terça-feira, 13 de novembro de 2018

Licenciamento Ambiental Legalidade e Bom Senso no Cuidado Com o Meio-Ambiente


     
Área em recuperação situada a poucos metros de enorme loteamento sendo implantado com supressão de vegetação nativa
         Muito se fala sobre Licenciamento Ambiental. Virou moda e está na boca do povo debater a temática da legalidade em empreendimentos pois existe legislação pertinente sobre o tema. Hoje nenhuma edificação ou empreendimento imobiliário acontece sem que as normativas incluentes ou excludentes tenham alguma consideração antes de sua realização.
     Mas afinal o que é Licenciamento Ambiental? O Licenciamento Ambiental está previsto na Lei Federal 6938/1981 onde lê-se: a construção, instalação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental”.
Mas o Licenciamento Ambiental propriamente dito está especificado numa resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) onde no artigo 237 define como licenciamento ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.”

Incongruência! Placa pedindo atenção com a fauna enquanto um trator devasta a mata nativa
       Você acha que é só isso? Nada! Tem muito mais! Esse é apenas o artigo 1 sobre o tema. Ainda tem artigos sobre Licença Ambiental, Estudos Ambientais, Impacto Ambiental, Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI), Licença de Operação (LO), etc, etc.... e muitos mais artigos e normativas que deveriam em tese proteger o Meio Ambiente através dos órgãos ambientais municipais, estaduais e federal.  É aí que começa a suspeição! Excesso de leis, artigos e normas que poucos entendem e menos ainda conhecem. Os desvios interpretativos sempre acabam beneficiando algum interesse contrário ao bem-estar ambiental.
     Exemplificando: Quando um empreendedor quer implementar e investir seus recursos num loteamento qualquer, é claro que juntamente com as brechas legais irá solicitar licenças e licenciamento ambiental que contemplem suas vontades. Que fique claro que sempre quem sai perdendo é o Meio-Ambiente. As mais estapafúrdias desculpas e solicitações são anexadas a um processo empreendedor imobiliário ou industrial para que esse processo seja declarado legal e pertinente pelo órgão ambiental competente. Compensações ambientais, créditos de carbono, recuperação ambiental do entorno, criação de parques e praças entre outras promessas são as justificativas e compromissos ambientais assumidos de forma a garantir o investimento aplicado. Mas no fundo, nenhuma medida compensatória vai recompor ou recuperar o que foi destruído.

Trator derrubando Mata Atlântica em área de preservação ambiental na cidade de Barra Velha-SC
     E que fique bem claro: Licença Ambiental concedida não é uma carta em branco onde na forma da lei o tal empreendedor possa fazer qualquer coisa na área licenciada. Bem, ao menos isso é a teoria pois na prática o que vemos em quase todo empreendimento é o atropelamento e descumprimento de promessas, regras e leis vigentes.
     Dentro da Resolução 237 do CONAMA está também previsto que deve ser realizada Audiência Pública quando do empreendimento ser de grande impacto ou monta. O que regularmente é também desrespeitado são os Planos Diretores Municipais no que tange aos Licenciamentos e Licenças expedidas, nesse caso chegando a alterações do Plano Diretor de forma a beneficiar os investidores e empreendedores do ramo.
     Quem quer lucrar de forma desmedida sempre verá o Ambientalismo e Legislações Protetivas Ambientais como obstáculos a serem superados ou simplesmente ignorados. Mas a verdade não é bem assim. Os movimentos ambientais sérios buscam um equilíbrio entre as devastações ambientais e o desenvolvimento sustentável. Isso não interessa a quem quer ter lucros elevados e rápidos e então cria-se o conflito. O cuidado ambiental tem como prerrogativa a qualidade de vida e o respeito e interação de ser humano e natureza.

Foz do Rio Itajuba. Obra com enorme impacto ambiental que não respeitou normativas legais.
     Outro ponto a esclarecer é que na maioria das vezes o Estudo de Impacto Ambiental Local ou Regional é quase sempre esquecido. Vemos as consequências desses desrespeitos às leis e ao bom senso quando somos afetados pelos efeitos colaterais posteriores a implementação do empreendimento. Alterações no perfil e geografia costeira produzem retirada de material de praias e estuários, ocasionando erosões significativas. Retirada de matas, mangues e demais ecossistemas para construção de loteamentos leva a alterações irreversíveis na oferta de água dos rios bem como qualidade do ar. Extinção de fauna e flora são os impactos mais imediatos. Mas isso deixa de ser importante quando a palavra de ordem é construir loteamentos,casas e edifícios em locais inapropriados.
Segundo estudos do WWF (World Wild Found) cerca de 10.000 (dez mil) espécies vegetais ou animais são extintas a cada ano sobre nosso planeta. Estima-se que de 40 anos para cá, mais de 784 animais já foram extintos pelo homem no mundo. Os dados ainda revelam que outras 65 só sobrevivem em cativeiro e, portanto, estão ameaçadas. Se continuarmos a nos enganar com falsas legislações que apenas contemplem o ganho financeiro e a posse, em poucos anos iremos contemplar a natureza apenas em museus, laboratórios e estufas. Pense nisso. A natureza não é um bem infinito!!
    
