Tartaruga verde |
A exatos 2 anos escrevi aqui no meu blog o tema sobre a luta PINGUINS X REDES – Quem perde Nessa Parada? A resposta já sabemos.
Hoje volto ao tema, mas com o mesmo enfoque sobre a intensa
mortandade de tartarugas e outros animais marinhos que estão aparecendo nas
praias catarinenses. Não é de hoje que
manifesto minha indignação com o fato que de forma lamentável tem se tornado
rotina. Basta caminhar qualquer dia a qualquer hora que se encontram diversos
animais mortos nas areias das praias.
Até na semana passada ainda postei em redes sociais sobre o
que tem acontecido e a grande repercussão levou-me a reflexão sobre a motivação
dos acontecimentos. Entre as dezenas de manifestações favoráveis e de apoio,
apareceram uma ou duas fazendo críticas ao meu posicionamento inclusive com
ameaças, algumas veladas outras explícitas.
De antemão aviso que ameaças não me atingem nem afligem e apenas
demonstram a truculência e o desrespeito às leis vigentes no nosso país. O que
fica claro e concreto é que sim existem muitos profissionais da pesca que ainda
acreditam que burlando a legislação e praticando crimes ambientais estarão
levando alguma vantagem. Ledo engano; os maiores prejudicados no descumprimento
legal ambiental são exatamente os profissionais que se acham espertos e se
aproveitam da leniência e marasmo das autoridades ambientais.
Mais uma das inúmeras tartarugas encontradas mortas nas nossas praias. |
Tartaruga encontrada com pedaços de rede e chumbos presos nas nadadeiras |
Neste ano imensa quantidade de Tartarugas Verdes (Chelonia
mydas) e de Tartarugas Comuns ou Cabeçudas ( Caretta caretta) tem aparecido
mortas com ferimentos nas nadadeiras. Não é especulação é um fato que pode ser
comprovado e que já flagrei com registros fotográficos. Por que isso acontece?
Pela proximidade de redes de espera ancoradas ilegalmente a poucos metros da
arrebentação e da areia! Minha indignação multiplica-se quando flagro nos
espécimes mortos pedaços de rede com chumbadas ainda enrolados nas nadadeiras e
pescoços dos quelônios. Todos os
pescadores sabem da proibição de captura dessas espécies e dessa forma quando
acontece a malhada de alguma tartaruga, cortam rapidamente suas redes para
livrarem-se do flagrante crime ambiental que lhes pode render apreensão de todo
material, multas pecuniárias, restrição de direitos, restrição de liberdade
entre outras punições.
Mas a realidade diária é um pouco diferente. A incompetência
dos órgãos ambientais municipais, a morosidade e falta de vontade dos órgãos
estaduais e federal acabam por tornar as leis como letras mortas! A Portaria
1.522/1989 do IBAMA que trata especificamente dos animais marinhos em extinção
no Brasil deixa clara a proibição dessas espécies. A Lei Federal n° 9.605/1998
que versa sobre crimes ambientais deixa claríssimo e sem nenhuma dúvida do que
é proibido na morte e/ou captura de animais listados em situação de risco.
Sempre se ouve a desculpa de que a captura não é voluntária, chamada de captura
incidental, mas não se pode aceitar o rótulo de uma captura involuntária quando
se colocam redes ilegais em locais proibidos e não contemplados pela legislação!
Agindo contra a lei, assume-se voluntariamente o risco de cometimento de crime.
Toninha morta por ferimentos provocados por redes de pesca |
Golfinho vitimado por redes ilegais e criminosas |
Para fazer indesejada companhia às tartarugas vemos
golfinhos, botos e toninhas também perecendo ante a irresponsabilidade de alguns
que se autointitulam profissionais da
pesca. Vejo que diante da incompetência
de organismos legais e oficiais em lidarem com o problema quero deixar claro
que a quebra da cadeia alimentar da natureza produz danos irreversíveis. Quando
o único ser que destrói seu habitat de forma consciente é o humano, restam-nos
poucas alternativas de um futuro promissor. Fico a refletir que com tanta
tecnologia e tanto conhecimento adquirido ao longo dos séculos, o bicho homem
ainda não descobriu que ele NÃO É A PARTE MAIS IMPORTANTE DA NATUREZA!
Pouco se faz para proteger a todos os seres viventes. O foco
da humanidade desumana é e sempre foi a motivação financeira. Mata-se e
destrói-se tudo à volta em nome da esfarrapada desculpa de que precisamos
“sobreviver”! Sobreviver com dinheiro, à custa de um enorme débito da natureza
que já está operando a muito tempo no “cheque especial”! O rombo que por décadas ou séculos estamos
provocando possivelmente nunca mais terá saldo suficiente para recuperar essa
conta ambiental. Resumindo em poucas palavras: Matamos a tudo e a nós mesmos em
troca de alguns trocados!
Pobres tartarugas, golfinhos, botos, toninhas, pinguins,
peixes e crustáceos que diante da voracidade e estupidez humana pagam com suas
vidas inutilmente apenas para aplacar a sede humana por dinheiro. Quando nada
mais restar o que iremos fazer?
Dessa forma peço encarecidamente a todos que sejam mais
humanos e protejam o ambiente onde todos vivemos. É questão de auto-sobrevivência! É questão de
inteligência!
Nenhum comentário:
Postar um comentário