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Língua Negra/esgoto na Praia do Tabuleiro |
As questões que envolvem o tema
“água” são de extrema importância então desta vez venho mostrar algumas
diferenças entre a diversidade nas formas que as águas se fazem presentes em
nosso meio.
Na maior parte do nosso território,
poucas pessoas fazem questão de separar a correta nomenclatura e origem entre
águas pluviais, águas fluviais ou mesmo águas servidas.
A primeira, águas pluviais são
referências às águas provenientes das chuvas. A segunda, águas fluviais
referem-se às águas existentes nos rios. E finalmente águas servidas são as
águas que após terem sido utilizadas pelo homem nas suas mais diferentes
tarefas e usos, são descartadas.
As duas primeiras sempre serão limpas
e puras se nelas não houvesse a interferência humana. A última, águas servidas
quase sempre acaba por contaminar as duas primeiras. A questão é o porquê
acontece essa contaminação. Já é histórico o desleixo com o qual águas servidas
são destinadas transformando-se numa das principais fontes de contaminação do
meio ambiente. Isso acontece principalmente pelo desconhecimento ou mesmo
irresponsabilidade em despejá-las em cursos d’água. Águas servidas são compostas por esgotos, residenciais
e/ou industriais, nas suas mais variadas formas e concentrações. Infelizmente
perpetuamos o péssimo hábito de continuar lançando águas servidas em locais
inapropriados, incluindo-se nestes os rios, lagos e oceanos.
Riacho com água pluvial |
Esconder cursos d’água/rios em canalizações e tubulações inapropriadas ou
desnecessárias acaba abrindo a oportunidade inescrupulosa de lançar esgotos de
forma escondida ou dissimulada quando misturamos águas de chuva com águas
servidas. Essa é uma atitude irresponsável e sem sentido, pois as águas das
chuvas que alimentam os rios e lagos são nossa principal fonte de abastecimento
de águas para consumo humano. Não faz sentido jogarmos esgoto na água que logo
em seguida estaremos bebendo para saciar nossa sede. Imperativa se faz a ação de separação os
diferentes tipos de águas que temos a nossa volta.
De que forma podemos proceder?
Simples, basta canalizar as águas servidas/esgotos direcionando-as para
estações de tratamento adequadas para posteriormente podermos reutilizá-la após
sua purificação. O simples descarte de
águas servidas ou esgotos é crime! A Lei 11.445/2007 deixa bem claro esse tema,
pontuando caso a caso como se deve proceder com o correto descarte de esgotos e
resíduos provenientes de saneamento básico. O tratamento de esgotos deve ser
uma prioridade em qualquer nível de governo! De outra forma, a canalização de
águas pluviais/de chuva deve ocorrer de forma criteriosa para evitar que
aconteçam alagamentos em áreas impermeabilizadas ou quando houver o encontro
dessa canalização com riachos, rios e cursos d’água naturais
sobrecarregando-os. Finalmente, nunca se devem canalizar rios! Rios são o
destino de qualquer tipo de água e confiná-los a tubos ou galerias fatalmente
irá produzir alagamentos e inundações.
Vala de esgoto |
Vejo com certa apreensão algumas
obras sendo executadas nas nossas cidades onde não são contempladas as águas
pluviais e as águas servidas/esgotos de forma separada e diferenciada. Os diferentes tipos de águas provenientes de
diferentes origens NÃO DEVEM ser misturadas.
Água de esgoto precisa receber tratamento adequado antes de voltar a ser
misturado com água de chuva. Só para
lembrar, nenhum rio tem as suas nascentes formadas com esgotos. Todos os rios
iniciam limpos e cristalinos, mas acabam por serem condenados pela ação
irresponsável do ser humano.
Vejo com a mesma preocupação a imensa
vontade de gestores querendo esconder os rios canalizando-os em obras
subterrâneas com o intuito de utilizar suas margens ou mesmo sua vala natural
com obras e empreendimentos imobiliários ou construtivos. Os rios na sua forma
natural são a drenagem espontânea das suas águas e das águas pluviais que nele
venham a correr. Modificar a sábia
mecânica hidrológica que existe na natureza não é significado de inteligência e
muito menos de conhecimento. Enquanto nós os humanos continuarmos a querer
adaptar a natureza para nosso benefício estaremos perdendo tempo e
recursos. Muito mais fácil observarmos a
natureza, modificando-a o menos possível e aliando-nos a ela de forma a evitar
que ela se volte contra nós, da forma como já está acontecendo.
A correta gestão dos diferentes tipos
de águas que nos rodeiam com certeza vai trazer muito benefícios a todos. Dessa
forma seja responsável dando o exemplo cuidando e cobrando ações públicas
corretas.
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