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Palestrando sobre a cidade onde moramos-Barra Velha-SC |
A população mundial cresce a cada
dia. Atualmente somos 7 bilhões e 600 milhões de pessoas vivendo sobre a
superfície terrestre. Com o gradual incremento populacional é normal que
espaços antes desocupados passem a ser habitados ou frequentados, seja para
moradia ou apenas de forma temporária e pontual.
Da mesma forma que a população
cresceu rapidamente no último século, também estima-se que essa população
cresça rapidamente nos próximos anos e chegue ao ano de 2050 com uma estimativa
de 10 bilhões de pessoas segundo a ONU.
Os eventos climáticos e
meteorológicos também sempre existiram sobre o globo terrestre e apesar de
termos a impressão de que a cada ano a quantidade de eventos e eventuais
desastres ambientais aconteçam, isso pode não ser verdade. A essa impressão
damos o nome de percepção. O que verdadeiramente aumentou muito nas últimas
décadas foi a percepção de que eventos climáticos ambientais e meteorológicos
acontecem com maior frequência e intensidade. A velocidade com que as
informações trafegam hoje em dia é infinitamente superior a que acontecia a poucos
anos atrás. Hoje com um simples ifone
ou notebook podemos saber
instantaneamente o que acontece no outro lado do mundo. Essa velocidade nos permite uma percepção
infinitas vezes maior dos eventuais perigos que nos rodeiam.
Essa percepção ou sensação de
observar e conseguir antever alguma eventual ocorrência, emergência e até um
desastre é a essência da autodefesa e da própria Defesa Civil. A Defesa Civil
não é uma organização refratária ou isolada. A Defesa Civil somos todos nós.
Não basta ter algumas pessoas altamente preparadas e treinadas enquanto o
grosso da população não participa ou não se importa com o mundo que a rodeia.
Numa eventualidade catastrófica, todos serão atingidos e quem foi mais
preparado treinado e resiliente com certeza terá melhores condições de enfrentar
e superar qualquer dificuldade.
Tipos de eventos que podem ocorrer em Barra Velha-SC |
A resiliência é a capacidade que
qualquer pessoa, entidade, cidade ou até mesmo país de se preparar enfrentar e
se recuperar de qualquer ameaça ou desastre que possa atingi-la. Resiliência é
a essência de uma Defesa Civil atuante e eficiente. Repito; Defesa Civil somos
todos nós. Ter cidadãos habilitados e capacitados a atuarem nas mais diferentes
frentes de enfrentamento a desastres é o segredo de possuir a capacidade inata
de se recuperar rapidamente a qualquer emergência apresentada. Não é preciso
que todos sejam especialistas ou mestres em alguma habilidade específica. Basta
que uma população minimamente consciente e atuante nas suas responsabilidades faça
sua parte participando e compartilhando conhecimentos. Achar que uma Defesa
Civil eficiente seja um pequeno grupo de técnicos extremamente capacitados e
treinados não vai evitar que uma catástrofe eminente atinja a todos de forma
contundente ou até mesmo fatal.
Curso de formação de Gestores de Núcleos de Defesa Civil-Jaraguá do Sul-SC |
O fato de que os eventos climáticos
tem sua percepção aumentada aliada a desastres ou emergências causadas pelas
ações humanas fazem com que as ações da Defesa Civil também aumentem. A
ocupação desordenada em áreas de risco ou eminente desastre também tem motivado
aumento nas ocorrências desastrosas por todo mundo. Infelizmente com a busca
desenfreada por localizações de relevante beleza cênica para construção civil
tem deixado de lado o bom senso e a segurança tão necessárias a boas práticas
de resiliência, proteção e defesa civil. A Lei Federal n° 12.608/2012 é bem
clara de sua importância e observância quando da elaboração ou readequação dos
Planos Diretores municipais.
O que se vê na atualidade são os
gestores públicos municipais deliberadamente deixando de lado a obrigação de
contemplar projetos públicos com as mandatárias previstas na Lei da Defesa
Civil, e privilegiando as questões financeiras ou políticas. As consequências futuras
de empreendimentos que relevam as boas práticas de resiliência e proteção com
certeza serão funestas ou no mínimo de grande prejuízo.
A pouco mais de duas semanas estive
participando do II Seminário Regional de Defesa Civil e também do Curso de
Formação de Gestores de NUPDECs (Núcleos de Proteção e Defesa Civil) ambos na
cidade de Jaraguá do Sul, juntamente com o Diretor de Defesa Civil do município
de Barra Velha, Elton Cunha e a assistente social Ana Maria Darife e a bombeira
Rosângela Poleza. Qual o objetivo? Aprender, multiplicar e compartilhar os
conhecimentos de forma a construirmos juntos uma sociedade mais resistente e
mais preparada a enfrentar quaisquer eventualidades que possam surgir.
Precisamos de uma vez por todas acabar com o pensamento de que a Defesa Civil
serve para distribuir alimentos ou colchões após um desastre climatológico. Segundo a própria UNISDR ( Estratégia
Internacional de Redução de Desastres da ONU) a cada US$ 1,00 Dólar investido
em prevenção, economiza-se US$ 7,00 Dólares em reconstrução ou reconstituição
do cenário atingido. Só para efeito de
informação, o estado de Santa Catarina teve prejuízos na ordem de R$ 17,625
bilhões de reais entre os anos de 1995 a 2014, apenas com eventos destrutivos
contabilizados pela Defesa Civil. É terceiro estado mais afetado no Brasil em
relação a eventos e emergências atendidos pela Defesa Civil. Assim temos a certeza
em afirmar que incentivar a Defesa Civil é investimento com garantia de retorno
financeiro e social para todos.
Dessa forma fica claríssimo que a
mudança de paradigmas e mentalidade tanto da sociedade civil quanto dos
administradores públicos se faz de forma urgente, para que não continuemos a
sofrer cada vez mais com situações de risco desnecessárias e que tantos transtornos
trazem a todos nós. “ A GENTE NÃO PODE MUDAR O PASSADO, MAS PODE
PREVENIR O FUTURO”!