Cada dia que passa a população cresce. Somos hoje quase 8
bilhões de pessoas sobre a face da terra, e desses, bilhões todos,
aproximadamente 207 milhões vivem no Brasil.
O Brasil é um país com densidade populacional relativamente
baixa levando em consideração sua extensão territorial, mas apesar disso a
grande maioria dessa população vive em casas e edifícios nas cidades. Fora dos
grandes centros, as residências predominantes ainda são uni familiares e
localizadas longe dos confortos e luxos aos quais a população urbana tem
acesso. Essas mesmas casas ainda são
construídas na sua maioria de madeira ou argila. Materiais baratos e acessíveis
à população que vive nessas regiões remotas como Amazônia e sertão nordestino.
Destruição de morro com vegetação para extração de saibro |
Nas cidades a esmagadora maioria das residências é construída
de alvenaria,
tijolos, pedras e outros materiais nobres. Por falar nisso, você sabe o que
significa alvenaria? A palavra alvenaria vem derivada da palavra alvenel
= pedreiro, que tem sua origem na língua árabe. Alvenaria é a justaposição ou
junção de materiais toscos (pedras, tijolos, areia, etc) de forma a com elas
erguer paredes de forma estrutural.
Nas cidades ou regiões remotas o uso de materiais retirados
da natureza com o objetivo de urbanização ou construções nem sempre segue
metodologias ou materiais adequados, seja na sua composição seja na quantidade
ou qualidade. Todos os materiais
utilizados na construção civil são retirados na sua forma bruta da natureza. As
madeiras para caixarias, tábuas para paredes, areia, cimento, calcário, barro
para tijolos. Com o recente advento e incremento cada vez maior por casas e
moradias, o meio ambiente acaba sendo a primeira vítima das construções e
edificações civis.
Aterramento de nascente com entulho da construção civil |
Com exceção de algumas madeiras com origem certificada de
reflorestamentos, a matéria prima utilizada nas construções sempre agride de
alguma forma o equilíbrio ecológico. Pedras retiradas de pedreiras, cavas de
areia retiradas dos rios, árvores cortadas para tábuas, portas e janelas, ferro ou alumínio estrutural ou em
esquadrias, cimento, água, enfim tudo que temos nas nossas casas foi suprimido
da natureza de forma irremediável.
Encontrar um equilíbrio entre o uso correto e a não degradação do
ambiente que nos rodeia é muito importante. Não desperdiçar, buscar
alternativas sustentáveis, reutilizar reciclando materiais considerados
inservíveis é um bom caminho.
Extração desordenada de areia dos rios |
A tecnologia e a reutilização de materiais aplicados na
construção civil também são bons caminhos para seguir de forma que não
esgotemos as fontes de matéria prima. Hoje é muito raro encontrar alguns tipos
de madeiras nobres que antes eram utilizadas nas estruturas de telhados e
esquadrias. Madeiras como imbuia,
jacarandá, ipê, itaúba estão praticamente extintas pelo seu uso indiscriminado
seja em móveis ou imóveis. As antigas técnicas de executar caixarias de
madeira-estruturas que serão preenchidas com concreto-lentamente está
sendo substituída por formas de metal reutilizáveis indefinidamente.
Um dos principais vilões no uso de matérias primas retiradas
da natureza ainda é o desperdício e a falta de técnicas adequadas na execução
de obras da construção civil. Cada prego, cada metro cúbico de areia
desperdiçado, cada tijolo quebrado é custo ambiental e financeiro na execução
de casas e prédios de apartamentos. O que ande engatinha no nosso país é a
utilização de matéria prima reciclada nesses processos construtivos. É enorme a
quantidade de entulho “inservível” resultante dos restos da construção civil
que são depositados de forma irresponsável em terrenos abandonados, margens de
rios e lagos e até em nascentes de cursos d’água. Maus exemplos como esses são
facilmente observados na nossa cidade em todos os bairros.
Dessa forma a tão almejada construção pode tornar-se uma
grande dor de cabeça. A legislação, tão deixada de lado, é bem clara com
relação ao depósito de resíduos sólidos sem o devido cuidado e tratamento. Todo
o processo legal sobre o tema está contemplado na PNRS (Política Nacional de
Resíduos Sólidos) Lei Federal n° 12.305, onde as responsabilidades, penalidades
e metodologias estão perfeitamente explicadas para que sejam cumpridas. Basta
de achar que a responsabilidade de um construtor termina na entrega da obra. O
poder público também se exime ou é leniente
quanto ao cumprimento das legislações ambientais no que tange a
construção civil e suas obrigações pós-construção. Não basta haver algum rigor
na permissão e expedição de licenças ambientais permissivas às construções. É
necessário um rigor ainda mais contundente com os resíduos e descartes
provenientes dos empreendimentos imobiliários construtivos.
Nosso país carece de moradias para o segmento populacional
menos afortunado. Não seria essa a hora já tardiamente de que a legislação
fosse aplicada e cumprida de forma a que todos possam ser beneficiados. A
reciclagem e reutilização de materiais até então considerados “entulho” já é
realidade em muitos países. Precisamos fazer o certo. Para o bem de todos.
Entulho de construção despejado a margem de um rio |
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