Quem nos representa?
Manifestações populares, passeatas, conflitos e confrontos diretos estão se tornando comuns nas nossas ruas e cidades. Após muito tempo de calmaria, as pessoas que vivem principalmente nas cidades ou localidades com maior concentração urbana estão novamente a despertar para as questões sociais que afetam a todos indiscriminadamente.
Nessas ocasiões, reclama-se de quase tudo: tarifas de transporte urbano, serviços de coleta de lixo, aumento do preço dos combustíveis, reajuste do IPTU, saúde pública precária, criminalidade que só aumenta, e principalmente de inúmeras denúncias de corrupção, desvios de verbas públicas e peculato.
A crescente inércia do estado em resolver as mais básicas necessidades públicas está refletida nas manifestações que se espalham pelo Brasil e pelo mundo. Não vamos ter a pretensão de que a incompetência gerencial do estado é prerrogativa brasileira.
O mundo todo sofre com a grave questão da falta de representatividade e no Brasil essa questão é ainda pior.
Temos Presidente e todos os Ministérios e Secretarias Federais, Senado Federal, Câmara dos Deputados, Governos Estaduais com Secretarias, Deputados Estaduais, Prefeituras, Secretarias Municipais e ainda os Vereadores. Para que serve tudo isso? Deveria ser para representar e defender os interesses comuns de todos os cidadãos, mas na prática não é isso que acontece. Vemos a leniência e preguiça de quase a totalidade de autoridades empossadas, juntamente com o Poder Judiciário, assistindo ao caos se estabelecendo e nenhuma ação concreta sendo tomada.
Afinal quem nos representa? Presidente? Senadores, Deputados, Vereadores? Digo tranquilamente que eles pouco ou nada tem feito pelo povo que os elegeu! A sequência de nomes conhecidos que se repetem no cenário político brasileiro é cansativa. Reeleições a perder de vista, culminando com absurdos de deputados há mais de 30 anos legislando sem efetividade ou então de ex-presidentes voltando a cargos legislativos! Você já viu algum ex-presidente norte-americano voltar a se deputado? Você já viu algum primeiro ministro inglês voltar para a Câmara dos Comuns? Não, isso só acontece no Brasil, onde quem não tem capacidade de administrar a máquina pública se perpetua em cargos eletivos motivados pela ignorância e cumplicidade de cidadãos eleitores desmotivados ou corrompidos. Sim, a maior culpa desses absurdos acontece pela incapacidade de escolha que temos dos nossos representantes.
Votar em fichas sujas conhecidos e notórios, legisladores que já tiveram a chance de mudar e nada fizeram, reeleger incompetentes e corruptos é responsabilidade nossa. A maior expressão política que existe na nossa democracia é o vereador. Isso ocorre porque a vida acontece de verdade nas cidades. Não é nas Assembleias Legislativas Estaduais nas capitais ou então no Congresso Nacional no planalto central. É nas cidades que aparecem as demandas mais importantes para o povo. Cada cidade tem suas necessidades específicas e para isso precisa de ações e leis locais eficientes. Nossos vereadores têm por obrigação representar as vontades comuns das cidades, mas infelizmente, na grande maioria, legislam juntamente com prefeitos com a finalidade de estarem encostados no poder e dele se alimentando. O verdadeiro poder emana do povo que elege seus representantes. Então quem de verdade nos representa?
Tem se visto um distanciamento cada vez maior entre o povo e os eleitos. Poucas vezes algum eleito fala a mesma linguagem de quem o elegeu. Precisamos politizar nossa população para diminuir esse abismo de ideias entre que governa e quem elege. Participar de todas as formas, seja comparecendo a sessões legislativas, participando de audiências públicas, cobrando ações em manifestações, redes sociais, enfim toda a forma de cobrança é válida para que quem deveria nos representar veja que algo está defasado na sua representatividade. Cidadãos conscientes, legisladores e governantes corretos em sintonia com as demandas da sociedade é tudo que queremos, é a chave do sucesso.
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