quinta-feira, 30 de abril de 2015

Como Deixar de Ser um País Colonial

Desde criança ouço a eterna afirmação de que o Brasil é um país em desenvolvimento! Antes disso, conversando com pessoas mais velhas e experientes, eles também repetiam esse mantra de que o nosso país é um país que está crescendo e no rumo do futuro. Com isso já se passaram mais de 100 anos e continuamos em crescimento?
Com poucos anos a mais do que o Brasil, os Estados Unidos já chegou lá a muito tempo, nem vamos falar sobre o Canadá e a Austrália, entre outros, que com a mesma idade cronológica alcançaram status de desenvolvidos a muito tempo sendo invejados pelos brasileiros.

Então o que é que nos difere tanto desses comparativos e nos impede de alcançarmos essa patamar que parece inatingível para o Brasil?
Chamou-me a atenção um recente artigo na revista Veja onde numa entrevista a atual Ministra da Agricultura  Kátia Abreu, declara em alto e bom tom que a solução do Brasil é pelo campo! Segundo ela a agricultura etá habituada a socorrer o país nas crises. Crises? Que crises? Nota-se o despreparo e clientelismo nas colocações infelizes da Ministra. O Brasil nunca teve problema de falta de alimentação, sendo um dos maiores produtores de alimentos no mundo! O Brasil não tem superpopulação, não tem grandes desastres naturais, não tem desnutrição nem epidemias que dizimem populações como outros países. E não tem grandes problemas além dos que são gerados por quem deveria administrar e solucionar positivamente a gestão do que se apresenta.

A grande falha do Brasil é ainda pensar como uma colônia. Continuamos a exercer um modelo econômico ultrapassado e centralizador focado apenas no agronegócio, exatamente como a séculos atrás. Basta ver que o Brasil tem como suas maiores receitas a exportação de grãos(soja, café, milho) fumo, açúcar, carne, madeira serrada, frango, entre outros. Dos dez principais produtos exportados, sete são provenientes do agronegócio, respondendo a 10% de todos produtos agrícolas consumidos no mundo! Hoje a exportação de produtos provenientes do agronegócio correspondem a 20% do PIB-Produto Interno Bruto do país.
O Brasil está apenas atrás dos Estados Unidos em exportação de produtos agrícolas.( http://www.agroinvestbrasil.com.br/agronegocio-brasil )

Aí fica a grande diferença; enquanto os Estados Unidos está em 14° lugar na renda per capita o Brasil está no fim da lista com a 54ª posição. Nem estamos falando do Canadá, 9° colocado e da Austrália em 6ª colocação da distribuição de renda. Fica emblemática com essa diferença de que algo está sendo feito de errado na condução da economia e administração do Brasil quando vemos países com idades semelhantes estarem tão a nossa frente no desenvolvimento em geral. Então a grande dúvida é: O que está sendo feito de errado?
A resposta é simples e direta; Continuamos a ser um país colonial que não se desenvolveu pois tem uma política errada de desenvolvimento. Continuamos a nos comportar como a 5 0u 6 séculos atrás quando outros países vinham aqui para buscar açúcar, madeira, café, etc, etc.  Nós continuamos a investir na produção e exportação de produtos "in natura" esquecendo que o valor agregado a esses produtos iria ser multiplicado se antes de serem exportados fossem devidamente processados e transformados, agregando valor comercial e proporcionando a industrialização de primeira linha dessa produção. Como exemplo basta ver que países como a Bélgica, França e Suíça atualmente são os maiores produtores de chocolates no mundo, no entanto não possuem nem um único pé de cacau em seu território. Outro exemplo, países como a Alemanha e o próprio Estados Unidos são os maiores fabricantes de veículos, mas a matéria prima como o ferro-aço, borracha,  para essa produção não é deles.
Mapa dos países desenvolvidos
O que mais chama a atenção da disparidade entre os países é que alguns deles, pequenos e sem grandes recursos naturais como o Brasil estão anos luz a nossa frente. A Noruega, o Japão e a própria Suiça encabeçam essa lista com renda per capita ao redor de US$ 100.000,00 enquanto o Brasil patina com rendimentos anuais na casa de US$ 12.000, praticamente 10 vezes menos!
Dessa forma chega-se a conclusão de que estamos no caminho errado. Investir para alimentar o mundo é uma boa opção para o mundo, mas não para o Brasil. Isso interessa a grandes fazendeiros, pecuaristas e donos de terras. Continuamos dessa forma a ser um latifúndio. Enquanto exaurimos nossos recursos naturais para termos o status de "celeiro do mundo" outros países vão muito melhor, obrigado! Já passou da hora de o Brasil se firmar como transformador e não apenas uma grande fazenda com serventia de enriquecer outros mais espertos e ladinos..
O agronegócio pode sim ser uma das maiores fontes de riqueza do nosso país, mas contanto que não seja a atividade fim. Se ela tiver sua importância recolocada como atividade meio, a produtividade poderá aumentar e alavancar a transformação da qual o país tanto precisa para ser verdadeiramente desenvolvido.Não precisamos mais expandir nossas fronteiras agrícolas que tanto mal fazem ao meio ambiente. Precisamos sim de repensar de que forma estamos super utilizando o que nós já temos.

O desenvolvimento se produz com conhecimento e tecnologia de forma que a tal "saída pelo campo" propagandeada por sucessivos governos no Brasil, não nos torne um mero produtor de grãos para outras nações. A tão falada exportação das commodities já provou não ser tão eficaz e boa quando se alardeava a anos atrás. Melhor agregar valor a esses produtos vendendo-os já processados e manufaturados e com isso produzir empregos e muito mais riqueza no Brasil, seja ela comercial, intelectual ou tecnológica. Da forma como está o Brasil continuará a ser uma colônia onde outros vem aqui para plantar e colher e com isso continuaremos sendo indefinidamente um país em desenvolvimento. Ciência e tecnologia; se para países sem recursos como Japão, Noruega, Suíça e Estados Unidos  entre outros deu certo porque não haveria de dar certo por aqui. Basta deixar de ser um país colonial.


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