Reserva de Mata Atlântica sendo derrubado para implantação de condomínio residencial-Barra Velha-SC


terça-feira, 25 de setembro de 2018

Eleições e o Meio-Ambiente


    

    
   Em pouco menos de um mês todo o Brasil estará novamente passando por um processo eleitoral. Isso se repete a cada 2 anos dependendo se o pleito abrange apenas o âmbito municipal, regional ou toda a esfera federal.
     Dessa vez o Brasil escolherá seus representantes mais amplos, digamos com maior envergadura no território nacional, já que escolheremos desde os deputados estaduais até a presidência da república. Mas fica sempre um questionamento; O que movem as paixões pela escolha desse ou daquele candidato a cargo eletivo?
     Nas campanhas eleitorais dos candidatos o foco invariável dos temas debatidos gira em torno da economia e da própria política. Temas que servem apenas para subverter ou apenas encher os ouvidos dos eleitores indecisos como saúde, educação, segurança não mais seduzem o cidadão. O povo já cansado de eternas promessas já desconfia quando um candidato promete melhores escolas, creches, hospitais ou outra coisa assemelhada.

Corredor Ecológico sobre rodovia
         Agora nesse bolo todo um tema tão importante quase passa desapercebido. O tema ambiental é um dos espinhos encravados nos pés e nas gargantas de muitos candidatos e dessa forma é deixado de lado pelas polêmicas que com certeza vai causar. Poucos políticos têm conhecimento de causa em tratar do tema de forma clara e direta. Isso acontece, pois, a temática ambiental muitas vezes se confunde com as questões econômicas onde quem defende o Meio Ambiente é tratado como guerrilheiro ou extremista que é contra o desenvolvimento.
     Afinal, o que se entende por desenvolvimento? O que é desenvolvimento sustentável. O que significa sustentabilidade? Na maior parte dos discursos pré-eleições usar essas palavras servem apenas como propaganda demonstrativa para mostrar um candidato preparado para seguir em alguma política pública ambiental. Mas na verdade pouquíssimos candidatos ou mesmo nenhum deles se apresenta preparado para lidar com segurança sobre o tema. As paixões repousam mesmo sobre a velha e desgastada política partidária e sobre as tão conhecidas e já ineficientes políticas econômicas que conhecemos a muitas décadas.


     Só para esclarecer: Sem um Meio-Ambiente adequado nenhuma outra política vai prosperar de forma adequada. Entenda-se que Meio-Ambiente não é referência a aquela floresta lá longe no meio do Pará ou do Amazonas. Meio-Ambiente é todo o espaço que o homem ocupa, seja na cidade, no campo ou na floresta. As inúmeras e relegadas políticas públicas ambientais da atualidade estão afetando a todos os cidadãos nas cidades. Problemas respiratórios, alergias, doenças do aparelho digestório e questões médico-clínicas em geral tem muitas de suas causas na questão ambiental mal administrada. Pouco se vê sobre manutenção de fontes de água limpas. O partido “ X” ou “ Y “ é importante pois quer eleger o “ João da Silva”, mas esse tal “João” só vê suas demandas partidárias.
     Temas ambientais são esquecidos nos debates transmitidos pelas TVs. Nenhum candidato pergunta ao seu oponente sobre quais serão suas propostas e projetos para diminuir a poluição dos rios e do ar. Promete-se emprego e renda e se esquece de prometer a vida! Meio ambiente saudável é economia na saúde, na infraestrutura e nos gastos desnecessários e caros de tentativas malsucedidas em fingimentos que preservem o meio-ambiente. Não é por acaso que países como a Noruega, Suécia e Dinamarca possuem um padrão de vida elevado com escolas e hospitais de alto nível, atrelados à preservação ambiental.

     O turismo, hotelaria, gastronomia, entre outros ramos são altamente impactados quando o meio-ambiente não está adequado. As pessoas precisam de saúde e tranquilidade e isso só se consegue em ambientes saudáveis. Deixar a temática ambiental em segundo plano é demonstrar total despreparo para qualquer agente político. A destruição de ecossistemas leva a uma queda drástica na tão desejada qualidade de vida. Não é por acaso que em feriados, férias ou apenas finais de semana os destinos mais procurados por moradores das cidades sejam áreas com natureza e belezas naturais. O desenvolvimento pode e deve estar avançando junto com a manutenção e preservação ambiental.


     Se para as próximas eleições o seu candidato preferido ainda não apresentou nenhuma proposta que privilegie o Meio-Ambiente, ainda há tempo para você escolher outro candidato ou então pelo menos cobrar e exigir dele novas posturas ambientalmente corretas. Nós todos queremos um mundo melhor, seja para trabalhar e construir nossos sonhos, ou seja, para apenas viver a vida de forma saudável e contemplativa. Faça a sua parte agora! Escolha com sabedoria! Escolha alguém que cuide junto com você do nosso planeta!



