Devastação no Bairro do Itinga |
Não é de hoje que o Brasil ganha
destaque quando se fala em ativismo ambiental.
Algumas vezes são ações positivas, mas na sua esmagadora maioria os
destaques negativos se sobrepõem multiplicadas vezes.
Exemplificando podemos tomar o
destaque negativo dado ao Brasil, quando a comitiva presidencial de nosso país
foi recebida pela alta cúpula diplomática e executiva da Noruega, país situado
ao sul da península escandinava. Até
então esse país, como diversos outros,
mantém uma política de incentivos e apoios financeiros ao cuidado
ambiental e a iniciativas que alavanquem a preservação de biomas e processos de
recuperação de áreas degradadas.
Nada mais surpreendente do que as
expressões de espanto de autoridades brasileiras, entre elas o Ministro do Meio
Ambiente Sarney Filho e o próprio Presidente da República Michel Temer, quando
a Primeira Ministra norueguesa Ema Solberg e o Ministro do Meio-Ambiente Vidar
Helgesen anunciaram sem nenhum rodeio o corte de mais de US$ 200 milhões de
dólares anuais que aquele país investe
em áreas de conservação (UCs) aqui no Brasil. Péssimo mesmo foi assistir à
lamentável tentativa de diminuir o impacto com declarações tipo: “ juro por Deus que estamos fazendo o
melhor pelo meio-ambiente no Brasil”. Ou então: “estamos adequando a legislação para cumprir nossos acordos ambientais!”
Vindo de políticos despreparados que
estão preocupados apenas com os aportes financeiros advindo de outros países,
pode se esperar qualquer tipo de mentira. O que falar então das mais de 60
multas aplicadas contra a empresa SAMARCO em Mariana-MG totalizando mais de R$
23 bilhões de reais, das quais apenas pouco mais de R$ 123 milhões estão sendo
pagas num prazo de 60 meses! O Rio Doce continua morto e as ações de
recuperação são inúteis e incipientes, prejudicando milhares de pessoas e o
meio ambiente permanecerá irrecuperável, como atentam ambientalistas e
pesquisadores.
Não precisamos ir muito longe quando
se detecta desrespeito ambiental e sublimação de leis e boas práticas de
conservação. Na nossa cidade de Barra Velha as práticas agressoras ao ambiente
onde vivemos acontece quase todos os dias, muitas vezes travestidos de “desenvolvimento” ou então na sua forma mais
vil e mentirosa como “geradora de emprego e renda”!
Supressão ilegal de reserva de mata |
Aterramento de rio e nascente |
Na semana passada recebi denúncia de
produtor rural na região do bairro do Itinga II onde, comprovei localmente com
as fotos que ilustram essa postagem, a devastação de área de Mata Atlântica ainda
virgem com o intuito de execução de empreendimento empresarial. As suspeitas
caem sobre um conhecido empresário da região que já tem histórico de maus
tratos ao meio ambiente, mas nesse caso existe o agravo, pois segundo a
denúncia recebida ele é assessorado por também conhecida empresa de
assessoramento ambiental da cidade de Barra Velha!
Tudo vexatório, criminoso e
reprovável se ainda não pudesse ficar pior: Barra Velha acaba de ser incluída e
contemplada num plano muito bem elaborado pela AMVALI (Associação dos Municípios do Vale do Itapocu) onde se
pretende executar a recuperação e manutenção das nascentes de água da região.
No caso em questão, o denunciante e o infrator, seu vizinho, possuem terras
abrangidas pelo plano de recuperação, com o simples objetivo de salvar as
nascentes e cursos d’água do município e região.
Desmatamento para construções irregulares |
O visível
desmatamento e consequente aterramento do curso d’água no local da denúncia é
criminoso, ainda mais quando se sabe que o riacho é um dos afluentes do Rio
Itinga que serve como fonte de abastecimento de água para o município. Fica a
pergunta se os órgãos ambientais não sabem do acontecimento, ou estão
omitindo-se de suas responsabilidades.
O projeto da Amvali no valor de R$
2,9 milhões foi assinado num Termo de Colaboração com o Ministério do Meio
Ambiente e terá a duração de 4 anos. A
simples objetivação desse plano nada mais é do que oferecer a todos os
moradores água de qualidade e em quantidade adequada. Na primeira etapa
acontecerá a mobilização de proprietários rurais que possuem imóveis em áreas
de nascentes e déficit de mata ciliar nestas e nos rios. A segunda etapa será
focada na elaboração, implementação e monitoramento da recuperação florestal
nos imóveis dos proprietários que assinaram o termo de compromisso. Na terceira
e última etapa a realização do Plano Regional de Pagamento por Serviços Ambientais.
De outra forma somos obrigados a
conviver diariamente com crimes ambientais praticados por todo tipo de pessoa,
onde mais uma vez toda uma população é penalizada pelo gravíssimo fato de leis
não serem cumpridas. Denúncias são encaminhadas a diversos segmentos como
órgãos ambientais municipais, estaduais e federais. As mesmas são apresentadas à Justiça e
Promotoria Pública, mas a inércia e inépcia associadas ao marasmo levam tudo
para a mesma vala do abandono e esquecimento. Já ouvi todo tipo de desculpas
para processos não se encaminharem. Nada mais é novidade após estarmos a 21
anos lutando pela preservação ambiental da nossa região. A coluna que escrevo
aqui no meu blog acaba sendo uma forma de desabafo após tanta injustiça e
iniquidade que presenciei ao longo dos anos. Ameaças então foram inúmeras!
Hoje lutamos pelo mais precioso bem
da natureza; a ÁGUA!!! Lamentavelmente poucas são as pessoas que se dão conta
de que ela, a água, já está faltando em muitos lugares e onde ainda existe
sofre agressões como essa que está acontecendo no bairro do Itinga II em Barra
Velha.
Aterramento de nascente de afluente do Rio Itinga |
Verdadeiramente preocupante está a
situação de oferta de água de qualidade para o consumo e pior ainda a situação
em que se encontra a problemática do tratamento de esgotos e efluentes no nosso
estado. Somos um dos estados com piores índices de cobertura desse serviço no
Brasil! Ficamos sempre entre ações
sustentáveis e protetoras do meio ambiente e desmandos e desatinos criminosos
praticados na calada da noite por pessoas sem escrúpulos que só estão a pensar
na sua renda pessoal sem nenhum benefício comum! De que lado você fica??
Estradinha aberta que dá acesso ao empreendimento irregular |
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