quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Pesquisas de Opinião - Você Acredita em Tudo ?



Há poucos dias o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),  divulgou os resultados de uma pesquisa sobre os estudos realizados sobre a violência contra a mulher no Brasil.
Essa pesquisa tem o título " Tolerância Social à Violência Contra as Mulheres". Foi realizada entre maio e junho de 2013 quando 3810 pessoas foram entrevistadas sobre o tema.

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1226&Itemid=68

O que chama atenção para o tema não é o tema em si, mas os índices divulgados inicialmente, e logo alguns dias depois o próprio instituto volta atrás e corrige seus números alegando uma suposta troca de gráficos que inverteu o resultado das pesquisas. Os índices apresentados tem uma variação de erro de 26 % -dados corretos segundo o IPEA, a 65 %-dados errôneos segundo o mesmo instituto.

Da mesma forma, nesta semana que passou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não divulgou suas mais recentes pesquisas sobre a inflação e a renda no Brasil. Segundo o IBGE a divulgação foi suspensa após serem constatados erros nas pesquisas na ordem de 6 a 17 % principalmente na avaliação da renda da população.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/160965-pesquisa-suspensa-abre-crise-no-ibge.shtml

Os detalhes dessa pesquisa nem foram divulgados por ela ter sido abortada por solicitações superiores.
Um detalhe que não passa desapercebido é que tanto o IPEA quanto o IBGE são instituições ligadas e subordinadas ao Governo Federal. O IPEA é uma fundação subordinada a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e o IBGE fica sob a tutela do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

O que fica bem claro nesse contexto é a subordinação de órgãos de pesquisa à Presidência da República, e também a interferência governamental na divulgação e nos índices apresentados pelas pesquisas solicitadas. Com a justificativa de requerimento de informações solicitadas pela Senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Armando Monteiro (PDT-PE) pesquisa do IBGE simplesmente extinta enquanto no caso do IPEA a própria Presidente Dilma Rousseff estranhou o elevado índice de tolerância a violência contra as mulheres, gerando comentários que acabaram por "modificar" os dados apresentados.
Nos dois casos paira a suspeição de manipulação de dados para a possível "maquiagem" no resultado final, que em ambos se apresenta desfavorável a imagem política e social do Brasil.
O fato em si de institutos de pesquisas estarem subordinados a chefia governamental já não é bom indicador de confiabilidade, visto que essa subordinação possivelmente tem vícios e interferências que possam ajudar ou prejudicar qualquer objetivo ou intenção de idoneidade e transparência.


Assim, deve-se tomar muito cuidado quando da interpretação de qualquer pesquisa divulgada por qualquer instituto que seja, pois todas elas são realizadas por amostragem simples, onde num universo de mais de 200 milhões de pessoas na Brasil, poucas são entrevistadas, com um índice quantitativo girando em torno de 2000 a 10000 pessoas pelo país. Isso é uma porcentagem de apenas 0,02 a 0,04% da população brasileira o que de forma nenhuma demonstra com veracidade a realidade do país, seja qual o tema da pesquisa realizada. É preocupante essa interferência do estado na manipulação de dados que seriam importantes para a população se fossem verdadeiramente confiáveis. Essa ingerência inoportuna também mostra que o próprio governo sabe que a realidade é muito pior do que é apresentado de forma maquiada para a população, que dessa forma acaba sendo induzida ao erro acreditando nas pesquisas.

Pouco se leva em conta também onde e qual o segmento populacional que é pesquisado. Dependendo da região do país, da cidade ou mesmo de um bairro ou rua, os dados são facilmente mudados ou alterados, bastando para isso as pessoas serem de classes sociais diferentes, opções políticas diversas, etnias e até religiões das mais variadas. Não importa qual o instituto que faz a pesquisa, pode ser o IBOPE, DATAFOLHA, IBGE, ou outro qualquer,contanto que apresentem resultados claros e confiáveis sem interferência de ninguém, o ideal seria que fossem particulares e completamente isentos, independente de quem os contrata.
De outra forma servem apenas para confundir e enganar uma população já tão desacreditada e que infelizmente ainda não aprendeu a pesquisar e buscar sozinha suas informações. Saber filtrar e escolher com cuidado tudo que é apresentado nas mídias é um bom começo para aprendermos o verdadeiro significado da palavra democracia.

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