terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Plástico – Aliado ou Vilão ?


    
Lixo recolhido em duas horas numa faixa de praia de 50 metros-Itajuba-Barra Velha-SC
     Depende: Para a Natureza é vilão. E para o ser humano?
Difícil pergunta a ser respondida. Volto ao tema motivado por uma sequência de ações que estão acontecendo por todo o planeta, em relação ao agora tão discutido: Sua Senhoria, o Plástico!!

     A poucos dias, a União Europeia (U. E.) anunciou que até 2021 quer banir e proibir a fabricação e comércio de produtos descartáveis produzidos com plástico. Nesse leque de produtos estão copos, pratinhos, talheres, canudos e embalagens em geral. É realmente uma atitude corajosa que com certeza irá produzir grandes mudanças de hábitos dos cidadãos daquele continente. Segundo a U. E.  esses produtos não reutilizáveis correspondem a 80% de todo o lixo encontrado nas praias. Também segundo a U. E. os países do bloco europeu gastam aproximadamente EUR 260 milhões (euros) por ano em razão da poluição das praias.


     A ONG norte americana Ocean Conservancy, numa recente pesquisa, mostra que existe mais de 150 milhões de toneladas de plástico estão flutuando por todos os oceanos pelo mundo. Nessa conta não estão incluídas as outras centenas de milhares de toneladas de plástico que já afundaram e estão depositados no fundo dos oceanos. Assustador é mesmo descobrir que após alguns anos de pesquisas realizadas pela ONG WWF, foi constatado que 90 % das aves marinhas tem fragmentos de plástico no estômago. Esse plástico todo é ingerido pelas aves quando devoram peixes já contaminados com o plástico ou acabam ingerindo o plástico flutuante no instante em que atacam os peixes e ingerem pequenas partículas adjacentes.
     Três quartos de todo o lixo existente sobre o planeta é composto de plástico, seja ele marinho ou terrestre. Isso acontece pela absoluta falta de capacidade que o plástico apresenta em se decompor. Enquanto outros tipos de lixo são absorvidos ou dissolvidos naturalmente, o plástico somente diminui de tamanho, tornando-se muitas vezes quase invisível a olho nu. Resumindo: O plástico não desaparece. Ele apenas passa desapercebido.

Quantidade de lixo plástico encontrado dentro de uma tartaruga
     Alguns países começam a tomar atitudes pró-ativas na tentativa de reduzir esse gravíssimo problema. Nos Estados Unidos diversos estados já proíbem o uso de sacolas plásticas ou canudos descartáveis. Na China as sacolas plásticas também já estão com a sua distribuição gratuita proibida. No Chile as sacolas plásticas também foram proibidas, bem como em algumas províncias do Canadá como Quebec e Montreal. Na África, mas especificamente no Quênia e África do Sul, a legislação é ainda mais dura, onde a produção e comercialização  de sacolinhas plásticas prevê multas de até U$ 40.000,00 (dólares) e em muitos casos quem não respeita a legislação pode sofrer penas de prisão de até 10 anos.
     O Brasil ainda engatinha na questão de determinar legislações específicas para redução de lixo plástico descartável. Em 2007 até foi apresentado um Projeto de Lei-612-A, que determinava a proibição do uso de sacolas plásticas produzidas com derivados de petróleo. Mas lamentavelmente, por pressões movidas pelas indústrias o PL 612-A não vingou e até hoje continuamos a poluir de forma irremediável nossos rios, lagos e oceano. Dessa forma se vê claramente que se não houver um engajamento total das indústrias, governos e populações, a temática da poluição dos mares e oceanos será pauta sempre atual e recorrente.

Micro-lixo plástico na orla de Santa Catarina
     Que o plástico é um produto extremamente versátil e útil, ninguém tem dúvida. Basta ver que apenas nesta Coluna do Jornal Folha Parati, já foi tema em diversas vezes. O que não acontece é o uso da tecnologia já existente, para a substituição de descartáveis plásticos por outro tipo de material biodegradável. Só para se ter ideia, os nossos tão conhecidos canudinhos não são tão modernos e atuais. Existem registros que no Egito antigo e na Suméria, já existiam canudos para beber cerveja. Feitos de bambu ou mesmo de ouro, eram usados por nobres para evitar ingerir resíduos da cerveja que ficavam depositados no fundo dos copos.
     O que assusta mesmo é saber que o ser humano está consumido plástico de uma forma silenciosa e desapercebida. Animais como vacas, porcos, aves e outros acabam ingerindo pequenas partículas que são absorvidas pelos organismos desses animais. Na sequência o humano ingere a carne que já está contaminada por micro-partículas plásticas e também acaba sendo contaminado. Carne, peixe e até mesmo a água que bebemos já possuem contaminação por plásticos.

Baleia encontrada morta na Indonésia
     Centenas de produtos que vão de pratos a cotonetes, ou de canudinhos a garrafas de refrigerantes podem e já tiveram outros materiais na sua composição.  Cartuchos plásticos utilizados para embalar desde arroz e feijão a açúcar e farinha acabaram sendo incorporados ao cotidiano de tal forma que esquecemos que após o seu uso eles são sumariamente descartados no lixo. Muitos acabam terminando dentro dos rios e mares, finalmente sendo ingeridos ou se prendem a aves, peixes e até a baleias e tubarões. A grande quantidade de cetáceos de grande porte que morrem diagnosticados por anemia só aumenta nas nossas praias. O plástico após sua ingestão não é decomposto pelos sistemas digestivos desses animais e produz a sensação de enchimento do estômago. Com isso não procuram mais alimento e morrem de inanição.
     Cabe apenas ao ser humano quebrar essa perversa cadeia de maus hábitos. Faça a sua parte. Consuma com consciência. A natureza agradece e você terá com certeza uma vida mais sudável.



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