terça-feira, 11 de setembro de 2018

Replantando Vida – Por Uma Cidade Melhor


     
Mudas de árvores nativas da Mata Atlântica sendo replantadas
     O tempo passa e o ser humano busca a cada dia mais espaços para ocupar. A densidade populacional aliada ao desejo de transformar a necessidade de moradias em negócio lucrativo as vezes cobra um preço alto demais.
     Muitas áreas urbanas já degradadas anteriormente são deixadas de lado por motivos que vão do pouco interesse paisagístico ou apenas pela preguiça e desinteresse. Nesse meio tempo a população busca de forma desenfreada um local para construir sua moradia. Mas na maior parte das vezes o local escolhido não é próprio para ser habitado nem mesmo legal e desobedece a legislação vigente. Áreas de encosta, perto do mar, ao lado do rio, numa baixada, todos locais impróprios ou de risco que acabam sendo ocupados seja pela ignorância ou seja pela cobiça. De qualquer forma locais errados a serem urbanizados e utilizados.
     A poucos anos uma região linear limítrofe ao Rio Itajuba no bairro de mesmo nome foi indevidamente ocupado por pessoas que se acharam no direito de invadir as margens do rio para construírem suas casas. Sem pagamento de impostos, sem infraestrutura e sem cumprimento às leis de zoneamento e ocupação, foram removidas por ação legal após denúncia encaminhada ao Ministério Público. Mas de forma criminosa já haviam danificado o locar com a completa supressão de mata ciliar e árvores nativas que protegiam o curso d'água.

Escola, alunos e comunidade envolvida
     Agora com a iniciativa da Escola Básica Municipal Manoel Antônio de Freitas, através de projeto ambiental desenvolvido para a Conferência Juvenil do Meio Ambiente e apoio da ONG Viagem Família, foi elaborado um replantio e reflorestamento de parte da área degradada. Sob a coordenação dos professores Marianne Kollarz Junghans e Alessandro Fiorin Konageski e apoio de alunos, professores e comunidade foram plantadas dezenas de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica e algumas doações da comunidade. Entre algumas das espécies plantadas cito a Aroiera (Schinus lentiscifolius), Araçá (Psidium cattleyanum), Pitanga (Eugenia uniflora), Urucum ( Bisca orellana), Caroba ( Jacaranda cuspidifolia), Pata-de-Vaca ( Bouhinia forficata), Guanandi ou Jacareúba ( Calophyllum brasiliensis) e até belos exemplares de Plátanos entre outras espécies. Logo mais uma ação de florestamento será executada. Aguardando apenas a roçada da área e recebimento das novas mudas.


     O fato de que o Projeto Replantando Vida, desenvolvido pela Escola Manoel Antônio de Freitas e oficialmente apresentado pela aluna Stela Isoppo Padilha como Delegada Juvenil do Meio Ambiente ter sido escolhido para representar o estado de Santa Catarina na Conferência Nacional já demonstra a sua importância. O estado e o país necessitam com urgência de ações emergenciais de recuperação ambiental. A retirada de cobertura vegetal original, a supressão de matas ciliares, o corte indiscriminado de árvores, a devastação dos biomas naturais substituídos por pastagens ou plantações e o desrespeito às leis ambientais está colocando o Brasil na lista dos países menos zelosos com seu meio-ambiente no mundo.


     Na nossa cidade de Barra Velha vemos inclusive órgãos da Prefeitura Municipal cortando árvores com a suposta anuência do órgão ambiental municipal. Não existe nenhum projeto municipal de reflorestamento urbano com mata nativa ou pomares. Os únicos projetos de reflorestamento existentes nos arredores contemplam apenas espécies exóticas como Pinus e Eucaliptus, conhecidos como desertos verdes!
     A urgente necessidade de uma cidade manter e aumentar sua cobertura vegetal nativa é primordial para privilegiar a qualidade de vida. ´Pesquisas indicam que uma árvore nativa de médio porte com aproximadamente 10 a 12 anos substitui o uso de um aparelho de ar condicionado na tarefa de refrescar o ar. Isso ainda não levando em consideração a economia de energia elétrica quando se substitui um ar condicionado por uma árvore. A sobra que ela proporciona, bem como eventuais frutos é mais uma vantagem agregada ao plantio de árvores em áreas urbanas.

Área degradada sendo recuperada
     A expansão urbanística descontrolada que deixa de lado áreas verdes que possibilitem sombras, ar puro e aumentando a oferta de água no subsolo tem se tornado um mau hábito das administrações públicas em geral.  Barra Velha não é diferente e em nome de uma suposta melhoria de vida, regiões frondosas com árvores têm sido sistematicamente devastadas para a construção civil.  Os resultados são calamitosos pois além de menos árvores para purificar o solo e o ar, ainda sobra esgoto que é lançado nos rios e afluentes que passaram a ser chamados de valetas!
     Toda e qualquer ação que priorize a verdadeira qualidade de vida e a preservação ambiental sempre será citada e elogiada publicamente.
     Parabéns a Escola Básica Municipal Manoel Antônio de Freitas, sua diretora, seus professores, alunos e todos os demais envolvidos nesse belo projeto ambiental, do qual também fazemos parte.  Agradecimentos a Epagri-Ricardo Grejianin pelo apoio técnico e ao meu xará Marcos Stein (47-98422-6058) pela doação do adubo orgânico que usamos no plantio das árvores. Que cada escola ou instituição ou pessoa faça igual ou melhor, e com certeza terá seu nome e ação divulgado e elogiado. Replantando Vida – Por Um Mundo Melhor!
    
Turma do bem Replantando Vida!

