famosas dunas da Praia da Joaquina em Florianópolis.  Na nossa cidade de Barra Velha, também temos dunas muito bonitas na região da Praia da Península, e nesse lugar elas não se deslocam por existir a ocorrência de vegetação de restinga que fixa a areia mantendo as dunas na sua forma e permitindo a retenção de eventuais sedimentos que venham a ser depositados pelo mar e pelo vento.
Tráfego de veículos sobre a vegetação de restinga.
Em locais onde essa vegetação não ocorre e existem habitações ou interferências humanas, o deslocamento das dunas traz grandes incômodos e prejuízos com o soterramento dessas construções podendo chegar à completa eliminação de uma pequena vila ou cidade. Esse é um fenômeno bastante comum em cidades do nordeste brasileiro. Outra importância fundamental da vegetação de restinga é a manutenção da faixa de areia e praia existente na orla marinha. Com o enraizamento cruzado e capilar dessa vegetação, mesmo sob a ação de marés a faixa de praia e areia permanece estável propiciando dessa forma uma barreira natural contra a erosão causada pelos movimentos marinhos. Para conter a degradação dessa delicada área geográfica chamada restinga, o Código Brasileiro Florestal (Lei 12.651/2012) enquadra as áreas de restinga como APP (Área de Preservação Permanente) não podendo ser ocupadas ou modificadas e devastadas. Dentro dessa mesma linha de preservação a Resolução CONAMA 303/2002 determina que essas APPs tenham uma faixa mínima de 300 metros a partir da preamar (maré alta ou cheia) máxima em qualquer extensão, quando houver vegetação fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues. Dessa forma, transportando a aplicação das Leis para nossa cidade, notamos claramente que toda a região da Praia da Península e Lagoa de Barra Velha é uma APP legalmente constituída e protegida por normas federativas, bem como as praias mais ao sul como Itajuba que também são consideradas APPs.
Ocupação irregular na restinga
A preservação das nossas restingas é fundamental para a sobrevivência das cidades localizadas na orla marítima. A atividade turística numa cidade, e a própria presença humana nas regiões limítrofes ao mar só são possíveis com a presença e fixação das dunas e preservação das restingas e sua vegetação.  Sem elas a erosão avançaria sobre as ocupações humanas e também não haveria vida animal nesses santuários. A grande incidência de espécimes animais na vegetação de restinga é um exemplo de que ao preservar esse ecossistema, a natureza será preservada também propiciando manutenção da vida. Pássaros, pequenos répteis, crustáceos, pequenos mamíferos, insetos e até tartarugas podem ser vistas nessa faixa de areia tão desprezada e mal cuidada por nós. Depende do cidadão e das autoridades constituídas o cuidado com a restinga, pois delas depende nossa situação e sobrevivência neste local, bem como da preservação de todo um ecossistema do qual também fazemos parte. Realizar agressões e devastações nessas áreas é um atentado a vida e um flagrante desrespeito às leis vigentes no país.




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