Desde que existe sobre a face da Terra,
milênios atrás, o bicho homem criou alguns hábitos e costumes. Alimentar-se,
vestir-se, proteger-se, construir um abrigo para se proteger das intempéries
entre outros. Muitos indispensáveis a sua sobrevivência. Outros não tanto.
Outros costumes mesmo não indispensáveis ou até mesmo desnecessários e
perniciosos também foram fazendo parte da rotina diária do ser humano.
A tecnologia, o conhecimento e inovação,
criação e invenção de novos produtos e materiais de uso corriqueiro por melhor
que fossem as intenções iniciais acabaram por produzir subprodutos
indesejáveis. O uso e descarte de produtos gastos, feios, sem utilidade também
virou um hábito entre a humanidade. E agora? O que fazer com tudo isso que não queremos
mais, não nos serve ou apenas é sem utilidade? Vamos jogar tudo fora!
Sim jogar fora. Onde? Sei lá, na valeta do
outro lado da rua. No terreno abandonado logo ali na esquina. No lixo mesmo.
Mais fácil jogar dentro do rio, já que a água vai levar embora onde eu não vejo
mais né!! Quanta estupidez! Pesquisas mostram que qualquer pequeno pedaço de
lixo como um copinho plástico ou uma bituca de cigarro, leva poucos dias para
alcançar o mar. Sim, aquele papel de bala que o motorista (mautorista) arremessa
para fora do seu carro quando viaja ou passeia pela cidade onde mora logo
acabará dentro do oceano, levado pelas chuvas e ventos.
Nossos oceanos já se transformaram em uma
imensa lata de lixo que a cada dia fica mais cheia. O sintoma: Cada vez mais
lixo aparece na costa e orla marinha. Mas esse lixo não é o mais grave. As
pesquisas feitas pela ONG-Ocean Conservancy mostram que apenas 10 a 15 % do
lixo aparece nas praias. Todo o resto afunda e fica dentro do mar, poluindo e
destruindo irremediavelmente o ecossistema marinho que é muito frágil. De nada
adianta a nefasta ideia de “esconder” o lixo jogando ele dentro da água. Ele
vai continuar lá e de tempos em tempos o próprio oceano regurgita todo o lixo
humano de volta para a terra!
A poucos dias aconteceu mais uma ação
ambiental cidadã promovida pela organização autointitulada Boca House. É um
grupo de pessoas entre surfistas, ambientalistas e amigos que junto com a
comunidade interessada promoveu mais uma limpeza de praia. Nesta ação que aconteceu
na Praia da Península perto da foz do Rio Itapocu em Barra Velha, foi feito um
mutirão de limpeza da orla (praia e vegetação de restinga) com vistas a
quantificar e qualificar o lixo ali depositado. Pouco mais de 75 pessoas
participaram da ação num espaço de aproximadamente 300 metros de praia a partir
do molhe sul da foz do Rio Itapocu.
Durante um curto período (duas horas)
esses voluntários recolheram 25.787 itens de lixo em geral, com um volume de
aproximadamente 45 sacos de lixo de 100 litros somados a outros itens volumosos
avulsos.
Outros itens coletados como 2 televisores,
5 embalagens de óleo lubrificante, 25 resíduos hospitalares e de saúde, 2
baterias, 2 embalagens de agrotóxicos e muitas lâmpadas incandescentes também
foram alvo dessa coleta. O valor expressivo de itens recolhidos, mais de 25 mil
ficou a cargo de pequenos plásticos como tampas de garrafas descartáveis,
bitucas de cigarro (novamente elas), sapatos, chinelos, palitos de pirulitos,
garrafas PET, infindáveis pedaços de isopor e plásticos em geral. Triste é
mesmo saber que apenas uma pequena parcela desse lixo foi recolhida pois sob a
areia e dentro do mar a quantidade a ser retirada seria impossível.
Fica a pergunta: Limpamos a praia? Difícil
responder. Milhares de microplásticos lá ficaram. Então porque fazer esse tipo
de atitude? De forma a mobilizar e fazer uma mudança comportamental do ser
humano.
Fica claro que existem pessoas que estão
interessadas em viver em um mundo melhor, enquanto a maioria prefere viver
dentro do lixo mesmo! Outros posicionamentos também ficaram claros. A falta de
envolvimento e compromisso ambiental dos órgãos governamentais municipais bem
como a incapacidade da empresa concessionária da coleta de lixo em gerir o
passivo ambiental recolhido. Soubemos pelos próprios garis da empresa Recicle
(que nada recicla) que todo o lixo por nós recolhido e por eles transportado
iria terminar sendo depositado no aterro sanitário da cidade de Brusque. (isso
que todo lixo recolhido era reciclável e estava separado)
Nota 10 para a Associação Boca House e
seus participantes entre eles o Marcos, Paulo, Hermes (Gordo) Lino, Ezequiel e
tantos outros impossíveis de serem citados. Nota 10 para os voluntários
cidadãos que participaram nessa ação por um Oceano Sem Lixo, praia limpa e
cidade limpa! Nota 0 (zero) para a Fundema de Barra Velha que nem se dignou a
ajudar como apoiador e nem apareceu. (nota 10 para a Gabriela que apareceu como
voluntária) Nota 1 (um) para a Recicle que só transporta o lixo recebe muito
bem por isso e nada mais!
Continuaremos
sempre por um mundo com menos lixo. Faça a sua parte!
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