    

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Oceanos Sem Plásticos – Limpeza da Praia da Península em Barra Velha


     
     Desde que existe sobre a face da Terra, milênios atrás, o bicho homem criou alguns hábitos e costumes. Alimentar-se, vestir-se, proteger-se, construir um abrigo para se proteger das intempéries entre outros. Muitos indispensáveis a sua sobrevivência. Outros não tanto. Outros costumes mesmo não indispensáveis ou até mesmo desnecessários e perniciosos também foram fazendo parte da rotina diária do ser humano.
     A tecnologia, o conhecimento e inovação, criação e invenção de novos produtos e materiais de uso corriqueiro por melhor que fossem as intenções iniciais acabaram por produzir subprodutos indesejáveis. O uso e descarte de produtos gastos, feios, sem utilidade também virou um hábito entre a humanidade. E agora? O que fazer com tudo isso que não queremos mais, não nos serve ou apenas é sem utilidade? Vamos jogar tudo fora!


     Sim jogar fora. Onde? Sei lá, na valeta do outro lado da rua. No terreno abandonado logo ali na esquina. No lixo mesmo. Mais fácil jogar dentro do rio, já que a água vai levar embora onde eu não vejo mais né!! Quanta estupidez! Pesquisas mostram que qualquer pequeno pedaço de lixo como um copinho plástico ou uma bituca de cigarro, leva poucos dias para alcançar o mar. Sim, aquele papel de bala que o motorista (mautorista) arremessa para fora do seu carro quando viaja ou passeia pela cidade onde mora logo acabará dentro do oceano, levado pelas chuvas e ventos.
     Nossos oceanos já se transformaram em uma imensa lata de lixo que a cada dia fica mais cheia. O sintoma: Cada vez mais lixo aparece na costa e orla marinha. Mas esse lixo não é o mais grave. As pesquisas feitas pela ONG-Ocean Conservancy mostram que apenas 10 a 15 % do lixo aparece nas praias. Todo o resto afunda e fica dentro do mar, poluindo e destruindo irremediavelmente o ecossistema marinho que é muito frágil. De nada adianta a nefasta ideia de “esconder” o lixo jogando ele dentro da água. Ele vai continuar lá e de tempos em tempos o próprio oceano regurgita todo o lixo humano de volta para a terra!


     A poucos dias aconteceu mais uma ação ambiental cidadã promovida pela organização autointitulada Boca House. É um grupo de pessoas entre surfistas, ambientalistas e amigos que junto com a comunidade interessada promoveu mais uma limpeza de praia. Nesta ação que aconteceu na Praia da Península perto da foz do Rio Itapocu em Barra Velha, foi feito um mutirão de limpeza da orla (praia e vegetação de restinga) com vistas a quantificar e qualificar o lixo ali depositado. Pouco mais de 75 pessoas participaram da ação num espaço de aproximadamente 300 metros de praia a partir do molhe sul da foz do Rio Itapocu.
     Durante um curto período (duas horas) esses voluntários recolheram 25.787 itens de lixo em geral, com um volume de aproximadamente 45 sacos de lixo de 100 litros somados a outros itens volumosos avulsos.


     Outros itens coletados como 2 televisores, 5 embalagens de óleo lubrificante, 25 resíduos hospitalares e de saúde, 2 baterias, 2 embalagens de agrotóxicos e muitas lâmpadas incandescentes também foram alvo dessa coleta. O valor expressivo de itens recolhidos, mais de 25 mil ficou a cargo de pequenos plásticos como tampas de garrafas descartáveis, bitucas de cigarro (novamente elas), sapatos, chinelos, palitos de pirulitos, garrafas PET, infindáveis pedaços de isopor e plásticos em geral. Triste é mesmo saber que apenas uma pequena parcela desse lixo foi recolhida pois sob a areia e dentro do mar a quantidade a ser retirada seria impossível.
     Fica a pergunta: Limpamos a praia? Difícil responder. Milhares de microplásticos lá ficaram. Então porque fazer esse tipo de atitude? De forma a mobilizar e fazer uma mudança comportamental do ser humano.
     Fica claro que existem pessoas que estão interessadas em viver em um mundo melhor, enquanto a maioria prefere viver dentro do lixo mesmo! Outros posicionamentos também ficaram claros. A falta de envolvimento e compromisso ambiental dos órgãos governamentais municipais bem como a incapacidade da empresa concessionária da coleta de lixo em gerir o passivo ambiental recolhido. Soubemos pelos próprios garis da empresa Recicle (que nada recicla) que todo o lixo por nós recolhido e por eles transportado iria terminar sendo depositado no aterro sanitário da cidade de Brusque. (isso que todo lixo recolhido era reciclável e estava separado)


     Nota 10 para a Associação Boca House e seus participantes entre eles o Marcos, Paulo, Hermes (Gordo) Lino, Ezequiel e tantos outros impossíveis de serem citados. Nota 10 para os voluntários cidadãos que participaram nessa ação por um Oceano Sem Lixo, praia limpa e cidade limpa! Nota 0 (zero) para a Fundema de Barra Velha que nem se dignou a ajudar como apoiador e nem apareceu. (nota 10 para a Gabriela que apareceu como voluntária) Nota 1 (um) para a Recicle que só transporta o lixo recebe muito bem por isso e nada mais!
Continuaremos sempre por um mundo com menos lixo. Faça a sua parte!



