E de repente, mais uma baleia aparece nas nossas praias. Em
poucos dias três espécimes de cetáceos encalharam na nossa orla. Tudo leva a
pensarmos do motivo que levou em tão pouco tempo esses acidentes que vitimaram
esses belos animais a se aproximarem tão perto ou por que elas, as baleias
depois de anos sem “darem as caras” por aqui, agora viraram quase habituais.
Muitas espécies de animais sejam mamíferos como focas, lobos
marinhos, golfinhos, baleias entre outros e também centenas de espécies de aves
migram entre continentes e oceanos. Muitas espécies de peixes tartarugas entre
outras espécies também migram. Mesmo grandes mamíferos terrestres como
elefantes, girafas, ursos e outras demais espécies também migram em longos
deslocamentos. Para estes hoje em dia existe a limitação imposta pelo
crescimento populacional urbano e ocupação humana de áreas antes livres e
acessíveis a estes animais.
Fica sempre a grande curiosidade do por que esse fenômeno tão
interessante ocorre. Primeiramente não podemos nos esquecer de que o ser humano
desde os primórdios tempos também migrava em deslocamentos pela terra. A
primeira grande questão que foi descoberta sobre os deslocamentos migratórios
refere-se a alimentação. Em regiões muito frias é normal haver uma gradual
redução na oferta alimentar para qualquer ser vivo. A segunda grande questão é
a indispensável questão reprodutiva onde já é sabido que com temperaturas mais
agradáveis a reprodução das espécies se dá de forma mais natural.
A palavra Migração
vem do Latim onde o termo “ migro “ significa “ ir de
um lugar para outro”. Não confundir com Emigração que significa saída de um país para outro ou então com Imigração que significa a entrada em
um outro país. A Migração é a
movimentação de vai e vem contínua sem que os indivíduos fixem local de
permanência definitivos.
As atuais migrações são praticamente restritas a animais que
vivem nas águas ou então aves. Essa característica peculiar acontece, pois não existem
muitas interferências e obstáculos ao deslocamento como seria por via
terrestre. Simplificando: Para as aves basta alçar voo e escolher um bom lugar
para continuar seu ciclo de vida. Da mesma forma para qualquer peixe ou animal
marinho basta nadar até alcançar seu local escolhido. O que intriga a todos os
pesquisadores e cientistas são os locais escolhidos e as rotas tomadas para
esses animais atingirem seus objetivos. Por que determinadas regiões ou locais
bem específicos acabam por serem eleitos como ideais para a migração? Muitas
vezes altas montanhas, lagos salgados e até desertos são escolhidos para a
migração. É claro que na maioria das vezes, florestas, campos, ou no caso de
peixes e assemelhados a migração ocorre sempre em busca de locais mais
acolhedores com farta alimentação disponível e climatologicamente favoráveis.
Nossa localização geográfica no planeta, ao sul do continente
Americano é rota obrigatória de inúmeras espécies que nos visitam ou apenas
estão de passagem. Dia desses ouvi aqui mesmo em Barra Velha ruídos vindos de
cima e qual não foi a minha surpresa de ver uma imensa revoada de flamingos
cruzando nosso céu em direção ao sul. Nem precisamos citar nossa tão conhecida
tainha que todos os anos nos brindam com sua visita. O mesmo ocorre com os
camarões, sardinhas e demais peixes que durante sua passagem perto de nossas
praias acabam sendo capturados em grandes quantidades. No caso desses e muitos
outros, o seu deslocamento é motivado para a desova de forma a perpetuar as
espécies. Isso torna tão importante o respeito ao período de defeso de pesca
que é primordial para proteger essas espécies comerciais de sua extinção.
Outras espécies que atualmente encontram-se protegidas de
captura como as tartarugas, tubarões, golfinhos, orcas e baleias também
perpetuam seu ciclo migratório todos os anos e nos brindam com belas imagens
quando podemos avistá-las. Claro que algumas vezes a aproximação em demasia
proporciona o encalhe e possivelmente o óbito de alguns espécimes. Outras vezes
esta aproximação se dá porque o animal está muito debilitado ou doente. Algumas
vezes o animal acaba desorientado e levado pelas correntes marinhas também pode
ficar preso a bancos de areia ou praias rasas.
A correta observação dos hábitos e ciclo de vida das mais
diferentes espécies migratórias é importante para que possamos entender esse
fenômeno e interferir o mínimo possível. Que fique bem claro que as alterações
ambientais sempre existiram por motivações naturais, mas cada vez mais nota-se
a interferência danosa do ser humano no ciclo reprodutivo e de vida de outras
espécies. O frágil equilíbrio da cadeia alimentar existente na natureza está
sendo drasticamente alterado quando buscamos de forma desenfreada e
irresponsável interferir nesse ciclo. A busca sem critérios por proteína animal
selvagem na alimentação de milhões de pessoas vem lentamente desequilibrando a
balança da sustentabilidade do ecossistema.
Os acidentes de percurso como os recentes encalhes de
cetáceos nas nossas praias tem levado cientistas a tentar descobrir a real
causa desses fenômenos. Uns defendem a tese das alterações na direção das
correntes marinhas. Outros defendem que a aproximação de animais de grande
porte se dá pela diminuição de oferta de alimento nos oceanos. Outros tantos
afirmam que questões climáticas como aquecimento ou esfriamento das águas
motivam os incidentes recentes. A busca por respostas está longe de acabar, mas
de uma cois podemos ter certeza: Devemos interferir o mínimo possível na
natureza e no ecossistema natural! Quando mais intensas e recorrentes nossas
interferências, mais graves e danosos serão os resultados apresentados.
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