Eventos climáticos
acontecem todos os dias em todo mundo, sejam de maior ou menor intensidade.
Ventos, chuvas, secas, calor, frio, enfim, isto acontece ciclicamente a milhões
de anos sobre o nosso planeta.
O ser humano não tem o poder de controlar o que a natureza
determina. A nós basta conviver da melhor forma sobrevivendo às diferentes
intensidades dos eventos que se sucedem. As mudanças climáticas e geológicas
estão intimamente ligadas e moldaram nosso planeta e nossa forma de viver muito
antes do ser humano está presente ao ecossistema.
Um dos elementos que mais nos afeta é a água. Seja para o
consumo, seja para o meio ambiente onde vivemos e moramos. Desde os primórdios,
o ser humano busca conforto quando necessita buscar um assentamento para viver
ou apenas parar quando em algum deslocamento. O principal conforto buscado é a
alimentação e consequentemente a busca pela água para aplacar a sede. Os povos
nômades que nos antecederam sempre buscavam refúgio à beira de rios e lagos,
onde pudessem descansar e se recompor após extensas jornadas.
Com o passar dos séculos o nomadismo diminuiu e grupos
humanos começaram a se agrupar em ajuntamentos que mais tarde se transformaram
em vilas e cidades. Com naturalidade esses ajuntamentos aconteceram perto de
rios e riachos que abasteciam a sua pequena população de água fresca para a
sobrevivência. Lentamente aí começaram
os problemas. A proximidade de grupos humanos às margens de rios também tem
problemas e um deles é quando o rio aumenta de volume motivado por outros
eventos. Normalmente credita-se a chuva a culpabilidade pelo aumento de volumes
de águas nos rios, mas este é apenas um dos fatores. Não esqueçamos a
construção de barragens e também a mudança de trajetória dos cursos d’água,
conhecidos como retificações.
As retificações de cursos d’água de seus leitos originais é
uma das maiores produtoras de alagamentos nos nossos meios urbanos. A natural expansão imobiliária executada sem
respeitar critérios da natureza acaba por invadir áreas de mangues e espraiados
(alargamento dos rios) onde até então o curso d’água seguia com tranquilidade,
seja em períodos normais seja em tempos de intensas chuvas. Outra motivadora de
alagamentos em áreas urbanas é a supressão de vegetação com a consequente
pavimentação e impermeabilização dos solos, principalmente na proximidade de
rios. A pouca drenagem por absorção é a principal motivadora de enchentes e
alagamentos.
Afinal você sabe qual a diferença entre enchente e
alagamento? E Enxurrada? Então vamos lá:
ENCHENTE: Enchente ou
cheias são a elevação de nível de água num curso d’água, atingindo o nível
máximo do curso, porém sem extravazar.
ALAGAMENTO: É um acúmulo temporário de água motivado pela deficiência
do sistema de drenagem do local em questão.
ENXURRADA: É o escoamento de
superfície do volume de água, com grande força produzindo correnteza, nem
sempre ocorrendo em limites do cursos dos rios, no caso de cidades, acontece em
ruas produzindo as tão conhecidas cenas que tanto vemos em reportagens.
Isso esclarecido, podemos concluir que o maior problema que
nossas cidades enfrentam é o alagamento. O alagamento é sem dúvida causada pela
ineficiência de drenagem dos eventos climáticos naturais, bem como da ineficiência
e má gestão da urbanização que se apresenta. A falta de cuidado com a projeção
de arquitetura urbana acaba por produzir mais danos do que soluções, quando o
desenvolvimento e verticalização não respeitam a natureza e geografia que os
antecedeu. Não é humanamente possível acreditar que invadindo áreas que até
então eram ocupadas por cursos d’água não sejamos atingidos por alagamentos.
As desastrosas consequências de
alagamentos e problemas por eles causados são motivadas pela impermeabilização
dos solos com edificações e seus naturais calçamentos de entorno. As
superfícies que até então estavam com coberturas naturais de matas, árvores e
substrato, acabam por serem substituídas por concreto, tijolos, pedras, telhas
e outros materiais que por sua impermeabilidade produzem um natural acúmulo e
subsequente transporte de água. A esse fenômeno chamamos de enxurrada, quando
as ruas e calçadas pavimentadas transformam-se em lagos e rios, alguns com
correnteza. Dessa forma o ser humano consegue transformar um cenário de
manifestação da natureza em desastre humano e ambiental. As chuvas tão
necessárias à vida e sobrevivência na forma de água para consumo e produção de
alimentos acabam por se transformar em transtorno, incômodo e indesejável.
Afinal então culpa de quem? Fica a reflexão aos amigos
leitores sobre como estamos tratando nosso planeta. Desrespeitar os princípios
da natureza não é sinal de sabedoria. O planeta e a natureza não se vingam,
querem apenas sobreviver.
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