terça-feira, 31 de julho de 2018

Projeto Acqua Mundi




     
     A vida é uma alternância de projetos, sonhos, realizações e conquistas. Muitas pessoas projetam pouco, sonham menos ainda, não planejam nada e com isso as realizações e conquistas acabam sendo esquecidas ou mesmo simplesmente ignoradas. Muitos nos conhecem do nosso comprometimento com o meio ambiente a mais de duas décadas na nossa cidade. E agora compartilhamos um sonho.
     Exatamente daqui a 6 meses começaremos a realizar e viver mais um sonho. Planejado sim, mas um sonho é sempre viver com antecipação uma grande vontade de fazer algo com satisfação. Nosso sonho pode parecer loucura para alguns, temeridade para outros, mas preferimos ficar com a sensação de estar fazendo aquilo que nos faz felizes.
     Viajar pelo mundo de carro, morando no carro e conhecendo com mais profundidade a realidade que acontece sobre nosso planeta é o que nos move. Acreditamos com convicção de que a água é vida, e dessa forma a coisa mais preciosa que possuímos. Você sabe o que está acontecendo com a água no nosso planeta? Como estamos usando ela? Estamos fazendo a correta gestão no uso, reuso e descarte da água sobre a terra?


     Essas perguntas sempre nos levam a respostas generalizadas por amostragem ou pesquisas que não temos a certeza de refletirem a realidade que ocorre. Buscar conhecer “in loco” (localmente) as verdades sobre o tema de forma que consigamos entender e fazer a nossa parte para melhorar o “status quo” sempre norteou minhas matérias nessa coluna do Jornal Folha Parati.
     O Projeto Acqua Mundi nasceu a quase um ano atrás e pretendemos que se estenda por mais dois ou três anos. Em 2019, pretendemos subir pela América Central, cruzar os Estados Unidos e Canadá, para finalmente alcançar a parte mais setentrional (ao norte) das Américas, mais precisamente o Oceano Ártico. Depois de voltar a cruzar o Canadá e EUA no sentido norte sul, pretendemos alcançar a costa leste Norte-Americana e embarcar o carro para a Europa, já em 2020.  Essa continuação tem seu roteiro ainda não fechado pois tudo depende de qual época do ano, e clima que teremos quando da nossa chegada.


     O Acqua Mundi está tornando-se um projeto técnico a partir da parceria técnica que estamos formatando com a Univali ( Universidade do Vale do Itajaí), através do amigo Marcus Polette (Diretor da Escola do Mar, Ciência e Tecnologia) no sentido de transformar todos os dados coletados em informações confiáveis na sua forma estatística, quantitativa e qualitativa. A nós não bastaria viajar por viajar. Sempre precisamos dentro de nós buscar o aprendizado e compartilhar tudo que sabemos de forma a tornar nosso mundo melhor.
     Custos? Sim, altos! Patrocínios? Difíceis! Vivemos num país onde a cultura e conhecimento são de difícil compartilhamento e entendimento. Nossos deslocamentos serão custeados por nós mesmos depois de muito planejamento e pesquisas. Nossa expectativa e sonho é produzir um livro com esta experiência e os dados mais relevantes de interesse ao grande público. Como fazer isso? Fazendo com que as pessoas e empresas acreditem que participando junto conosco poderemos fazer um mundo melhor.


     Estamos vendendo kits (camisetas+adesivos+copo+livro) ou apenas o livro, ou ainda o kit sem o livro, de forma que possamos custear a produção desse livro. Os custos são bastante altos e precisamos muitos colaboradores contribuindo e acreditando que se cada um participar poderá mudar o mundo. Muitas vezes ficamos frustrados pelo fato de que nosso povo pouco acredita em bons projetos sustentáveis e culturais, mas poderíamos apenas viajar sem fazer mais nada que seria muito mais fácil. Acontece que nada que é muito fácil tem significado e tentar mudar maus hábitos é e sempre foi um dos nossos motivadores.

Apoiadores-Militec - Barracas Blue Camping e Top Motor Homes
     Estamos buscando apoiadores e possíveis patrocinadores para concretizar de forma segura esse projeto. Qualquer apoio será bem-vindo. Equipamentos de informática, telefonia, roupas, acessórios, equipamentos de pesquisa sobre a água, e tudo o mais para o sucesso dessa empreitada. Se alguém quiser contribuir com valores monetários, sugerimos a compra dos nossos kits acima descritos de forma a canalizar os recursos para fazer nosso livro, onde todos que contribuírem serão citados e com suas fotografias eternizadas nas suas páginas. Quer satisfação maior de ser co-parceiro num projeto auto-sustentável e ainda ser para sempre lembrado como um colaborador!
     O Projeto Acqua Mundi é uma prioridade! Para todos! Não basta apenas saber, é preciso fazer algo agora pela saúde e vida do nosso planeta. Faça a sua parte, abrace essa causa e venha conosco por um mundo melhor. Seja ACQUA MUNDI.
Para informações sobre a venda dos kits, parcerias e patrocínios, entre em contato conosco pelos fones/whatsapp 47- 99964-4679 – Marcos  -        47-99623-1564 – Marianne – ou pelo nosso site www.viagemfamilia.com.br    redes sociais -  Facebook/viagemfamilia – Facebook/acquamundi  -  Facebook/Marcos Junghans   -  Facebook/Marianne Kollarz Junghans
Logo estará a disposição o Instagram do Projeto Acqua Mundi-aguardem

Roteiro do primeiro ano de viagem-2019

                              

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Erosão Costeira


     

     Alguns dos assuntos cada vez mais recorrentes em muitas mídias são as mudanças climáticas e o aquecimento global.

