E que atire a primeira pedra quem
nunca utilizou uma sacolinha plástica, dessas de supermercado...
A nossa vida moderna vai
sobrepondo-se a algumas formas tradicionais de viver tão silenciosamente que
nem notamos as mudanças. Quem ainda se lembra das tradicionais sacolas de papel
ou papelão escuro que todos os mercados e vendinhas das esquinas utilizavam
para embalar os produtos comprados à granel nesses comércios. Recuando ainda mais no tempo, onde todos levavam
para suas compras as já esquecidas e tradicionais sacolas de feira, sim, aquelas confeccionadas
em lona ou pano, que serviam para tudo, desde as frutas e verduras ao feijão e
arroz.
A praticidade substituiu a tradição e
a modernidade e facilidade acabaram por atropelar o bom senso. Inventou-se algo
tão útil que dura para sempre! Nesse
processo tão rápido entrou como um raio o
plástico! Sim, o plástico é uma novidade bem recente pois apenas no ano de
1907 foi criado o tão famoso e já ultrapassado tipo de plástico totalmente
sintético, o bakelite (aquele
plástico preto e resistente ao fogo usado para fabricar cabos de panelas). Depois dele a revolução industrial criou o poliéster (1932), o PVC (1933), o náilon (1938), o poliuretano
(1939), o Teflon (1941) e o Silicone (1943).
Como diz a música de Chico Buarque: ... “ você
que inventou o pecado, faça o favor
de desinventar”... Sim, porque a invenção do plástico (praticamente eterno)
que serviria para substituir muitos outros materiais, acabou de produzir um
gravíssimo problema: Ele é praticamente
eterno! Estima-se por suposições que na média, os diversos tipos de plásticos
levem de 100 a 500 anos para se decomporem. Mas atenção: Decompor não significa
desaparecer. Decompor significa apenas que ele vai se degradando em pedaços
cada vez menores até que não consigamos mais enxergá-los. Pronto: Está criado o
agora tão famoso e propagado o MICROPLÁSTICO-O LIXO “INVISÍVEL. Por ter pouco
mais de um século de existência, não é possível afirmar de forma convincente
que o plástico vai simplesmente “sumir” quando descartado! Até hoje o que está
provado é sua durabilidade quase infinita.
Sacolas plásticas, copos plásticos,
canudinhos plásticos, roupas sintéticas, eletrodomésticos, eletroeletrônicos,
móveis, peças, carros, aviões, tudo feito dessa maravilha chamada plástico.
Muito bom pela versatilidade, mas péssimo para uma destinação final após ser
considerado inservível. Os lixões e
aterros sanitários estão saturados desses materiais como sacolas, copos e
canudos! Somente no Brasil, são consumidos diariamente aproximadamente 720
milhões de copos plásticos descartáveis. Nos Estados Unidos cerca de 500
milhões de canudos plásticos são utilizados todos os dias, o que daria para dar
a volta 2 vezes e meia na terra, se fossem enfileirados. Mais de 1 bilhão de pratinhos descartáveis
são produzidos diariamente em todo o mundo.
A reciclagem nessa área é incipiente e ineficaz, seja pelo tipo de
material usado na fabricação não ser reciclável, ou seja, pelo alto custo ou
mesmo pela falta de vontade e políticas públicas severas sobre o tema.
A higiene e facilidade no uso desses
materiais plásticos descartáveis esconde um lado perverso e pouco divulgado. É
provada que a quantidade de água consumida na fabricação desses elementos
descartáveis é 10 vezes superior a quantidade de água utilizada para a higiene
e lavação desses mesmos utensílios se feitos de materiais reaproveitáveis e
duráveis. A preguiça oculta no uso dos famosos descartáveis esconde um problema
global, que a cada dia torna-se mais difícil de esconder dos olhos. O crime
produzido no descarte indiscriminado de materiais estranhos à natureza, está a
destruir a própria natureza. Hoje basta visitar qualquer praia paradisíaca, a
montanha mais alta do mundo, qualquer rio ou lagoa, fundo do mar, floresta,
etc, que com certeza você vai encontrar algum tipo de lixo plástico ali.
Estamos esquecendo que não existe
como descartar o lixo que produzimos de forma completamente adequada. Ele vai
ficar sobre o planeta seja lá onde ele for “jogado fora”. Diversos países no
mundo estão tomando já tardiamente, medidas ambientais corretas no sentido de
proibição ou pelo menos a diminuição no uso de embalagens e utensílios
descartáveis. Outra medida seria a
fabricação desses utensílios utilizando materiais orgânicos como a
cana-de-açúcar, casca de milho, palha de arroz, e até a coroa do abacaxi, que
já está sendo testado para a fabricação de pratos e copos descartáveis.
Os benefícios , praticidade e
durabilidade que os plásticos nos oferecem são inegáveis, e hoje não é mais
possível ver uma sociedade sem plásticos. Mas devemos deixar bem claro que os
problemas e malefícios nunca pode ser maiores do que as benfeitorias. Mudar
atitudes agora é imperativo, antes que seja tarde!
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