Santa Catarina é um estado privilegiado pela sua
geografia e localização. Possui clima
subtropical úmido o que lhe garante índices médios de 1500 mm de precipitação
pluviométrica anual, e temperaturas que abrangem uma ampla escala agradando a
todos os gostos e necessidades.
O nosso estado possui também três tipos florestais diferentes
que respeitando as localizações, altitudes, relevo, clima e solo espalham-se
por toda área de 95.346 km². São elas: Floresta
Densa, Floresta de Araucária e Floresta
Decidual.
A Floresta Densa também conhecida por Floresta Subtropical ou
Floresta Ombrófila Densa está localizada entre a serra e o litoral. A Floresta
de Araucária também conhecida como Floresta Ombrófila Mista é encontrada na
serra e no planalto e finalmente a Floresta Decidual localizada mais na região
oeste do estado. Essa formação é a original antes da exploração exagerada
praticada durante a colonização e povoamento de Santa Catarina. Durante os
séculos XIX (19) e XX(20) a utilização e exploração sem critérios das nossas
florestas originais acabou com a grande porção das florestas naturais que
possuíamos até então.
Hoje a cobertura florestal original que até então ocupava
densamente 65% de todo território catarinense está reduzido a menos de 25% do
total original estando incluídas nessa conta as florestas reflorestadas. De
matas originais restaram pouco mais de 10% do que o estado possuía a 200 anos
atrás!
Duas perguntas ficam no ar quando se vê o que aconteceu e
continua acontecendo com nossas florestas: 1ª : Como aconteceu o
desflorestamento de nosso estado? 2ª Porque aconteceu esse desflorestamento?
As respostas podem ser pinçadas desde a época do descobrimento
do Brasil quando os primeiros navegadores aqui aportavam regularmente a partir
do ano 1504, ano do descobrimento da ilha de São Francisco do Sul. Mas o
verdadeiro saque às florestas e matas catarinenses aconteceu a partir de 1850
quando as primeiras ferrovias e estradas rudimentares ligaram o planalto
catarinense ao litoral. Canelas,
Imbuias, Araucárias, Cedros, Angicos, Caixetas, Gerivás, Ipês, Manacás,
Guarapuvus, Erva-Mate e mais de 160
outras espécies passaram a ser devastadas das florestas até então exuberantes e
repletas de todo tipo de vida.
A exploração comercial destinada à exportação deu-se pela
colonização europeia de modo a suprir a demanda naquele continente para todos
os fins, desde construções imobiliárias até como movelaria e combustível. Hoje o que mais se vê em território
catarinense são imensas áreas florestais reflorestadas com espécies exóticas
como o Pinus e o Eucalipto. Atualmente
existem 3.982 empresas situadas em Santa Catarina ligadas ao setor madeireiro e
elas consomem mais de 20 milhões de metros cúbicos de madeira anualmente. A
área ocupada por reflorestamentos comerciais é atualmente maior do que a área
de cobertura florestal original, sendo que esta continua a diminuir pela sua
exploração desordenada.
O inventário florestal florístico ( IFFSC) realizado em
parceria pela Epagri, FURB, UDESC , UFSC e FAPESC a partir do ano de 2007
levantou que existem ainda 328 espécies de flora nativa em Santa Catarina,
sendo que 121 tem uso madeireiro e 170 são usados como fonte de lenha. 87
servem para alimentação, 222 para uso medicinal e 32 tem funções ornamentais,
Muitas espécies tem mais de um uso o que é chamado de uso misto.
O que fazer para tentar reduzir o impacto do desflorestamento
sobre nosso estado? Em primeiro lugar precisamos fazer uma mudança
comportamental na qual temos que ter a consciência de que a natureza não está
aqui para ser para servir ao ser humano nas suas vontades. A natureza na sua
harmonia já existia antes mesmo do humano começar a se utilizar dela para alguns
fins reprováveis. Acreditar que a exploração dos recursos naturais é infinita
não passa de um delírio do homem moderno, que do alto de seu desconhecimento
sofre cada vez mais com as mudanças climáticas e ambientais. O desequilíbrio de
clima, precipitação pluviométrica, cobertura vegetal, extinção de espécies
animais e vegetais acaba por alterar de forma irremediável o meio ambiente no
qual vivemos.
A qualidade de vida não se mede pelo luxo obtido por uso
indiscriminado do que a natureza nos apresenta. A sabedoria que nos falta determina
a integração do ser humano com o ambiente que o rodeia permitindo o conforto
vivencial sem que precisemos degradas tudo ao nosso redor. Proteger e preservar
não é apenas status e modismo, é questão de sobrevivência!
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