     Não existe muito consenso sobre os temas, pois algumas vertentes dizem que as mudanças são decorrentes de ação direta ou indireta do ser humano sobre o planeta. Outros defendem a tese de que as mudanças percebidas cada vez com maior intensidade, são eventos cíclicos que ocorrem naturalmente a cada Era Glacial ou apenas a normal evolução transformativa pela qual o planeta está passando.
     Teorias a parte, em cidades costeiras, são percebidas algumas mudanças nas ações dos mares e oceanos nas superfícies costeiras, com mais visibilidade nas praias, costões, falésias e promontórios. Basta observar a recorrência cada vez maior de marés intensas, ressacas marinhas motivadas por ciclones ou anti-ciclones que influenciam no direcionamento e força das correntes marítimas. Essas mesmas correntes acabam por alcançar a costa onde produzem efeitos muitas vezes devastadores.
     Até a poucos anos atrás, as correntes marítimas eram bastante conhecidas bem como as suas incidências. De uns tempos para cá muitas dessas correntes marítimas sofreram mudanças de direcionamento e isso acaba produzindo ações erosivas nas praias. A erosão costeira marinha é um dos sintomas mais evidentes das mudanças climatológicas sobre o planeta. O Brasil tem uma costa caracterizada por praias arenosas e falésias sedimentares (70%) e costões rochosos e promontórios magmáticos vulcânicos (30%). Essa característica de costa menos consolidada e com areia, faz com que a erosão seja muito mais intensa e percebida, causando expressivas alterações no perfil costeiro marinho brasileiro.


     O secular costume de ocupar regiões limítrofes ao oceano com cidades, lugarejos ou vilas, sempre com a edificação de casas muitas vezes sobre dunas ou áreas não estáveis ou consolidadas acaba por expor a fragilidade e insegurança de grande parte da nossa costa. As mudanças dinâmicas proporcionadas por ações da natureza acabam impactando diretamente nas vidas dos habitantes dessas regiões afetadas. Atitudes paliativas como a construção de barreiras artificiais como espigões, quebra-mares, muros marinhos (seawalls) e outros artifícios tentam minimizar ou mesmo domar o avanço inexorável do mar em todas as regiões do planeta. Existem casos onde ilhas inteiras estão cogitando a evacuação pois o avanço das marés está tornando lençóis freáticos contaminados e salobros inutilizando a água doce do subsolo para consumo.
     Outra tentativa de conter o avanço do mar é a alimentação artificial de praias e dunas, processo popularmente conhecido como engorda da costa. A manutenção e replantio de vegetação de restinga também é um dos caminhos escolhidos de forma a retardar a erosão costeira que a cada dia se faz mais presente nas praias do Brasil e do Mundo. Não existe fórmula mágica para conter o avanço do mar sobre a parte terrestre. O melhor caminho é evitar a todo custo fazer a ocupação de áreas ao longo da incidência direta dos oceanos, respeitando-se uma distância razoável para que haja o natural balanço sedimentar.
     O balanço sedimentar nada mais é do que o eterno vai e vem das areias retiradas de um lugar e depositadas em outro. Outra forma de equilibrar o balanço sedimentar é proveniente dos rios e das dunas, que de forma natural trazem e depositam na costa grandes quantidades de areia, transportadas pela água e pelos ventos. Sem a alimentação dessa areia pelos rios e ventos o balanço sedimentar torna-se negativo produzindo cenas às quais estamos ficando cada vez mais acostumados.


      Toda costa litorânea de Santa Catarina tem sido fortemente impactada ultimamente com a erosão costeira. Recentemente visitando a Ilha de Florianópolis pude constatar praias como Canasvieiras, Ingleses, Daniela, Jurerê e até mesmo Santo Antônio de Lisboa que fica no mar interior, bastante afetadas pela erosão e consequente diminuição da faixa de areia. A costa norte, sabidamente de Navegantes até Balneário Barra do Sul, passando por Barra Velha também tem apresentado uma erosão costeira bastante significativa, impactando diretamente na vida dos habitantes e de turista. Casas que antes ficavam bem próximas ao mar hoje tem suas estruturas destruídas ou danificadas e devem ser desocupadas antes que possam causar danos fatais.
     Impedir o inevitável avanço do mar sobre a costa é impossível. Todas as ações humanas não terão efeito duradouro por melhor que sejam a tecnologia e os materiais utilizados. Respeitar e antever os prováveis eventos causadores da erosão costeira é atitude a ser tomada de imediato. Ocupar com construções regiões de risco onde sabidamente as ações dos elementos da natureza estão agindo não é demonstração de sabedoria pois o tempo e as mudanças temporais e climatológicas irão sobrepor-se à vontade humana de qualquer forma. Cabe a nós tomarmos as decisões corretas.
    


