Desde os primórdios da humanidade o ser humano busca sua
sobrevivência e desenvolvimento. A sobrevivência depende essencialmente da
alimentação. O Desenvolvimento e evolução da sociedade como nós conhecemos hoje
iniciou quando o “bicho homem” substituiu sua forma de alimentação. Antigamente
os povos primitivos eram apenas coletores – ou seja, juntavam frutas, raízes,
conchas e eventualmente peixes e caça por onde passavam. Eram nômades, não
tinham residência fixa e ficavam perambulando pela terra.
Com o passar do tempo e gradual aumento dos grupos, ficava
cada vez mais difícil apenas recolher algum tipo de alimento pelos caminhos por
onde passavam. A quantidade de pessoas era maior e isso complicava muito a
questão da alimentação. Para suprir a necessidade de alimentos esses grupos
começaram a se fixar em lugares onde poderiam multiplicar alguns alimentos
nativos já existentes. Assim nasce a agricultura. Com o passar dos séculos a
quantidade de alimentos a serem produzidos aumenta cada vez mais e as áreas nativas
perdem espaço a cada ano.
Inicia-se então a produção em larga escala que hoje é chamada
agronegócio. Tudo muito bonito se houvesse boa convivência com a natureza. Os
pequeninos insetos que sempre existiram sobre a face da terra também precisavam
sobreviver. Da mesma forma as demais plantas e matos que foram arrancadas para
abrir espaço para as lavouras. Essa suposta invasão de insetos e ervas das mais
variadas sobre as plantações e áreas urbanas propiciou a invenção dos
defensivos agrícolas e herbicidas nas suas mais variadas formulações. Pronto;
estavam inventados os agrotóxicos!
Pode-se as vezes não perceber os danos que o uso
indiscriminado de produtos supostamente criados para melhorar a agricultura
possam causar. A problemática nisso é que todos esses chamados defensivos
agrícolas tem ação cumulativa sobre os organismos vivos. Tanto faz se for
planta, bicho ou ser humano, a gradual deposição dos resíduos com alta toxidade
ocorre de forma silenciosa e sorrateira e muitas vezes quando se percebe o envenenamento
dos alimentos, água e qualquer tipo de
matéria orgânica já aconteceu! As plantas expostas com grande intensidade a
venenos agrícolas morrem de forma seletiva conforme a formulação e quantidade
do agrotóxico aplicado, pois ele serve em pequenas dosagens para eliminar os
insetos e ervas em geral que são popularmente chamados de pragas de lavoura.
Com a natural expansão da dominação do homem sobre a
superfície da terra, aprendeu-se que os agrotóxicos antes somente utilizados no
campo e lavoura poderiam também ser utilizados em ambientes urbanos com o
objetivo de controlar a natural infestação de mato e capim em logradouros
públicos e vias urbanas. Assim nasceu a famigerada e já condenada Capina
Química. A capina química nada mais é do que a aplicação de mata-mato (produto
químico contra ervas daninhas) em substituição ao uso da tradicional enxada na
remoção das ervas que nascem onde o homem não quer. A facilidade e redução do esforço físico bem
como a rapidez de aplicação e resultado obtido permitiram o alastramento do uso
indiscriminado de venenos agrícolas.
Entretanto como já citado, esqueceu-se dos malefícios
provocados por estes pesticidas. Os resíduos sempre acabam em rios, lagos e
lagoas e finalmente terminam por contaminar o lençol freático onde está a água
para consumo humano! Segundo relatório
da ONU em 2016 morreram aproximadamente 200 mil pessoas no mundo em razão do
envenenamento por pesticidas. No Brasil não há estudos específicos, mas
estima-se que aproximadamente 500 mil novos casos de câncer surgem a cada ano
em decorrência dos efeitos do uso de pesticidas nas lavouras e centros urbanos.
Os agrotóxicos organoclorados e glifosatados são os mais comuns e mais
utilizados no Brasil e no mundo e comprovadamente são causadores de aparecimento
de câncer, Alzheimer, Parkinson, problemas hormonais, esterilidade, problemas de má formação
física, problemas hepáticos, problemas renais e complicações de crescimento.
No ano de 2002 foi aprovado no Congresso Nacional a Lei
6288/02 que proíbe a utilização de pesticidas e agrotóxicos em áreas urbanas.
Em agosto de 2015, Barra Velha aprovou a Lei Municipal nº 1469 proibindo a
“capina química” com uso de defensivos agrícolas e herbicidas. Lamentavelmente quase todos os dias
presenciamos moradores e empresas de jardinagem aplicando o veneno nas suas
calçadas e propriedades. O que realmente
é inaceitável é a utilização de produtos já proibidos no Brasil e no mundo e
que apesar da legislação vigente ainda são utilizados inclusive na nossa cidade
pela Administração Pública no controle das ervas daninhas. Pode-se flagrar à
luz do dia funcionários da Prefeitura transportando e aplicando agrotóxicos sem
nenhum equipamento ou roupa de proteção, apesar da Lei Municipal proibir a
utilização desses produtos.
Produtos aplicados pela prefeitura Municipal de Barra Velha para controle do mato em vias públicas |
Não basta que haja alguma lei ou proibição legal contra a
utilização de agrotóxicos. É necessário que toda a população se conscientize da
gravidade do problema exposto e de suas consequências. O Brasil é o maior
importador do mundo de agrotóxicos e em 2013 consumiu 1 bilhão de litros de
veneno agrícola com isso calcula-se que cada habitante consuma 5 litros de veneno por ano! Enquanto
as autoridades continuarem a dar o mau exemplo usando e obrigando funcionários
a usar agrotóxicos de forma irresponsável e contrária às leis vigentes
continuaremos sofrendo graves problemas de saúde e óbitos.
Faça a sua parte; NÃO USE AGROTÓXICOS E DENUNCIE O USO ILEGAL
EM ÁREA URBANA! Qualidade de vida é vida saudável!
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