Baleia Jubarte |
Estamos saindo da estação mais fria
do ano na região sul do Brasil. Nessa época as águas do Oceano Atlântico Sul
estão com sua temperatura mais baixa o que provoca marés irregulares e
elevadas. A elevação e alteração no perfil e gabarito das marés também são
influenciados pelos ventos mais intensos nessa época, tudo motivado pelo
esfriamento e consequente aquecimento posterior das imensas massas de água que
banham a costa brasileira.
Essa alteração térmica das águas tem
um interessante efeito colateral que é o aparecimento de baleias perto da costa
e muitas vezes bem próximo a linha de arrebentação nas praias. Na região compreendida entre o estado do Rio
Grande do Sul até o sul da Bahia durante os meses de julho a novembro é
bastante comum avistar cetáceos (baleias) em baías e estuários. Baleias NÃO SÃO
peixes mas sim mamíferos sendo que os filhotes chegam a consumir
aproximadamente de 200 até 400 litros de leite por dia, conforme a espécie.
São quatro os tipos de cetáceos que
visitam a costa sul brasileira; as
baleias Franca (Eubalaena australis), a
baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae), a Baleia de Bryde (Balaenoptera
brydei) e finalmente a Baleia Minke (Balaenoptera acutorostrata). A Baleia Franca é avistada sempre mais na
região costeira sul do Brasil até o estado do Paraná. A Baleia Jubarte pode
ocorrer até o estado da Bahia. Essas duas primeiras fazem seus deslocamentos
vindas da Antártida com o objetivo principal de reprodução e crescimento dos
filhotes em águas com temperaturas mais amenas. Já as baleias de Bryde e Minke ocorrem em
águas mais próximas a linha do Equador podendo deslocar-se mais ao sul chegando
aos estados do sul do Brasil mas com menor intensidade.
Baleia Franca |
A Baleia Franca mais comum ao sul tem
aproximadamente 15 m de comprimento quando adultas e 4 m de comprimento dos
filhotes menores. O peso adulto pode variar de 50 a 80 toneladas com
expectativa de vida ao redor dos 70 anos. Alimenta-se basicamente de Krill (pequenos
camarões) e para identificá-la mais facilmente no oceano, ela não apresenta
nadadeira dorsal (nas costas). Também apresenta calosidades na cabeça como se
fossem verrugas o que permite a sua fácil identificação.
A Baleia Jubarte, tão famosa no
Arquipélago de Abrolhos na Bahia, tem aproximadamente 15m de comprimento adulta e também 4 m quando
filhote. Os espécimes adultos chegam a 30m toneladas com expectativa de vida ao
redor dos 50 anos. Também alimenta-se de Krill e para identificá-la possui uma
pequena nadadeira dorsal e grandes nadadeiras peitorais com comprimentos de 5 m
podendo chegar a metade do comprimento do corpo.
Baleia Minke |
A Baleia Minke, a menor das quatro,
tem aproximadamente 7 m de comprimento adulta e 2,5 m quanto filhote. Os
adultos pesam ao redor de 10 toneladas e vivem em torno de 45 anos.
Alimentam-se de peixes e plâncton e são identificadas por uma mancha branca na
parte superior das nadadeiras peitorais.
Por fim a Baleia de Bryde as mais
raras de serem avistadas no sul do Brasil, tem mais ou menos 15 m de comprimento
para as adultas e 3 m para os filhotes. Adultos pesam em torno de 16 toneladas
e vivem aproximadamente 60 anos. Sua alimentação consiste em peixes de
cardumes, plâncton e crustáceos em geral.
Diferente das anteriores que tem coloração mais acinzentada, a Bryde tem
com mais azul e possui 3 pequenas quilhas ou nadadeiras na parte posterior da
cabeça.
Baleia de Bryde |
As baleias foram intensamente caçadas
na costa brasileira a partir de 1602 data da expedição da primeira licença de
caça às baleias no Brasil e em especial na região sul brasileira onde o
comércio do óleo de baleia foi um importante produto de comércio com a
Europa. Eram abatidas aproximadamente 4
a 5 mil baleias por ano, principalmente fêmeas e filhotes. Claro que a matança
indiscriminada praticamente acabou com as baleias na região, e em 1786 as
capturas não chegaram a 1000 exemplares. Culminando que em 1819 foram mortas
apenas 59, visto que com a morte das fêmeas e filhotes a reprodução era quase
inexistente!
Baleia Jubarte fêmea em Itajuba 2012 |
Somente em 1923 o Brasil estabeleceu
uma lei de regulação de captura das baleias, mas isso também pouco foi
respeitado. Finalmente após décadas de pressão de ambientalistas e uma lei
internacional de proibição da pesca dos cetáceos em 1986 o Brasil passou a ser
oficialmente um país proibido para a captura de baleias. Atualmente poucos
países ainda matam baleias, entre eles o Japão e a Noruega.
A poucos dias apareceram baleias
Franca na costa de Barra Velha-SC tendo algumas sido avistadas bem perto das
praias e com intensa divulgação nas redes sociais. Nossa recomendação é que o
avistamento de baleias na forma embarcada seja feito sempre com muita segurança
e cautela, pois apesar de serem muito dóceis estes mamíferos tem grande peso e
envergadura, podendo causar acidentes em pequenas embarcações que se
aproximem. A aproximação natural das
baleias das nossas praias é motivada principalmente para que os filhotes e as
fêmeas possam descansar de sua longa viagem de mais de 5000 km desde a
Antártida. Atualmente as baleias são uma bela atração turística principalmente
na costa catarinense perto da região de Imbituba e Itapirubá mais ao sul do
estado.
A alguns dias mais um exemplar da espécie Jubarte apareceu na costa de Barra Velha.
Encalhou na Praia da península ao norte da cidade onde permaneceu por dois dias até que diversas tentativas de resgate mostraram-se infrutíferas em devolvê-la ao mar. Até um rebocador oceânico foi deslocado do Porto de Imbituba na tentativa de puxá-la para alto mar. Assim mesmo ela retornou a praia no final de 4 dias e acabou morrendo.
Ainda não se sabe a real causa do óbito do cetáceo fato que ainda está sendo investigado por biólogos. Sabe-se de antemão que ela estava muito debilitada e com movimentação limitada da nadadeira ventral direita fato que impedia a sua correta flutuação e respiração. Pesquisadores realizaram a necrópsia e o exemplar será preservado no Museu Oceanográfico na cidade de Balneário Piçarras.
Desmembramento da baleia na Praia da Península-Barra Velha-SC |
Vista da parte dianteira inferior invertida da Jubarte |
Realizando a inspeção das entranhas do cetáceo |
De qualquer forma ter baleias visitando a costa um bom sinal que as nossas águas oceânicas ainda preservam boa
qualidade e permanece a esperança de que assim continue. Longa vida às baleias.
Cauda de Baleia Jubarte |
Nenhum comentário:
Postar um comentário