sábado, 14 de julho de 2018

Combustíveis Fósseis – Entenda Um Pouco Mais Sobre o Tema




Nada mais atual do que procurar entender o que acontece sobre nosso planeta e nosso país.  Nos últimos dias a gasolina, óleo diesel, GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), entre outros combustíveis, mais uma vez viraram centro das atenções.
Não é a primeira vez que problemas e crises acontecem quando o assunto é o petróleo. Quem não se lembra das décadas de 1970 e 1980 quando imensas filas se formavam diante dos postos de combustíveis motivadas pela falta ou altos preços dos derivados de petróleo. Agora, décadas depois,  novamente paralisações, problemas, confrontos e até agressões acontecem na disputa pelo “ouro negro”!
Mas afinal o que é o petróleo?  A explicação científica mais aceita é que se trata de um acumulado de restos de seres vivos, animais e vegetais, que ao longo de milhões de anos foram se decompondo dando origem a essa massa escura e viscosa tão disputada atualmente.  Essa matéria orgânica em decomposição foi sendo lentamente empurrada para as profundezas onde condições elevadíssimas de temperatura, pressão e ausência de oxigênio transformaram essa massa em um material confinado entre rochas. Este material com decomposição muito lenta adquiriu características únicas seja pela singularidade de sua localização ou de matéria da qual foi constituída.
O nome petróleo, do latim, significa “óleo entre as pedras” (Petrus+óleum). E com o passar dos milênios foi sendo descoberto, transformado e utilizado pelo ser humano em suas mais variadas formas. É um produto de origem fóssil não renovável, sendo que muitas de suas reservas estão lentamente se extinguindo pelo uso indiscriminado. As formas mais conhecidas de utilização do petróleo é sua transformação em combustíveis para veículos, aeronaves, trens, navios entre outras. Também material essencial para a fabricação de plásticos, borrachas e seus assemelhados.


O querosene foi o primeiro subproduto comercialmente utilizado do petróleo, em substituição ao óleo de baleia, largamente utilizado para lampiões e iluminação pública.  Logo em seguida vieram a gasolina e óleo diesel já no século XIX.  O primeiro poço de petróleo moderno foi perfurado em 1846 no Azerbaijão, mas há registros que o célebre navegador Marco Polo em 1270 já teria tido contato com esse material na cidade de Bacu-Azerbaijão. Mas foi a partir do século XX que o petróleo teve uma explosão no seu consumo principalmente como combustível de automóveis e caminhões.
No Brasil apenas em 1932 foi construída a primeira refinaria na cidade de Uruguaiana-RS. O primeiro poço de petróleo foi descoberto no bairro de Lobato na cidade de Salvador-BA, em 1939. Até então todo o petróleo que o Brasil consumia vinha de outros países, entre eles o Chile.  Não são todos os países do mundo que tem reservas petrolíferas, e esse fato tem proporcionado muitas disputas e guerras pela sua posse. Os preços são regulados internacionalmente por diversas agências, e com o aumento do consumo e diminuição das reservas, a especulação financeira trata de elevar preços com o simples objetivo de faturar mais dinheiro.
A queima de combustíveis fósseis como fonte energética produz o Dióxido de Carbono, que junto com o Metano são os principais  responsáveis pelo efeito estufa e acidificação dos oceanos com a absorção deles pelas águas marinhas.  Outro grave problema sobre o tema são os possíveis vazamentos do produto durante sua extração, refino, transporte e distribuição. Apesar de ser um produto de origem fóssil, a sua composição química foi alterada e seus componentes são hidrocarbonetos que não são solúveis em água, e com isso produzem os já conhecidos problemas quando de algum acidente no seu manuseio.


O que fica padrão é o pouco interesse dos governos mundiais e nacionais na eventual tentativa de buscar outras fontes de energia mais limpas e renováveis que possam substituir o petróleo. Não é concebível que um país como o Brasil produza ainda energia elétrica em usinas térmicas alimentadas com petróleo. Na década de 1980 numa combalida tentativa de arrumar um substituto para o petróleo utilizado em veículos, foi desenvolvido o PROÁLCOOL, programa que pretendia incentivar e incrementar a substituição gradativa do uso da gasolina e óleo diesel em veículos automotores.  Por razões que somente o povo e o governo brasileiro podem explicar esse ótimo modal energético praticamente foi abandonado. Apesar de quase 80 % dos veículos brasileiros serem atualmente fabricados com tecnologia flex (consomem gasolina e etanol), a produção e comercialização do etanol/álcool não conseguiria suprir a demanda apresentada, e também os preços praticados não tornam a substituição da matriz energética viável e acessível.


