quarta-feira, 1 de junho de 2016

Pesca Artesanal e Pesca Industrial – Entenda a Diferença


A pesca como atividade existe desde os primórdios da pré-história. Existem registros do ser humano pescando e coletando frutos dos mares, rios e lagos a milhares de anos. Os antigos egípcios praticavam a pesca, bem como os fenícios e os wikings e existem inúmeras citações na bíblia sobre pescadores e atividades pesqueiras praticadas de forma organizada.
A pesca sempre foi uma atividade praticada como forma de proporcionar alimento e também como atividade socializadora e comunitária, pois muitas vezes são necessárias diversas pessoas para conseguirem retirar o produto pescado do seu ambiente natural, seja pelo peso ou quantidade adquirida.
A pesca artesanal é caracterizada pela utilização de embarcações de pequeno porte como canoas e jangadas, muitas vezes familiar, e nas proximidades da costa ou às margens de rios e lagos. A pesca artesanal também pode ser praticada de forma desembarcada (sem barcos) onde está incluído nesse conceito a coleta de crustáceos (caranguejos, ostras, mexilhões). Esta modalidade pesqueira tem como característica principal a utilização de linhas, anzóis, armadilhas e também de redes de emalhe, cerco e arrasto de pequeno porte.

Basicamente a pesca artesanal é voltada a alimentação familiar ou a subsistência de pequenas comunidades tradicionais em locais já definidos e conhecidos com o passar dos anos. A pesca artesanal iniciou como forma dos povos antigos adquirirem proteína e sobrevivência passando a ser lentamente transformada como atividade comercial. No começo praticava-se o escambo, atividade comercial rústica onde se faz a troca de um produto pelo outro. Depois com o passar dos séculos a atividade pesqueira ampliou suas demandas e passou a ser fonte de renda para seus praticantes e finalmente com o crescimento populacional acabou perdendo suas características artesanais e transformou-se em grandes indústrias que hoje capturam milhares de toneladas de pescado.
No ano de 2015 foram capturados aproximadamente 1 milhão de toneladas de pescado. Apenas 10% desse total foi capturado na forma artesanal e subsistência, demonstrando uma brutal diferença entre a pesca artesanal e a pesca industrial. Evidenciando a falta de organização no setor, o país ainda precisa importar quase 15% do pescado que consome pois existe um problema de gestão no mercado pesqueiro brasileiro onde os chamados peixes nobres e seus derivados são destinados à exportação permitindo uma deficiência na oferta desse tipo de alimento para consumo interno.  Outra lacuna a ser preenchida é a pequena quantidade de pescado consumido pelo brasileiro em geral. Atualmente consome-se apenas 10,6 kg de peixe por ano por pessoa no Brasil. A média mundial gira em torno de 20 kg por pessoa e países com forte tradição pesqueira como Noruega e Portugal atingem 57 kg de peixe consumidos per capita.

O consumo de peixe é norteado por questões culturais e comerciais. Historicamente o Brasil não tem costume de consumir pescado, preferindo utilizar-se de proteína vinda de animais terrestres como o boi, o porco e a galinha.  A questão comercial também influi muito no hábito do consumo de peixe, sendo possível observar que na maioria das vezes os preços praticados nos pescados ofertados no país são superiores ao preço da carne terrestre. Esse processo é difícil de entender quando se sabe que a carne bovina, suína ou aviária tem custos muito superiores aos custos de produção de pescado, mas assim mesmo praticam preços inferiores. Em se tratando do Brasil com uma costa de mais de 8.500 km de extensão e com imensa variedade de pescado disponível ao longo dessa costa, e sabendo-se que o peixe capturado não tem custos de alimentação, vacinação, insumos em geral, fica ainda mais difícil entender o porquê dos preços praticados sobre o pescado no nosso país.
A  pesca é uma atividade renovável e de baixo custo propiciando uma alimentação de qualidade para todos que dela se utilizam. Respeitando se o manejo das espécies exploradas como as quantidades, locais e tamanhos capturados poderão ser proporcionados a todos integrantes desse ciclo de subsistência vantagens e oferta de qualidade de vida. O peixe é uma das mais saudáveis fontes de proteína existentes bem como de fácil oferta sendo é encontrado em todos os lugares no planeta. Utilizando esse recurso natural com planejamento, sabedoria e sem ganância certamente é uma das formas mais autossustentáveis de alimentação sobre o nosso planeta.


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