Diversas conclusões podem ser tiradas dessa equação que se apresenta na atualidade: A primeira e mais impactante é a incapacidade repetitiva de governantes em estabelecer políticas públicas de planejamento estratégico em longo prazo de forma a contornar definitivamente a questão dos combustíveis fósseis.  A segunda e não menos importante é a questão financeira da cadeia produtiva. Questões tributárias, mercantilistas, protecionistas e monopolistas carregadas de suspeição pairam sobre os preços, produção e distribuição dessa fonte energética tão necessária na atualidade.
Onerar populações imputando a elas a responsabilidade pelas mazelas oriundas da utilização de combustíveis fósseis, seja a falta do produto, seja o preço ou mesmo a poluição ambiental por ela causada, demonstra o total desgoverno ao qual estamos presentemente expostos. Precisamos urgentemente de governos, e que eles venham com efetivas políticas de estado que atendam a sua população.



quinta-feira, 5 de julho de 2018

A Ecologia Aplicada na Construção Civil




Cada dia que passa a população cresce. Somos hoje quase 8 bilhões de pessoas sobre a face da terra, e desses, bilhões todos, aproximadamente 207 milhões vivem no Brasil.
O Brasil é um país com densidade populacional relativamente baixa levando em consideração sua extensão territorial, mas apesar disso a grande maioria dessa população vive em casas e edifícios nas cidades. Fora dos grandes centros, as residências predominantes ainda são uni familiares e localizadas longe dos confortos e luxos aos quais a população urbana tem acesso.  Essas mesmas casas ainda são construídas na sua maioria de madeira ou argila. Materiais baratos e acessíveis à população que vive nessas regiões remotas como Amazônia e sertão nordestino.

Destruição de morro com vegetação para extração de saibro
Nas cidades a esmagadora maioria das residências é construída de alvenaria, tijolos, pedras e outros materiais nobres. Por falar nisso, você sabe o que significa alvenaria? A palavra alvenaria vem derivada da palavra alvenel = pedreiro, que tem sua origem na língua árabe. Alvenaria é a justaposição ou junção de materiais toscos (pedras, tijolos, areia, etc) de forma a com elas erguer paredes de forma estrutural.
Nas cidades ou regiões remotas o uso de materiais retirados da natureza com o objetivo de urbanização ou construções nem sempre segue metodologias ou materiais adequados, seja na sua composição seja na quantidade ou qualidade.  Todos os materiais utilizados na construção civil são retirados na sua forma bruta da natureza. As madeiras para caixarias, tábuas para paredes, areia, cimento, calcário, barro para tijolos. Com o recente advento e incremento cada vez maior por casas e moradias, o meio ambiente acaba sendo a primeira vítima das construções e edificações civis.

Aterramento de nascente com entulho da construção civil
Com exceção de algumas madeiras com origem certificada de reflorestamentos, a matéria prima utilizada nas construções sempre agride de alguma forma o equilíbrio ecológico. Pedras retiradas de pedreiras, cavas de areia retiradas dos rios, árvores cortadas para tábuas, portas e janelas,  ferro ou alumínio estrutural ou em esquadrias, cimento, água, enfim tudo que temos nas nossas casas foi suprimido da natureza de forma irremediável.  Encontrar um equilíbrio entre o uso correto e a não degradação do ambiente que nos rodeia é muito importante. Não desperdiçar, buscar alternativas sustentáveis, reutilizar reciclando materiais considerados inservíveis é um bom caminho.

Extração desordenada de areia dos rios
A tecnologia e a reutilização de materiais aplicados na construção civil também são bons caminhos para seguir de forma que não esgotemos as fontes de matéria prima. Hoje é muito raro encontrar alguns tipos de madeiras nobres que antes eram utilizadas nas estruturas de telhados e esquadrias.  Madeiras como imbuia, jacarandá, ipê, itaúba estão praticamente extintas pelo seu uso indiscriminado seja em móveis ou imóveis. As antigas técnicas de executar caixarias de madeira-estruturas que serão preenchidas com concreto-lentamente está sendo substituída por formas de metal reutilizáveis indefinidamente.
Um dos principais vilões no uso de matérias primas retiradas da natureza ainda é o desperdício e a falta de técnicas adequadas na execução de obras da construção civil. Cada prego, cada metro cúbico de areia desperdiçado, cada tijolo quebrado é custo ambiental e financeiro na execução de casas e prédios de apartamentos. O que ande engatinha no nosso país é a utilização de matéria prima reciclada nesses processos construtivos. É enorme a quantidade de entulho “inservível” resultante dos restos da construção civil que são depositados de forma irresponsável em terrenos abandonados, margens de rios e lagos e até em nascentes de cursos d’água. Maus exemplos como esses são facilmente observados na nossa cidade em todos os bairros.
Dessa forma a tão almejada construção pode tornar-se uma grande dor de cabeça. A legislação, tão deixada de lado, é bem clara com relação ao depósito de resíduos sólidos sem o devido cuidado e tratamento. Todo o processo legal sobre o tema está contemplado na PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) Lei Federal n° 12.305, onde as responsabilidades, penalidades e metodologias estão perfeitamente explicadas para que sejam cumpridas. Basta de achar que a responsabilidade de um construtor termina na entrega da obra. O poder público também se exime ou é leniente  quanto ao cumprimento das legislações ambientais no que tange a construção civil e suas obrigações pós-construção. Não basta haver algum rigor na permissão e expedição de licenças ambientais permissivas às construções. É necessário um rigor ainda mais contundente com os resíduos e descartes provenientes dos empreendimentos imobiliários construtivos.
Nosso país carece de moradias para o segmento populacional menos afortunado. Não seria essa a hora já tardiamente de que a legislação fosse aplicada e cumprida de forma a que todos possam ser beneficiados. A reciclagem e reutilização de materiais até então considerados “entulho” já é realidade em muitos países. Precisamos fazer o certo. Para o bem de todos.

Entulho de construção despejado a margem de um rio